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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

28/06/2010

Ary Ribeiro é jornalista e escreve toda segunda-feira neste blog


CONFUSÃO NO VESTIÁRIO


Em tempos de Copa, linguagem de Copa. Em comentário anterior, disse que, com o início da Copa do Mundo, encerrava-se o primeiro tempo da campanha ou pré-campanha eleitoral. E com empate: 37% para Serra, 37% para Dilma. No vestiário os dois times avaliariam erros e acertos e traçariam as estratégias para voltar ao campo e ganhar o jogo.

Nesse meio tempo, cresceu a torcida da Dilma e o barulho das vuvuzelas lulistas/petistas fez encolher a tucana. Na geral e nas cadeiras numeradas – e até entre as mulheres – a candidata oficial está levando vantagem de 40% contra 35%, segundo a mais recente pesquisa do IBOPE.

Enquanto isso, no vestiário tucano estabeleceu-se a confusão. Sem ouvir todo o time, resolveram escalar o senador tucano Álvaro Dias para vice na chapa de Serra, ficando, assim, tudo em casa: uma chapa puro sangue. A justificação é de que isso faria o irmão de Álvaro, o também senador Osmar Dias, do PDT, a desistir de candidatar-se ao governo do Estado – com o que propiciaria palanque no Estado à candidata Dilma – e a alinhar-se ao PSDB.

O problema é que a escalação de Álvaro, acertada apenas entre os “cartolas” tucanos, vazou pelo twitter de um aliado de última hora – Roberto Jefferson, presidente do PTB – e o aliado tradicional, o DEM, se sentiu na incômoda posição de marido traído: o último a saber. Não gostou e estrilou. Serra agora se desdobra e exercer todo seu poder de liderança para aplacar os ânimos e acertar o time para o segundo tempo.

Pode ainda o time tucano sair vencedor? Pode. O jogo mesmo, para valer, começará quando os dois principais candidatos – Serra e Dilma – aparecerem nos programas diários de campanha eleitoral e sobretudo quando se defrontarem em debates promovidos por emissoras de televisão. Aí o eleitorado poderá fazer comparações e avaliações e verá que Serra é que está muito mais preparado para conduzir os destinos do País.

Agora, o time de Serra não pode menosprezar o juiz, que não é imparcial e está decidido a fazer de tudo para Dilma ganhar. E nessa Copa já se viu como um juiz pode prejudicar um time. Um não registrou gol feito pela Inglaterra (a bola entrou quase meio metro e voltou) contra a Alemanha; outro validou um gol do argentino Tevez, em escandaloso impedimento, contra o México.


HONDURAS

O governo não desiste de tentar interferir em assuntos internos de Honduras, contrariando princípio tradicional da política externa brasileira: o da não intervenção. Não bastou dar guarida, na Embaixada, ao presidente deposto Zelaya – deposto de conformidade com as normas constitucionais do seu país – permitindo-lhe fazer dali seu QG para tentar a volta ao poder. Agora, estabelece o retorno de Zelaya ao país como condição para reconhecer o novo governo, legitimamente eleito. E num momento em que o presidente eleito denuncia estar havendo conspiração para derrubá-lo. Enfim, o Itamaraty toma posição numa luta entre facções políticas de outro país.


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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um pouco de poesia de Uccello

Brasilia 50 anos

do Blog de Alessandro Uccello

Pessoa de Brasilia

Deito meus 50 anos de vida
sobre os 50 anos de Brasilia
Abro meus braços
e os encaixo sobre as asas
Minhas mãos seguram as quadras
onde morei por toda minha vida
Meus cabelos são tortos
feito as arvores do cerrado
Meu olhos são secos
como os meses sem "r"
Minha pele é resistente
qual a grama que renasce
Meus pensamentos são fluidos
como as águas do Paranoa
Minha imaginação se perde
nos infinitos horizontes
dessa cidade que amo

Depois desses 50 anos juntos
o eixão corre em minhas veias
como o Tejo corre em Portugal
Mas o Tejo não é mais belo
que o eixo que corre em minha cidade
Porque o Tejo não é o eixo
que corre em minha cidade
Uma cidade que não tem rio
para completar a minha poesia
mas completa-me como Pessoa


Alessandro

terça-feira, 22 de junho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

21/06/2010


MORALIZAÇÃO NA VIDA PÚBLICA

Como vinha antevendo, neste Blog, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu de forma acertada mais um ponto importante da Lei da Ficha Limpa, descartando a interpretação puramente gramatical que alguns pretendiam dar ao tempo verbal.

Eu dizia que a expressão “forem” (condenados), em substituição ao “tenham sido”, não alterara a essência da lei. Era condição e, portanto, atemporal. O Tribunal entendeu que ela se refere à situação do candidato, o que é mais ou menos a mesma coisa. E afastou também a alegação de que a lei não poderia retroagir. Ela não está retroagindo nem impondo condenação a ninguém, apenas acrescentando, aos já existentes, mais alguns requisitos para a elegibilidade. De parabéns o Tribunal: foi ao encontro da aspiração da sociedade pela moralização na vida pública.


PRESIDENTE CANDIDATO

Por falar em TSE, ele talvez devesse estar mais atento à crescente desenvoltura com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da campanha eleitoral. Nem se preocupou de, em público, na frente da candidata, dizer que o candidato é ele. Na recente Convenção Nacional do PT, declarou que pela primeira vez seu nome não estará na cédula. “Vai ficar um vazio na cédula e para que esse vazio seja preenchido eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula", afirmou.

Então, temos o presidente da República declaradamente disputando um terceiro mandato por interposta pessoa, sem ter-se desincompatibilizado e, portanto, no comando da máquina administrativa?


CANDIDATA SEM DEBATES

A propósito de Dilma Rousseff, corre a informação de que o comando de sua campanha resolveu afastá-la o máximo possível de debates, principalmente com o candidato tucano José Serra. De fato, ela cancelou um que deveria ter-se realizado na Folha de S.Paulo e, depois, outro na Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e foi fazer um giro pela Europa, onde também procurou escapar (e reclamou) do assédio da imprensa. Dizem seus assessores que ela dará prioridade a debates pela televisão, começando pela TV Brasil, chamada pela Oposição de “TV Lula”.

Se ela é apenas candidata para constar; se o candidato de verdade é Lula; se será ele que governará o País em caso de vitoria dela – então o País não precisa mesmo saber o que ela pensa ou deixa de pensar. Isso passa a ser irrelevante. Mas se ela é candidata para valer, se pretende mesmo governar o Brasil, se não passa de bazófia a afirmação de Lula – então os debates são imprescindíveis para que a Nação possa fazer comparações e avaliações entre os candidatos.


BRASIL E IRÃ

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o chanceler Celso Amorim revelou que o Brasil desistiu de tentar ser mediador do conflito entre o Irã e as grandes potências mundiais. “Não vamos novamente ter posição proativa, a não ser que sejamos solicitados”, declarou.

Foi-se a esperança de solução...



SARAMAGO E A JUSTIÇA

Não poderia deixar de modestamente associar-me às numerosas e justas homenagens prestadas a José Saramago, falecido aos 87 anos na Ilha de Lanzarote (Canárias), onde residia.

Tomei contato com sua obra, há vários anos, ao ler O Memorial do Convento. Encantei-me com a sua narrativa e com a forma, inusitada, de não utilizar sinais para separar os diálogos. Li quase todos os seus principais livros, inclusive o último, Caim. Para mim, ele se inclui no rol dos grandes nomes da literatura de língua portuguesa, entre Camões, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Fernando Pessoa e outros.

Saramago esteve algumas vezes em Brasília. Proferiu pelo menos duas palestras na Embaixada de Portugal, às quais não pude comparecer. Há pouco mais de dois anos, num cruzeiro marítimo, passei por Lanzarote. Mesmo que tivesse tempo para visitá-lo, não teria sido possível, pois vi por um jornal local que ele estava hospitalizado, com pneumonia.

Tive, no entanto, contato com ele por e-mail. Em 2002, editores da Revista do TST queriam publicar um texto dele sobre “o mundo da injustiça globalizada”, lido no encerramento do II Fórum Social Mundial. Pediram-me – era, então, assessor de Comunicação Social do Tribunal – que tentasse obter a autorização. Por meio da Embaixada de Portugal, enviei e-mail a Saramago e ele me respondeu, diretamente, também por e-mail, não deixando de fazer fina ironia a respeito da Justiça.

Eis sua resposta:

“Disponham do meu texto como se fosse vosso. Um dia destes vamos ter que decidir, e oxalá que fosse de uma vez para sempre, se à justiça lhe faltam os juízes, ou se aos juízes lhes falta a justiça.”


CORREIOS: DE MARCHA À RÉ

A história dos Correios, no Brasil, pode ser representada por uma curva que começa a subir no início da década de 70, atinge o pico no fim dessa década e então desce a ladeira.

Até fins de 1969, o Brasil tinha seguramente um dos piores serviços postais do mundo. Cansamos de ler histórias em que personagens, em Paris ou Londres, se comunicavam por cartas, que chegam ao destino em questão de horas. No Brasil, até a década de 70, não se sabia quantos dias poderia demorar – nem se chegaria. E para pôr selos em cartas era uma lambuzeira. Tinha-se de passar cola nos selos – e ela sobrava pelo envelope, pelo balcão dos Correios ou pelos dedos.

Em 1969 começou a virada, com a criação da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (ECT) e aí veio a modernização, impulsionada principalmente, a partir de 1974, pelo ministro Euclides Quandt de Oliveira. Seguiu-se o modelo francês. Técnicos foram enviados à França, para aperfeiçoamento, instalaram-se Centros de Treinamento em vários pontos do País, os envelopes foram padronizados, adotou-se o endereço numérico para distribuição eletrônica (a propósito, a colocação de ponto, por exemplo, 70.377-000, impede a leitura; 70377-000 é sigla), sistematizou-se o transporte e, com isso, uma carta simples postada num dia em Brasília, no outro chegava ao destino no Nordeste ou no Sul do País. O Brasil tinha, finalmente, Correios de Primeiro Mundo.

Durou, porém, apenas até o início da década de 80. Em 1982 já foi criado o Sedex, para assegurar prazo máximo de 24 horas para entrega de correspondência entre capitais, pois a carta simples, de propósito ou não – o Sedex é muitíssimo mais caro – já não circulava com presteza. Depois, o Sedex também começou a demorar. Então, em 2001, criou-se o Sedex 10, bem mais caro, para a correspondência chegar ao destino, no dia seguinte, antes das 10 horas. Esse também começou a atrasar. Então surgiu o Sedex Hoje, bem mais caro. Quantos mais serão criados?

Em resumo, na década de 70, pagava-se, em valores de hoje, cerca de R$0,90 para uma carta simples chegar ao destino em 24 horas; hoje, paga-se uns R$20,00 por Sedex simples – e a demora pode ser de dois ou três dias.


PRAGA SUL-AFRICANA

A Taça do Hexa pode não vir para o Brasil, mas uma praga sul-africana já chegou: as vunvuzelas, mencionadas sempre com boa dose de humor e simpatia pela imprensa brasileira que cobre a Copa. Pode ser que não pegue. As cornetas, que não são senão vunvuzelas menores, mas igualmente infernais, felizmente não tiveram êxito. Caso contrário, a CBF precisará tomar providências, porque senão os estádios se tornarão insuportáveis.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

VITÓRIA do Ficha Limpa no TSE

A democracia marca um Gol graças ao Poder Judiciário.
Ministro Arnaldo Versiani, SOMOS TODOS GRATOS à Vossa Excelência e ao TSE por
este presente ao Brasil, à nossa Nação.
O céu brilha com mais vigor hoje.
Ainda há ESPERANÇA.
Zé Ricardo

Adeus, Eleitores

O Jornal Valor Econômico de hoje publica matéria informando que uma parte importante dos bons parlamentares está pensando em abandonar a vida parlamentar. Para estes parlamentares, o deputado e senador hoje são apenas despachantes de luxo. Estão desencantados com suas capacidades de influir no futuro da nação e a qualidade ética do parlamento. desestimula a vontade de ficar.
O maior objetivo do parlamentar hoje é continuar parlamentar e para isto o interesse público torna-se menor. Os deputados Fernando Coruja do PPS, Roberto Magalhães (DEM), Ibsen Pinheiro (PMDB) e José Eduardo (PT) já desistiram. Arnaldo Madeira do PSDB está indo na mesma direção.
Segundo Ibsen, 90% do parlamento se preocupa com assuntos secundários à Nação. José Eduardo do PT diz que com as atuais regras, participar de eleição é ir pedir dinheiro. Todos eles concordam com isto e acreditam que os eleitos não vão querer mudar estas regras. Por isto preferem sair.
O Congresso se empobreceu, perdeu seu papel. Sem a grandeza do Congresso que lutou pelas garantias democráticas no passado o presidente é Absoluto. Bom quando temos um bom presidente. Quando não, veremos.
A reforma política é IMPERIOSA. Não só a eleitoral, mas aquela que cria mecanismos de responsabilidade do governo e do parlamento. Acorda Brasil.

Educação e Segurança

Pesquisa realizada por Doutor em economia pela Universidade de Havard, Leonardo Bursztyn, com pais de brasilienses de 13 a 15 anos que recebem bolsa escola indica que os pais são os maiores interessados que os filhos vão para a escola, ao contrário do que se esperava antes.

A pesquisa consistia em perguntar aos pais se eles preferiam receber o mesmo valor, ou até um valor maior para que o auxílio fosse dado sem a necessária condição de que o adolescente fosse para a escola. A maioria esmagadora dos pais (82%) preferia manter a condição de ter de ir à escola para receber o auxílio do que receber o mesmo sem a condição. De fato os dados indicam que mesmo perdendo uma quantidade significativa de renda os pais preferiam manter a condição de receber só em caso de bom desempenho da criança.

O pesquisador de Harvard buscou em sua pesquisa resposta para conclusão tão inesperada e descobriu que os pais preferiam manter as crianças na escola, ao contrário dos filhos que preferiam ir para a rua. Na escola mais que educação as crianças estariam livres da violência urbana.

As conclusões desta pesquisa dão dica para os administradores públicos de que é necessário primeiro tornar o ensino algo agradável para as crianças, para que elas tenham interesse de ficar na escola e aprender. Segundo isto indica uma forte demanda para ampliar o tempo de permanência das crianças nas escolas, assim mais tempo elas estarão protegidas da violência e de participarem da violência.

Sem investimento, dedicação, orientação, a nossa educação estará falida. E nossas crianças pobres serão levadas à violência. Quem ainda se lembra das mortes em Luziânia? Estariam aquelas mães chorando se seus filhos estivessem na escola? Estariam todas as outras mães com medo de terem seus filhos estuprados e mortos se estivessem protegidos nas escolas? Seria o estuprador um estuprador se tivesse passado a maior parte de seu tempo na escola, sabendo o valor da educação, aprendendo musica, artes cênicas, recebendo a atenção dos professores, além do aprendizado das matérias tradicionais?
A sociedade que queremos viver depende das nossas opções.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro


14/06/2010 Ary Ribeiro é Jornalista

FICHA LIMPA-JÁ


O Tribunal Superior Eleitoral foi ao encontro do desejo da sociedade ao decidir, em resposta a consulta do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), que a lei da ficha limpa vale para as eleições deste ano.

Havia dúvida, porque o Art. 16 da Constituição diz: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data da publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.”

O TSE, por seis votos contra apenas um, entendeu que a lei não altera o processo eleitoral. Todas as regras e prazos estão mantidos. Apenas impede de candidatar-se quem tenha condenação imposta por um colegiado.

Falta resolver a outra questão, a do tempo verbal. Como se sabe, uma emenda aprovada à ultima hora pelo Senado mudou o “tenham sido” por “forem” (condenados), dando margem a interpretar-se que ficha suja só seria quem viesse a ser condenado após a vigência da lei.

Entidades que encabeçaram o movimento pela apresentação do projeto da ficha limpa e vários juristas entendem que a mudança do tempo verbal não alterou a essência da lei. A interpretação não poderia ser puramente gramatical. Se fosse assim, se poderia dizer também que pela expressão anterior somente os que já tivessem sido condenados estariam alcançados pela lei e não os que viessem a sê-lo. Forem seria a expressão tecnicamente mais adequada, por estabelecer condição e ser atemporal, abrangendo o passado, o presente e o futuro.

Confio em que assim também entenderá o TSE, até porque se a lei não abrange as condenações passadas, ficaria sem sentido a decisão de que já se aplica ao pleito deste ano. Não haveria tempo para nenhum candidato ser condenado por órgão colegiado.

Alega-se também que a lei não pode retroagir para prejudicar alguém. Ora, era só o que faltava: um corrupto, um ladrão, até um assassino ter o direito de candidatar-se graças ao princípio da irretroatividade da lei... E o direito que a sociedade tem de ser representada por pessoas corretas, sem passado maculado?


ESPANTOSO!


Na entrevista da candidata Dilma Rousseff à Veja (páginas amarelas) desta semana, há um trecho em que os repórteres perguntam:

Estamos de acordo que os alicerces dessa robustez foram lançados durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso?

Resposta: Discordo. Hoje nós temos estabilidade macroeconômica. Nós recebemos um governo sem estabilidade, com apenas 36 bilhões de dólares de reservas. O endividamento do Brasil crescendo, a inflação ameaçando sair de controle, uma fragilidade externa monumental que a gente não podia nem mexer, o dólar a 4 reais. Qual é o alicerce?

É verdade. A candidata apenas se esqueceu de que tudo isso foi resultado do chamado “risco Lula”. Ao longo dos sete anos anteriores do governo Fernando Henrique, o Brasil viveu com estabilidade, inflação sob controle e dólar baixo. A casa estava arrumada. Somente no último ano, diante da perspectiva de Lula ganhar a eleição – ele e seu partido, que passaram todo o tempo combatendo o Plano Real, o Proer, as privatizações, o saneamento das dívidas dos Estados e a Lei da Responsabilidade Fiscal – investidores trataram de salvar seu dinheiro. Por isso, o dólar subiu e sumiu e o País viveu período tenso, até Lula, eleito, demonstrar que se rendera a tudo que rejeitara e não iria fazer loucuras no governo.



NÃO PRECISAVA...


Compreende-se que a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, tenha votado, no Conselho de Segurança, contra a aplicação de novas sanções ao Irã, ficando ao lado da Turquia contra os outros 12 membros daquele colegiado. Afinal, ela está lá não para votar de acordo com suas convicções pessoais, mas para seguir a orientação do governo brasileiro. Não precisava é vir, em artigo publicado na edição de domingo de O Estado de S.Paulo, tentar explicar e justificar a posição assumida pelo Brasil.

“O Brasil e a Turquia entendem que as sanções não são a melhor resposta neste momento”, diz ela. Acrescenta: “Não nos pareceu razoável nem produtivo que se insistisse no caminho das sanções.” E mais: “Juntamente com a Turquia, continuamos a dialogar com o Irã (...)”

Os fatos estão a demonstrar: 1) O Irã tem por objetivo declarado destruir Israel. 1) Para isso, desenvolve programa nuclear para fazer bomba atômica. 3) Não vai abrir mão desse programa. 4) Com as “negociações”, quer apenas ganhar tempo. 5) Se não aceitou a mão estendida por Obama nem cedeu a pressões dos EUA e da Europa para negociar de fato e admitir inspeções, por que aceitaria a intermediação do Brasil e da Turquia?

Então, se negociações não resolvem e se a embaixadora diz que as sanções são inúteis, o que resta então?


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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

07/06/2010

Ary Ribeiro Ary Ribeiro Jornalista e escreve as segundas neste Blog


SEGUNDO TEMPO



A pesquisa do IBOPE do fim de semana, indicando rigoroso empate entre os dois principais candidatos à Presidência da República – Serra e Dilma, ambos com 37% – marcou o encerramento do “primeiro tempo” da campanha eleitoral. Pelos próximos 30 e poucos dias, a atenção do País estará voltada para a África do Sul. O patriotismo do verde-amarelo, representado pela nossa Seleção, tomou conta das ruas. Somos, neste momento, mais que nunca, o País do futebol. Só se pensa, só se fala em Copa do Mundo, rememorando jogadores, vitórias e até derrotas, como a que silenciou o Brasil inteiro, em 1950: na final, em pleno Maracanã, o Uruguai levou embora a taça – que já julgávamos nossa. Uma tristeza! E, depois, em 1982, com uma Seleção que podia não ser a melhor de todos os tempos, mas apresentava o belíssimo futebol de Zico, Sócrates e Falcão, além de estarem no time também Renato, Júnior e Roberto Dinamite, sofremos a frustração de voltar mais cedo para casa. Enfim, essa é a hora da bola. A política e a campanha eleitoral ficarão, por algum tempo, lá para o segundo plano.

Para os dois principais times eleitorais – PSDB e PT, com seus aliados – é a hora do intervalo entre o primeiro e o segundo tempo. Hora de, nos vestiários, avaliarem erros e acertos e se prepararem para a segunda e decisiva etapa. O jogo não está ganho, nem para um lado nem para outro. O time Dilma/Lula (ou ao contrário?), que estava sozinho em campo, havia já muito, e contando com a ajuda faltosa de certos coadjuvantes, diante de juiz tolerante, foi crescendo. Serra entrou em campo, assim, em desvantagem e andou levando algumas caneladas. E estava para ser atingido por ilegal complô articulado por novos “aloprados” quando este foi abortado por integrantes do próprio time adversário – que acharam demais aquilo. E assim terminou o primeiro tempo.

O empate indicado pelo IBOPE, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, não é mau para Serra. Há quase um mês havia sido detectado pela pesquisa Sensus e confirmado, depois, pelo DataFolha, o que significa que, nesse período, as duas candidaturas estacionaram. Dilma parou de subir e Serra, de descer. Então, é preparar-se para o jogo bruto do segundo tempo. O time Dilma/Lula voltará a campo com tudo, com toda a força da máquina que tem nas mãos e de organizações paralelas, cooptadas, e que vão desde o MST até as cúpulas sindicais, passando por várias ONGs. Já se viu que esse time não é lá muito de respeitar as regras do jogo. Se o juiz continuar bonzinho, relutante até em dar cartão amarelo, vai fazer gols em impedimento, cavar pênaltis, dar cotoveladas no rosto do adversário e carrinhos por trás, para machucá-lo e tirá-lo do jogo. E conta, nas arquibancadas, com a silenciosa simpatia de magnatas, de banqueiros, de uma camada social satisfeita com a estabilidade econômica – que parece atribuir a este governo, cujo mérito, no entanto, foi apenas o de não ter bagunçado a casa que recebeu arrumada por governos anteriores – e de uma parcela da pobreza, beneficiada por programas assistencialistas.

O que pode fazer o time de Serra? Poderia começar por mostrar que o Rei está nu, mas não haverá de querer correr esse risco, pois 80% dos brasileiros insistem em vê-lo em deslumbrantes vestes. Pode, no entanto, mostrar que o País está nu. As estradas estão nuas, quase todas em mau estado e em alguns lugares, em certas épocas, com lamaçal intransitável; os portos e aeroportos estão nus, não dando vazão às importações e às exportações; a Saúde Pública está nua, bastando percorrer os hospitais e postos de saúde para ver isso; a Educação está nua, é uma das piores do mundo; a Segurança Pública está nua, com a violência, os crimes e tráfico de drogas espalhando-se pelo território nacional; a carga tributária está nua, sobrecarregando principalmente os alimentos e as pessoas mais pobres; e os juros estão nus, são os segundos mais altos do mundo. Se as pessoas, deslumbradas pelas artes de animação de auditório ou satisfeitas por estarem se endividando e comprando eletro-eletrônicos, não estão vendo isso, é preciso mostrar-lhes esse quadro, que deve e pode ser mudado. O Brasil pode mais!

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