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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Espírito de Natal: a harmonização entre o indivíduo e seu todo

O espírito do Natal de união, paz e amor também nos cobra participação. A mensagem do Cristo, ao passo que nos remete para nosso âmago, nos vincula ao coletivo: amai ao próximo como a si mesmo e o mundo de hoje em crise clama por uma reflexão: não há solução solitária.

Existe hoje uma percepção quase generalizada de que o coletivo se opõe ao individual. Que o mundo comunitário está cada vez mais distante de ser tocado pelo indivíduo. Esta percepção tem levado muitos a se decepcionar com o processo social e a se fechar em suas vidas particulares, como se o sucesso de suas ações dependessem apenas si próprio. No Brasil, o aumento do desrespeito no uso da coisa pública agrava este sentimento.

Mas esta aparente incompatibilidade entre indivíduo e coletividade camufla a compreensão do momento histórico que vivemos. Com a disseminação dos meios de comunicação a ação de um ser humano, ou de um grupo, pode ter efeito sobre toda a humanidade e o avanço tecnológico pode afetar positiva ou negativamente a todos, mesmo aqueles que se consideram imunes à ação coletiva. Os eventos de 2011 destacaram esta interação cada vez mais forte entre o individuo e seu entorno. A primavera árabe e tantos outros movimentos coletivos que se iniciaram com ações individuais ou de grupos por meio das redes sociais são exemplos fortes da nossa capacidade de afetar o todo. Por outro lado os efeitos do terremoto no Japão sobre as usinas nucleares ameaçaram e continuam a ameaçar vidas distantes e isoladas. Como diz o sociólogo Ulrich Beck: é o fim da sociedade dos outros. É a retomada da sociedade de todos nós. O desenrolar da crise financeira em 2011 acentua essas : por mais eficiente que seja, a Alemanha sofre os efeitos do descuido dos vizinhos. Não dá mais para viver só.

No entanto, mesmo submetidos ao coletivo, somos responsáveis pelo universo que nos cerca. Este é o espírito do Natal. O milagre é a ação individual compartilhada coletivamente.


Ao contrário do que temos feito, não devemos nos desesperar, não devemos perder tempo contabilizando derrotas, ministros, deputados, agentes públicos desonestos demitidos. Nosso foco deve ser na construção de um mundo novo mais translúcido em nosso entorno, sabendo que nossa ação individual reverberará no todo e o todo terá influência sobre nós.

Que esse Natal de 2011 nos traga a paz e a harmonia da integração da parte com o todo. Que em 2012 possamos unir esforços para superar as barreiras, dar passos mais largos e ampliar nossos horizontes.