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quarta-feira, 28 de abril de 2010

A riqueza de Brasília e a pobreza de seus quadros políticos

De acordo com dados do IBGE, a renda de cada brasiliense está estimada acima de R$ 40 mil por ano. É a maior renda per capita do Brasil, quase o dobro da renda de São Paulo, bem mais que o dobro da renda do Rio Grande do Sul, mais que 3 vezes a renda do estado de Minas Gerais, sem falar na renda de estados do nordeste, que têm em média algo em torno de R$ 6 mil reais. Em comparações internacionais, de acordo com dados do FMI, o Distrito Federal tem renda per capita equivalente à renda da Arábia Saudita (US$ 23 mil com câmbio R$/U$ 1,75) 38 no ranking, bem acima da situação do Brasil em 75 lugar com U$ 10 mil.
Com tão alto nível de renda não se pode acusar a miséria, nem a pobreza pela falta de quadros políticos na capital do Brasil. As maiores lideranças do Distrito Federal estão em torno ou foram geradas sobre a liderança do ex-governador Joaquim Roriz. O ex-governador Arruda era cria dele, o atual governador é cria de Roriz. Desde a Constituição de 1988 até a renuncia de José Roberto Arruda, Brasília teve 7 governadores, Joaquim Roriz 3 vezes, Wanderley Valim , Maria de Lourdes Abadia, Arruda e Cristovam Buarque. O único destes que não estava diretamente ligado ao ex-governador foi o do atual senador Cristovam.
Aproximamo-nos das eleições de outubro e qual é o nome que está na frente da corrida eleitoral para o DF? Joaquim Roriz. Existe um grande número de denúncia contra ele, e mesmo em nosso Distrito Federal, machucado pelas imagens do escândalo de corrupção do mensalão do Arruda, todas gravadas na época em que o ex-governador estava no comando do GDF, nada parece abalar sua popularidade nesta cidade.
Em Brasília ouve-se acusação de que os mais humildes que não pensa no seu futuro mais longínquo, que troca votos por panetones, ovos de páscoa, promessas de lote ou afagos sertanejos, são responsáveis por esta popularidade. Mas isto é difícil de se aceitar em uma cidade que tem a maior renda per capita do Brasil. É possível sim que a pobreza e a falta de informação e educação formal de parcela da população brasileira ajudem a explicar o domínio da política Brasiliense nos últimos 12 anos por uma só pessoa. MAS NÃO PODE SER SÓ ISTO. Temos mais de 20 partidos, temos uma sociedade consciente, esclarecida, com a maior renda per capita do país. Nem o maior partido de oposição local, que apresentou candidatos a todas as eleições teve chance de mudar esta realidade, a não ser com Cristovam Buarque. Cadê os nossos quadros políticos. Cadê esta população que não se apresenta para oferecer alternativas viáveis e melhores para administrar e representar o Distrito Federal
Eu me pergunto: será que o Roriz é tão bom assim? Ou somos nós cidadãos conscientes que não participamos no processo político de nossa cidade? Somos nós da classe média que não apresentamos alternativas para Brasília? Estamos sempre nos contentando com o alargamento da L4, da EPTG, da estrada que leva ao aeroporto e Park Way e tantas outras obras que facilitam nossos automóveis de luxo percorrer as distâncias em menor tempo possível. Quantos elogios nós fizemos de que este ou aquele era um ótimo governador porque porque construiu viadutos, alargou estradas ,ou coisas do gênero. Qual de nós da classe média se perguntou se o dinheiro usado na educação estava sendo corretamente usado para formar cidadãos, para tirar as crianças da rua e dar a elas condições de serem produtivos e integrados socialmente, preparados para construir não só uma grande cidade, como para ajudar a construir uma grande nação? Qual de nós se reuniu em rodas de amigos para discutir a situação da saúde pública de Brasília? De seus hospitais públicos, do atendimento ambulatorial, das emergências médicas? Qual de nós cobrou dos representantes políticos sobre campanhas de saúde educativa e preventiva? Quem são nossos deputados federais? Aos distritais conhecemos todos, que com raríssimas exceções, foram citados em algum escândalo. Vamos reelegê-los?
Qual de vocês que esta lendo este blog agora já foi à Nova Iorque, Londres, Roma. Você percebeu que o transporte é público? Que juízes, altos funcionários de organismos internacionais, estudantes, professores, advogados, todos usam transporte público. Você já tentou dirigir em Manhattan? Será que o prefeito de lá vai alargar as pistas para dar passagem aos carrões, ou ele prefere investir em transportes públicos de boa qualidade? Parou para ver se os países desenvolvidos têm boa educação pública?
Pois é, com a maior renda per capita do Brasil, quase duas vezes a renda per capita de São Paulo, nós nos deparamos de novo com os mesmos candidatos e a possibilidade de eleger Joaquim Roriz pela quarta vez em 12 anos. E nós da classe média brasiliense continuamos olhando para o nosso umbigo. Educação pública, saúde pública, transporte público, lisura de seus representantes, tudo isto pode esperar, desde que as estradas sejam largas para não ficarmos presos em engarrafamentos. Para frente Brasília!

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