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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Contas externas preocupantes, Gastos Públicos explodindo, Ano eleitoral: já vimos este filme e o resultado não é bom para o Brasil

A nova dependência do Blog do Noblat
Este ano o Brasil exigirá do exterior em torno de US$ 50 bilhões para fechar as contas. Como nossa balança comercial patina, o buraco será coberto por investimentos diretos. Em vez de estarmos pendurados em credores, agora precisamos desesperadamente de sócios
Do blog do Alon:
O artigo semanal do ex-ministro Delfim Netto ontem na Folha de S. Paulo finalizava assim: “Deficits fiscais produzidos por políticas distributivas exageradas, aumentos cumulativos automáticos de despesas de custeio que sacrificam os investimentos públicos e câmbio valorizado são uma boa receita para transformar a alegria de curto prazo em tragédia grega no longo prazo”.
O recado está no duplo sentido do “grega”: a crise hoje é na Grécia (e outros da periferia europeia), mas teatro grego pode ser praticado em todo lugar. Inclusive aqui.
Este fim de governo Luiz Inácio Lula da Silva tem cacoetes do crepúsculo do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Para efeito político-eleitoral anda tudo maravilhosamente bem. Os problemas?
Ficarão adormecidos até a posse do novo presidente (ou presidenta). Na campanha ninguém será espírito de porco, ou trouxa, de estragar o oba-oba.
O governo não tem interesse em refletir sobre se — e quanto — as aspas do texto de Delfim podem um dia vir pintadas de verde e amarelo. E a oposição não vai entrar nessa, pois seria atacada por Lula.
Provavelmente com discursos dirigidos a quem, no mundo virtual que sua excelência construiu para si, “torce contra o Brasil”. Para ficar mais parecido ainda com FHC I, Lula II poderia, quem sabe?, usar doravante a expressão “fracassomaníacos”.
FHC semiocultou do país o estado real da economia quando lutava pela reeleição. E o governo do PT finge que está tudo ok para não atrapalhar a caminhada da ex-ministra Dilma Rousseff.
Há sim uma diferença essencial entre os dois cenários. Hoje o país tem reservas, que não havia na época. Não corremos o risco de quebrar e de precisar sair por aí atrás de dólares. Mas reservas não são tudo. Se o estoque delas é bom, o fluxo das contas externas vai mal. E quando o fluxo não ajuda, não há estoque que segure a onda indefinidamente. Numa família, empresa ou país.
Este ano, o Brasil demandará algo como US$ 50 bilhões de dinheiro de fora para fechar as contas. Como nossa balança comercial patina, o buraco será coberto por investimentos diretos. É uma nova modalidade de dependência: em vez de estarmos pendurados em credores, agora buscamos desesperadamente sócios.
Ser nosso sócio tem sido uma boa. A demanda anda forte e sempre existe a opção de fazer a festa no mercado financeiro, ou na bolsa.
Mas a situação traz também problemas. Inclusive num terreno caro ao presidente da República: nossa soberania. A China, por exemplo, tem condições de sustentar melhor que nós disputas com os Estados Unidos. Já o Brasil esbraveja nos fóruns internacionais e faz cara feia para Washington, mas depende de dinheiro americano para fechar as contas. Com todas as consequências.
No caso do Irã a Petrobras já pisa miudinho. E empresas brasileiras têm recusado pedidos iranianos de investimento. Empresas importantes.
Quando a autodeterminação deixa de ser só um princípio? Quando o país tem meios para praticá-la.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pesquisa sobre reeleição

O Blog do Noblat fez pesquisa sobre a reeleição e nos apresenta o resultado:
(do blog do Noblat em 29/04/2010)

Resultado da pesquisa anterior: José Serra prometeu tentar acabar com a reeleição para cargos executivos caso se eleja presidente. Você:

*Concorda com a ideia - 72.71%

* Discorda - 25.16%

* Não tem opinião - 2.13%

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A riqueza de Brasília e a pobreza de seus quadros políticos

De acordo com dados do IBGE, a renda de cada brasiliense está estimada acima de R$ 40 mil por ano. É a maior renda per capita do Brasil, quase o dobro da renda de São Paulo, bem mais que o dobro da renda do Rio Grande do Sul, mais que 3 vezes a renda do estado de Minas Gerais, sem falar na renda de estados do nordeste, que têm em média algo em torno de R$ 6 mil reais. Em comparações internacionais, de acordo com dados do FMI, o Distrito Federal tem renda per capita equivalente à renda da Arábia Saudita (US$ 23 mil com câmbio R$/U$ 1,75) 38 no ranking, bem acima da situação do Brasil em 75 lugar com U$ 10 mil.
Com tão alto nível de renda não se pode acusar a miséria, nem a pobreza pela falta de quadros políticos na capital do Brasil. As maiores lideranças do Distrito Federal estão em torno ou foram geradas sobre a liderança do ex-governador Joaquim Roriz. O ex-governador Arruda era cria dele, o atual governador é cria de Roriz. Desde a Constituição de 1988 até a renuncia de José Roberto Arruda, Brasília teve 7 governadores, Joaquim Roriz 3 vezes, Wanderley Valim , Maria de Lourdes Abadia, Arruda e Cristovam Buarque. O único destes que não estava diretamente ligado ao ex-governador foi o do atual senador Cristovam.
Aproximamo-nos das eleições de outubro e qual é o nome que está na frente da corrida eleitoral para o DF? Joaquim Roriz. Existe um grande número de denúncia contra ele, e mesmo em nosso Distrito Federal, machucado pelas imagens do escândalo de corrupção do mensalão do Arruda, todas gravadas na época em que o ex-governador estava no comando do GDF, nada parece abalar sua popularidade nesta cidade.
Em Brasília ouve-se acusação de que os mais humildes que não pensa no seu futuro mais longínquo, que troca votos por panetones, ovos de páscoa, promessas de lote ou afagos sertanejos, são responsáveis por esta popularidade. Mas isto é difícil de se aceitar em uma cidade que tem a maior renda per capita do Brasil. É possível sim que a pobreza e a falta de informação e educação formal de parcela da população brasileira ajudem a explicar o domínio da política Brasiliense nos últimos 12 anos por uma só pessoa. MAS NÃO PODE SER SÓ ISTO. Temos mais de 20 partidos, temos uma sociedade consciente, esclarecida, com a maior renda per capita do país. Nem o maior partido de oposição local, que apresentou candidatos a todas as eleições teve chance de mudar esta realidade, a não ser com Cristovam Buarque. Cadê os nossos quadros políticos. Cadê esta população que não se apresenta para oferecer alternativas viáveis e melhores para administrar e representar o Distrito Federal
Eu me pergunto: será que o Roriz é tão bom assim? Ou somos nós cidadãos conscientes que não participamos no processo político de nossa cidade? Somos nós da classe média que não apresentamos alternativas para Brasília? Estamos sempre nos contentando com o alargamento da L4, da EPTG, da estrada que leva ao aeroporto e Park Way e tantas outras obras que facilitam nossos automóveis de luxo percorrer as distâncias em menor tempo possível. Quantos elogios nós fizemos de que este ou aquele era um ótimo governador porque porque construiu viadutos, alargou estradas ,ou coisas do gênero. Qual de nós da classe média se perguntou se o dinheiro usado na educação estava sendo corretamente usado para formar cidadãos, para tirar as crianças da rua e dar a elas condições de serem produtivos e integrados socialmente, preparados para construir não só uma grande cidade, como para ajudar a construir uma grande nação? Qual de nós se reuniu em rodas de amigos para discutir a situação da saúde pública de Brasília? De seus hospitais públicos, do atendimento ambulatorial, das emergências médicas? Qual de nós cobrou dos representantes políticos sobre campanhas de saúde educativa e preventiva? Quem são nossos deputados federais? Aos distritais conhecemos todos, que com raríssimas exceções, foram citados em algum escândalo. Vamos reelegê-los?
Qual de vocês que esta lendo este blog agora já foi à Nova Iorque, Londres, Roma. Você percebeu que o transporte é público? Que juízes, altos funcionários de organismos internacionais, estudantes, professores, advogados, todos usam transporte público. Você já tentou dirigir em Manhattan? Será que o prefeito de lá vai alargar as pistas para dar passagem aos carrões, ou ele prefere investir em transportes públicos de boa qualidade? Parou para ver se os países desenvolvidos têm boa educação pública?
Pois é, com a maior renda per capita do Brasil, quase duas vezes a renda per capita de São Paulo, nós nos deparamos de novo com os mesmos candidatos e a possibilidade de eleger Joaquim Roriz pela quarta vez em 12 anos. E nós da classe média brasiliense continuamos olhando para o nosso umbigo. Educação pública, saúde pública, transporte público, lisura de seus representantes, tudo isto pode esperar, desde que as estradas sejam largas para não ficarmos presos em engarrafamentos. Para frente Brasília!

Adiada mais uma vez votação de projeto ficha limpa na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados

Retirado da Folha de São Paulo em 28/04/2010

MARIA CLARA CABRAL
NANCY DUTRA
da Sucursal de Brasília

Deputados adiaram novamente, desta vez na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, a votação do projeto que prevê a inelegibilidade de políticos com ficha suja.

O acordo inicial era para que a proposta recebesse um relatório de consenso na comissão para ser votado em seguida no plenário. Os deputados Regis de Oliveira (PSC-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Ernandes Amorim (PTB-RO), Vicente Arruda (PR-CE) e Maurício Quintella Lessa (PDT-AL), no entanto, pediram vistas do texto, impedindo a sua votação.

"Não há interesse em adiar nada, só quero examinar a constitucionalidade do projeto. Não podemos fazer nada sob pressão", justificou Regis de Oliveira.

Nesta quarta-feira, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) leu o relatório do projeto. Ele flexibiliza ainda mais o texto original, propondo a inelegibilidade para candidatos condenados por decisão colegiada, mas com a possibilidade de efeito suspensivo com recurso avaliado também por um órgão colegiado.

O acordo chancelado pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), era o de levar a proposta direto no plenário caso ele não fosse votado na CCJ até amanhã. Para isso, PT e PMDB precisam assinar um requerimento de urgência.

Nesta quarta-feira, representantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), responsável pelo projeto, entregaram mais 4.000 assinaturas. A proposta original contava com 1,6 milhão de assinaturas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Negue para ser coerente

Do Blog do Noblat Enviado por Ricardo Noblat -
26.4.2010

O PT mudou para alcançar o poder com Lula em 2002. Mas desde que chegou lá não mudou mais.
O Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia contra a "sofisticada organização criminosa" que tentou se apossar de parte do aparelho do Estado. Trata-se do caso do mensalão - o pagamento de propinas para que deputados votassem como mandava o governo.
Mensalão? Mas que mensalão?.
Jamais o PT admitiu sua existência. Por não admitir, não puniu os mensaleiros. Faz sentido.
Lula preferiu chamar o mensalão de Caixa 2. Como se Caixa 2 não fosse crime. Ou fosse um crime menor.

A máquina do Estado atuou de maneira rápida, avassaladora e ilegal para quebrar o sigilo bancário e fiscal do caseiro Francenildo da Costa, testemunha das idas e vindas do ministro Antonio Palocci a uma alegre mansão de Brasília.
Ali se levava uma vida divertida, amena, relaxante, e se discutia negócios.
Palocci perdeu o emprego devido ao escândalo. Mas deu-se um jeito de poupá-lo da acusação de ter acionado a máquina contra o caseiro. Sobrou para o ex-presidente da Caixa Econömica Federal. Até o Supremo Tribunal Federal embarcou na canoa.

A Casa Civil da presidência da República montou um dossiê sobre despesas sigilosas do governo FHC para constranger a CPI instalada para apurar gastos irregulares com cartões de crédito corporativo.
Dilma? O que Dilma teve a ver com o dossiê?
Ela era responsável pela Casa Civil, mas daí a se envolver com dossiês vai uma distância que passa pelo gabinete de Erenice Guerra, seu braço direito.
Pensando bem, aquilo nem mesmo era um dossiê - era um banco de dados.

Foi impossível negar a ação dos aloprados que em 2006 forjaram um dossiê contra candidatos do PSDB.
Quem viu por aí um daqueles aloprados encrencado com a Justiça? O processo está para ser arquivado.
Contra todas as evidências, a orientação é negar. Negar tudo. E jamais pedir desculpas.

A orientação vem sendo cumprida à risca e, admita-se, com razoável sucesso.
Um dos assessores de Dilma postou no site dela uma foto da atriz Norma Benguell. Ao lado do título "Minha Vida" havia trës fotos da candidata - ou pelo menos era assim que parecia. Dilma criança, Dilma mocinha protestando contra a ditadura militar de 64, Dilma madura, aspirante à sucessão de Lula. No que se descobriu que Dilma mocinha era na verdade a atriz Norma Benguel, que explicação foi oferecida para justificar a farsa?
Transferiu-se a culpa para aqueles que "equivocadamente" imaginaram estar diante de uma farsa. Porque a foto era de Norma, sim. Mas em nenhum momento o site informou que a foto era de Dilma.
Entendeu?
Coerência acima de tudo.
Essa tem sido a marca indelével do comportamento do PT desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

26/04/2010


UNE: DIFÍCIL DESEMBARQUE

Ary Ribeiro *


Jacinto de Tormes, pesonagem de A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz, era sofisticado jovem que vivia em Paris desfrutando do que de mais requintado havia na época, uma vida, enfim, faustosa, graças à fortuna dos pais portugueses. Um dia, pressentindo a morte próxima, os pais pedem a Jacinto que volte a Portugal, para tomar conta das fazendas na região serrana de Guiães. No dia da volta, dentro da carruagem que o levava à estação ferroviária, ele fala consigo mesmo: “Difícil decisão: deixar a Europa.”

É mais ou menos o que está acontecendo com a UNE, entidade que tinha bonita história até o dia em que se deixou cooptar pela generosidade do governo Lula, que não somente lhe destinou milhões de reais, como providenciou cargos na administração para alguns de seus dirigentes ou ex-dirigentes. Os estudantes, que tão corajosamente, ao longo da História, se rebelaram contra ditaduras e corrupção, que pintaram a cara contra Collor, silenciaram diante do escândalo do mensalão.

No fim de semana, a UNE teve seu dia de Jacinto de Tormes. Decisão difícil: deixar o governo, deixar de apoiar formalmente a sua candidata e ficar contra quem presidia a UNE justamente na época da instalação do regime militar e que, por isso, teve de suspender os estudos, exilar-se no Chile e, dali, seguir para outros países, até – muito preparado, com doutorado nos Estados Unidos – poder voltar ao Brasil e seguir sua vocação política, tornando-se deputado federal, ministro de Estado – do Planejamento e da Saúde – prefeito da maior capital do País e governador do Estado de São Paulo.

Diante do dilema, a UNE preferiu desembarcar – da carruagem. Rejeitou a proposta de apoio à candidatura Dilma Rousseff, não criticou diretamente seu ex-presidente José Serra, mas o fez por tabela, ao atacar a política “neoliberal” dos tucanos, como se não fosse a mesma adotada pelo governo Lula – a responsável pelos êxitos que seu governo obteve no campo da economia. Enfim, a UNE resolveu continuar com um pé na “Europa”. Não seguiu para as Serras (sem trocadilho). É duro deixar o governo.


CLT, NO CAMPO E NA CIDADE


Excelente a entrevista da senadora Kátia Abreu nas páginas amarelas da Veja desta semana, mostrando não ser à toa que seu nome tem sido aventado como possível candidata a vice na chapa de José Serra. Ela pertence ao principal aliado – o DEM – e, além disso, preside a poderosa Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) – aliás, primeira mulher a alcançar esse posto, num reduto predominantemente masculino.

Ela tocou num ponto que deveria ser objeto de muita atenção por parte do próximo governo: a legislação trabalhista. Diz haver imensa boa vontade da maioria dos proprietários rurais em cumprir a lei. Ocorre que o trabalho no campo é regido pela NR-31, que tem 252 itens. Cumprir 252 critérios, em qualquer atividade, como nota a senadora, é difícil, imagine-se numa fazenda. Até numa fazenda-modelo se encontrará o descumprimento de ao menos um dos 252 itens.

Ela fala do trabalho rural. Mas a mesma coisa ocorre com o trabalho urbano. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é constituída de nada menos que 992 artigos, fora os parágrafos e incisos. E é uma legislação que vale tanto para uma empresa que tem 10 mil ou 50 mil empregados quanto para o dono de uma lojinha ou oficinazinha de fundo de quintal, que tem apenas um, dois ou meia dúzia de empregados.

A legislação é tão minuciosa que a hora noturna (art. 73 e parágrafos), por exemplo, não tem 60 minutos, mas 52 minutos e – pasmem – 30 segundos! Alguns segundos a mais, portanto, pode ser objeto de ação trabalhista, congestionando a Justiça do Trabalho. É tão difícil para um empresário trafegar por esse emaranhado legislativo sem tropeçar que nem o Banco do Brasil consegue. Se uma instituição financeira desse porte não consegue, que dirá o micro ou pequeno empregador! Ninguém pode imaginar que um Banco controlado pelo governo, um dos maiores do país e dotado de excelente Departamento Jurídico, descumpra de propósito a legislação trabalhista. No entanto, é um dos grandes clientes da Justiça do Trabalho.

Alguma coisa, portanto, está errada. Não defendo que seja retirada a proteção ao trabalhador. Mas que a legislação seja simplificada e tornada bem clara e exequível, a fim de que não se constitua em entrave à atividade empresarial. Assim como há preocupação em defender o empregador doméstico (os empregados não têm todos os direitos da CLT) deveria haver também legislação especial para micros e pequenos empresários.

E CIRO, HEIM?

Puxaram a escada de Ciro Gomes e ele veio abaixo, de broxa na mão. É de se perguntar: como é que um político experiente como ele se deixou levar por um maquiavelismo barato? Como é que concordou em transferir o título do seu Estado – onde foi prefeito da Capital e governador – para um Estado com o qual não tem nenhuma ligação político-partidária? O vago aceno de que seria apoiado pelo PT e pelo Planalto para uma candidatura ao governo do Estado não teria por objetivo torpedear sua pretensão de candidatar-se à sucessão presidencial? Com seu domicílio eleitoral transferido para São Paulo, ele ficou sem sua forte base de apoio, um Sansão sem a cabeleira. Ficou mais fácil lançá-lo para fora da estrada. Agora, se foi uma jogada esperta, terá sido muito arriscada. A esperteza, como se costuma dizer, pode crescer e engolir o dono. Não é aconselhável brincar com alguém com o temperamento de Ciro Gomes. É esperar para ver.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

PARABÉNS BRASÍLIA

A votação sobre a intervenção de Brasília no Blog do Zé Ricardo chegou ao fim e eu nem percebi. Contabilizamos 16 votos, 12 a favor e 4 contra (aumentei o prazo até final de abril para os que não votaram).

Mas hoje, 50 anos depois de sua inauguração, Brasília sofreu outra intervenção. A intervenção de seu povo. Quem saiu hoje e foi ao Eixo Monumental, seja nos palcos oficial, na frente do Museu da República, seja no Brasília outros 50, ficou como eu estarrecido com a beleza da diversidade cultural, das músicas, das pessoas, de sua presença. O povo tomou conta da praça, literalmente. O corpo do avião era, pela primeira vez na história de nosso país, realmente do povo de Brasília. Gente simples, gente bem vestida, gente trabalhando (muitas), gente carregando barras de gelo em baixo do braço e lotes de água ou cerveja na outra para vender mais a frente. Gente fazendo foto, pintando, cantando, gente passeando, Brasília hoje você foi o esplendor de seus criadores, mais que isto, você pertenceu hoje ao povo que te habita. Os naturais e os que te adotaram.

Todos te cantaram com versos e reversos. Hoje não foi um dia para vinganças, disputas, nem desavenças. Hoje tivemos de tudo, dos Móveis de Acaju ao Bumba meu Boi de seu Teodoro, passando pelos Paralamas do Sucesso.
Brasília foi hoje o caldeirão cultural que lhe marca. Hoje fostes de todas as cores. Não serias tu Brasília se fosse só de plumas e paetês. Não seria tu Brasília se fosses aquela ilha da fantasia que antes representavas. Brasília hoje, de rico e de pobre, tudo tem um pouco.

Noite adentro tem gente na rua curtindo a música e as opções culturais. Mas um show que fez diferente foi o da Sandra Duailibi, cantando compositores de Brasília, nascidos e que a adotaram, juntamente com a Orquestra Sinfônica de Brasília. Muita gente veio de fora ver. Foi um show de bola, ou melhor show de voz. Valeu a pena (amanhã tem bis para quem não viu). Brasília 50 anos tem muito mais a oferecer. Que bom viver nesta cidade neste momento.

Se quisermos transformar Brasília em um local exemplar para o resto do Brasil, precisamos também pensar em transformar todo o nosso Brasil. Se queremos uma Brasília livre de corrupções, necessitamos alterar as leis eleitorais, o sistema político e a estrutura dos partidos políticos para todo o país.

Brasília, nos teus 50 anos nós esperamos de ti e de teus eleitores o chamado para que tenhamos um país mais ético, mais participativo, mais responsável, mais trabalhador, mais inventivo, mais justo e mais democrático.

Brasília é muito mais: ANJOS DA TERRA

Aqueles que pensam que Brasília se restringe escândalos de corrupção, a guerra entre “azuis e vermelhos”, a uma disputa pequena entre grupos políticos não percebem que BRASÍLIA é muito mais.
Brasília acontece no misticismo de seu povo, na busca de um sentido maior para nossa existência (veja artigo do Maurice Jacob abaixo).
Brasília acontece no seu caldeirão cultural, que resume o nosso Brasil em um pequeno espaço geográfico (quem foi à rua hoje sabe do que estou falando).
BRASÍLIA acontece a cada hora e a cada instante em lugares que você nem imagina. BRASÍLIA é feita por diversas e inúmeras vidas anônimas, que vivem com grandeza e generosidade a EXISTÊNCIA HUMANA.
Incontáveis são as pessoas e os grupos que vivem a solidariedade humana em suas ações diárias, em seu trabalho, em seu serviço adicional, em sua responsabilidade com a coletividade.
Eu gostaria muito de neste dia que Brasília completa 50 anos fazer minha homenagem a vocês, que com sua dedicação e amor amenizam a dor dos que sofrem e facilitam o caminhar dos que, ainda pequenos se deparam com o desamparo. Suas vidas fazem sentido e nos serve de exemplo. São tantos que é difícil conhecê-los a todos. Valdemar e a escolinha Maria Texeira (http://www.escolamariateixeira.org/), Tia Lia e sua creche no Varjão, Kina e seu time do coração do Insight.
Como não posso citar todos, represento minha homenagem na pessoa de Marcos Terra, professor de Ética, Psicologia Aplicada e Inteligência Emocional na UNEB, que como trabalho final de classe requer de seus alunos a vivencia da responsabilidade social e do trabalho voluntário. O filme a seguir apresenta uma visita a 1 Feira da Cidadania. http://www.youtube.com/watch?v=Ek6YkB1aSs4
Parabéns Marcos, Parabéns Lias, Parabéns Vals, Parabéns Kinas, Parabéns a você, que em vez de se apegar aos escândalos de corrupção e se afunda na negatividade, levanta e faz a diferença, transformando a vida das pessoas anonimamente, fazem da solidariedade uma razão do viver.
Meu carinho e meu respeito.

Brasília é fortemente marcada pela presença de estudiosos do ocultismo

Retirado do Correio Braziliense em 20/04/2010

Cidade já tem traçada uma série de previsões feitas por alguns de seus representantes mais ilustres. No geral, o que se antevê é um tempo de boas mudanças


Quando alguém completa 50 anos costuma entrar em tempo de comemoração especial e de muitas mudanças. Com Brasília não será diferente, segundo previsões de místicos de vários segmentos. A chegada do cinquentenário encerra o inferno astral (mês anterior ao aniversário) e inicia uma era de renovação, a do paraíso zodiacal (30 dias seguintes à festa). O novo ciclo transporta a capital para a idade da razão, segundo a astrologia. Ao passar o aniversário, a cidade começa a ser regida por Vênus, planeta que acompanha o signo de Touro e traz consigo luz e beleza. Mas é preciso cuidado para não confundir o belo com ilusão e engano, possibilidades também favorecidas por esse planeta.

De acordo com o astrólogo José Acleildo de Andrade, não há motivo para apreensão. “Somente a beleza real vai sobreviver depois dos 50 anos completos. A beleza de Vênus é uma beleza de gente decente, trabalhadora e verdadeira”, explicou. “Brasília será como uma pessoa que tira de si todos os enganos com a chegada do meio século de vida. É hora de fazer uma limpeza. As máscaras caem”, disse Acleildo. segundo o astrólogo, até mesmo a festa dos 50 anos, menos pomposa do que o planejado no início, é um sinal de que as farsas tendem a acabar. “Aquela festa gigantesca era uma mentira. Não tínhamos dinheiro para aquilo. Agora vamos fazer uma festa menor, mas muito melhor, digna e memorável”, apostou. (TOMARA)

Acleildo é um dos místicos mais conhecidos da cidade e deu o que falar no fim do ano passado, ao prever que o então governador José Roberto Arruda teria muitos problemas, mas conseguiria se reerguer. Algo não saiu como os astros anunciaram. “Arruda cometeu suicídio político. Mudou o próprio destino ao mandar entregar aquele bilhete (um suposta tentativa de suborno ao jornalista Edson Sombra, que motivou a prisão do governador por tentar atrapalhar as investigações da Operação Caixa de Pandora). Sem isso, o governador teria ficado bem. Eu avisei: se ele não prestasse atenção, ia acabar caindo”, disse. Acleildo faz previsões para as eleições de outubro: “Há uma armação contra o (ex-governador Joaquim) Roriz. Ainda vamos ter surpresas. Vamos ver eleito um nome novo e muito forte. O PT pode sair favorecido no DF em consequência da pressão da política nacional”.

Mapa astral
Especialistas confirmam a famosa vocação da capital para o misticismo. O astrólogo Maurice Jacoel traçou o mapa astral de Brasília, baseado em um cálculo que inclui a data de inauguração, 21 de abril de 1960, e o horário oficial do nascimento da cidade, 0h. Segundo Jacoel, há elementos enraizados na simbologia aquariana em todo o trajeto da criação da capital. Urano e Júpiter são os planetas que marcaram mais profundamente a identidade da região. “Podemos identificar ideais enraizados na simbologia aquariana: progresso e liberdade”, afirma.

O mapa mostra a importância de Urano, ativado por Júpiter e desafiado muitas vezes por Plutão. Maurice afirma que é possível dizer com coerência que Brasília está diretamente envolvida com a energia e a simbologia de Aquário, seu ascendente. “Ao acompanharmos os vários passos históricos até a materialização da cidade de Brasília, percebemos claramente a interação dos planetas Urano e Júpiter, através de seus vários ciclos, como sinalizadores do projeto e da realização desse fato histórico, como também da formação da nossa identidade aquariana, tanto na data e hora inaugural de Brasília quanto na de nossa independência”, garante.

“A excentricidade do modo de vida em Brasília reafirma seu caráter aquariano”, prossegue o pesquisador do tarô. “Outro traço forte da cidade é o interesse pelo conhecimento, pelo saber. Cursos proliferam com facilidade, grupos de encontro, palestras ou cursos regulares sempre se encontram cheios, assim como encontros sociais, festas, celebrações e manifestações políticas. A beleza natural do céu de Brasília e da noite estrelada reflete também a expressão fortemente aquariana da cidade.”

Jacoel nasceu no Cairo, Egito, e veio com a família para São Paulo em 1957, aos 8 anos de idade, durante a Guerra do Canal de Suez. Formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1981. Aprimorou seus conhecimentos em astrologia em um curso de extensão na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fez pós-graduação em psicologia (Jung), no Instituto Centro Oeste de Educação e Pesquisa, em Brasília.

Baralho
Já as cartas do tarô clássico contam o tempo diferente. Nelas, a vida do ser humano e as situações evoluem de sete em sete anos. Brasília vai terminar de rodar a roda do destino pela sétima vez e entrar em um novo tempo (7x7 = 49). O 50 é o ano do novo. “Nesses próximos sete anos, a cidade vai renascer”, garante a taróloga Sônia Trujillo. “Começa a evoluir de verdade e a profecia de Dom Bosco, com promessa de uma terra de onde jorraria leite e mel, terá início agora. Os habitantes terão a chance de crescer além do campo urbanístico.”

Sônia enxerga uma ligação muito forte entre os brasilienses e a cidade. “Quem não estiver nesse clima de harmonia com Brasília vai se afastar da cidade, a partir de agora. Entramos em período de purificação”, viu ela nas cartas. No que depender do tarô de Sônia, a política no DF vai pegar fogo. “Muitas desavenças ainda vão eclodir. Vejo uma mulher já conhecida do povo e muito significativa. Não sei se ela vai se eleger ou mesmo se candidatar, mas é alguém que vai fazer a diferença. Até o fim do ano, a política será dramática. A partir de junho de 2011, Brasília estará totalmente restabelecida”, explicou.

Em outras áreas, ainda de acordo com as previsões de Sônia Trujillo, a paz deve reinar. “Não vejo grandes catástrofes, mas é preciso tomar cuidado com o metrô. Um acidente não muito grave poderia ser evitado. Será algo que vai mexer com a opinião pública. Junho será o melhor mês do ano para todos, com muita tranquilidade e mudanças positivas.” As cartas do mês de outubro, época de eleição, são sugestivas: uma é A casa de Deus e a outra é O diabo. A primeira representa uma torre desmoronada, na qual somente o alicerce fica de pé. Tudo de ruim cai. A segunda lembra o que é material e traz mudanças de destino. Em novembro, a simbologia da Roda da fortuna mostra o bem vencendo o mal. Sônia também tirou cartas para Brasília no oráculo I Ching, e relata: “O oráculo de Brasília é o Fu, representante do retorno. Ele diz que, após um tempo escuro, a luz volta a brilhar. A vida floresce dia a dia e finalmente chega o momento de traçar novos projetos”.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

19/04/2010


MUDOU A CAPITAL, MUDOU O BRASIL

Ary Ribeiro*


Não, o Brasil não começou com Lula. Nem as bases do atual desenvolvimento começaram há 25 anos, com a redemocratização, como disse José Serra. Mais acertado seria dizer que o novo Brasil começou com a mudança da Capital, que depois de amanhã estará completando 50 anos.

Até a construção de Brasília, o Brasil era um país essencialmente rural. A cidade de São Paulo, um tanto provinciana, estava longe de ser a grande metrópole de hoje, a rivalizar com algumas das mais importantes capitais do mundo.

A decisão de Juscelino Kubitschek de concretizar antiga aspiração, defendida por José Bonifácio e inscrita em sucessivas Constituições – a de instalar a Capital no centro do País – começou a mudar o Brasil.

A construção da nova Capital impulsionou o parque industrial, ocupou e transformou em altamente produtivas extensas áreas vazias do Planalto Central, levou à abertura e pavimentação de estradas e à criação da indústria automobilística.

Maílson da Nóbrega acha que, independentemente de Brasília, as estradas seriam abertas e a área do Planalto Central seria ocupada a explorada. Pode ser. Mas por que algum governo iria abrir estradas de mil, dois mil quilômetros, ligando o Planalto Central ao Norte, ao Sul e ao Leste, se não havia produção que justificasse esse vultoso investimento?

Dizem que Brasília custou muito dinheiro e acelerou a inflação. Custou muito mesmo, inclusive dinheiro tirado dos antigos Institutos de Aposentadorias e Pensões, mas tudo isso foi mais do que compensado pelo desenvolvimento que a mudança da Capital proporcionou ao País, para o parque industrial paulista e para o Planalto Central, transformado em berço do agronegócio.

Brasília teve ainda outro efeito colateral, não menos relevante. Mostrou que os brasileiros são capazes de construir, em tempo recorde, nova e moderníssima cidade, que causa admiração a todos que a visitam, pelo seu arrojado conceito urbanístico e pela beleza dos edifícios monumentais. Isso elevou o moral do País. O Brasil demonstrara não ser apenas o País do samba e do futebol.

A mudança da Capital mudou também o Brasil. Há o Brasil antes de Brasília e o Brasil pós Brasília. Foi a partir daí que o País começou a se modernizar e a caminhar no sentido de ocupar lugar de relevo entre os principais países. O tão almejado futuro estava finalmente à vista.

A partir da mudança da Capital o Brasil entra em processo contínuo de desenvolvimento, para o que cada governo vem dando a sua contribuição, inclusive os do período militar e até o mal-visto governo de Fernando Collor. Foi ele que abriu a economia do País, forçou a indústria brasileira a modernizar-se e a tornar-se competitiva, quebrou reservas de mercado e iniciou o processo de privatização. E, é bom lembrar: acabou com aquela coisa ridícula imposta pela burocracia fiscal, que era a de limitar em US$ 1,000 a quantia que se podia adquirir para viajar para o exterior e de vedar o uso de cartões de crédito internacionais.

Até também o governo Sarney. Sem falar na sua contribuição para a redemocratização do País, foram suas malogradas tentativas de conter a inflação que permitiram à equipe montada por Fernando Henrique – então ministro da Fazenda de Itamar Franco – fazer as devidas correções e criar o vitorioso Plano Real. Fernando Henrique, depois, como presidente, consolidou-o e tomou outras medidas para sanear as finanças públicas, o sistema bancário e inserir o País numa economia de mercado.

Finalmente, a contribuição do governo Lula, que foi a de não desarrumar a casa que recebera arrumada. Se não caminhou para a frente, ao menos não caminhou para trás.

Há muita coisa ainda por fazer, razão pela qual se espera que o Brasil, nas eleições deste ano, seja entregue a mãos de comprovada competência.

Por tudo que Brasília representou nesse processo, é justo que se renda homenagem a quem teve a visão e a ousadia de concretizar o sonho histórico – Juscelino Kubitschek –, aos que tiveram, nisso, papel mais destacado: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro. E aos empresários, engenheiros e candangos que ajudaram a erguer a cidade.

NOVO GOVERNADOR

Brasília está com novo governador, Rogério Rosso, eleito sábado pela Câmara Distrital, para cumprir mandato até o fim do ano. A grande maioria da população não o conhece bem. Sabe-se que administrou a Ceilândia sob o governo Roriz e foi candidato a deputado federal, ficando na primeira suplência, e é casado com a filha de pioneiro e próspero empresário da cidade. Bem, é torcer para que administre a Capital com correção e conclua as obras em andamento, não fazendo concessões aos suspeitos de envolvimento nos graves escândalos que macularam a imagem da cidade.


SERIAL KILLER

O serial killer de Luziânia, Adimar da Silva, foi encontrado morto em sua cela. Teria sido morto ou suicidou-se, enforcando-se com corda feita de tiras de camisa ou lençol. É caso a se apurar, porque a policiais cabe zelar pela integridade física de um preso. A morte, em si, porém, não é de se lamentar. Era assassino perigoso e irrecuperável. E, com o passar dos anos, poderia, quem sabe, ganhar a liberdade de novo e cometer mais uma série de crimes.


“ABRIL VERMELHO”

Está aí o MST novamente invadindo propriedades rurais e ocupando prédios públicos. Hoje integrantes do movimento ocuparam a sede do Incra, em Brasília. Apesar de terem avisado que o fariam, o governo não tomou nenhuma providência para impedir que chegassem ao prédio.

* O autor é jornalista.

domingo, 18 de abril de 2010

Novo governador

Não dá para dizer que o novo governador é ligado a fulando ou cicrano.
Secretário de Roriz, administrador de Ceilândia no governo Roriz, presidente da Codeplan do governo Arruda, parceiro político de Chico Vigilante, teria um eventual apoio do PT caso fosse para o segundo turno, segundo notícias do CB. O governador eleito do PMDB contou com o voto de 10 parlamentares envolvidos explicitamente no escândalo do mensalão. Mas parece um troca troca, de parceiros e ex-parceiros, sem nenhuma distinção consistente, apenas oportunismo, infelizmente tão comuns na política de Brasília.

Caso o STF não decrete a intervenção em Brasília, o novo governador terá que se legitimar por uma ação rápida e competente, pois a origem de sua escolha não o legitima perante os eleitores de Brasília.

Roriz vota em Lima e/ou em Ibanez, Mensaleiros elegem Governador do DF, PT votaria no Rosso em eventual 2 turno: onde chegamos?

Enviado por Ricardo Noblat - 17.4.2010 | 19h47m

intervenção, Rosso

Do blog do Noblat: Com 13 votos de um total de 24, Rogério Rosso (PMDB), ex-administrador da cidade de Ceilândia no governo Joaquim Roriz e ex-presidente de empresa estatal no governo José Roberto Arruda, acabou de ser eleito governador-tampão do Distrito Federal.

Vamos à ficha da maioria dos deputados que o elegeu:

1. Aylton Gomes (PR) - denunciado por causa do escândalo do mensalão do DEM.

2. Benedito Domingos (PP) - denunciado por causa do escândalo do mensalão do DEM.

3. Benício Tavares (PMDB) - denunciado por causa do escândalo do mensalão do DEM. Aparece em vídeo.

4. Eurides Brito (PMDB) - denunciada por causa do escândalo do mensalão do DEM. Aparece em vídeo enchendo a bolsa com dinheiro.

5. Rogério Ulysses - expulso do PSB. Denunciado por causa do escândalo do mensalão do DEM.

6. Roney Nemer (PMDB) - denunciado por causa do escândalo do mensalão do DEM.

Os deputados distritais Junior Brunelli (PSC) e Leonardo Prudente renunciaram ao mandato por causa do escândalo do mensalão do DEM.

Brunelli apareceu em vídeo rezando pela graça alcançada de receber dinheiro do esquema. Prudente, escondendo dinheiro nas meias.

Os dois foram substituídos por Pedro do Ovo (PRP) e Geraldo Naves (sem partido), que também votaram em Rogério Rosso para governador-tampão.

Naves foi aquele que esteve preso na Penitenciário da Papuda até recentemente. Envolveu-se na suposta tentativa de Arruda de subornar o jornalista Edson Sombra, testemunha-chave do mensalão.

Saiu da Papuda para ajudar a eleger o novo governador.

Rosso teve ainda mais dois votos de fichas-sujas:

* Batista das Cooperativas (PRP) - indicou funcionários para trabalharem na administração da cidade de Águas Claras. Vários deles fortam flagrados trabalhando na cooperativa do próprio deputado.

* Aguinaldo de Jesus (PRB) - responde a processo por improbidade administrativa. Foi secretário de Esportes do governo Arruda.

Em resumo: dos 13 votos de Rosso, 10 estão manchados por escândalos.

Tem ou não de haver intervenção no Distrito Federal?

O Procuradror Geral da República está certo ao defender a intervenção.

Do blog do Ricardo Noblat - 17.4.2010 | 17h33m

MANDATO-TAMPÃO
Roriz pode apoiar o candidato do PT ao governo do DF
Wilson Lima, governador em exercício do Distrito Federal, e candidato a governador-tampão, pode transferir seus votos ainda no primeiro turno para Antônio Ibañez, ex-reitor da UnB, candidato do PT a governador.

Está em curso a sessão da Câmara Legislativa do Distrito Federal para eleger quem venha a cumprir o resto do mandato de José Roberto Arruda, derrubado pelo mensalão do DEM.

Quem está por trás de Lima é o ex-governador Joaquim Roriz, candidato a governar o Distrito Federal pela quinta-vez.

Se não dá para eleger Lima, Roriz prefere eleger o candidato do PT a ver eleito o candidato do PMDB, Rogério Rosso, apoiado pelo deputado federal Tadeu Felipelli.

O PT votará em Rosso num eventual segundo turno. Obedece à orientação do Palácio do Planalto, interessado na dobradinha PT-PMDB para eleger em outubro o próximo governador do Distrito Federal.

Agnelo Queiroz será o candidato do PT ao governo. Felipelli quer uma vaga para ele na chapa - como vice ou como candidato a senador.

Roriz não quer nada disso. Pode apoiar o candidato a governador-tampão do PT para complicar mais adiante uma aliança PT-PMDB capaz de derrotá-lo.

sábado, 17 de abril de 2010

Legalidade versus legitimidade: a necessidade da reforma política

A eleição para governador indireto para completar o mandato do Arruda deverá ocorrer hoje pela manha. No sentido prático, aquele grupo que conseguir eleger o próximo governador pelos próximos oito meses terá a máquina do Estado para se manter no poder a partir da próxima eleição.

Isto é legal e o previsto na interpretação jurídica dos tribunais. Isto também conta com o apoio de importantes setores da sociedade, principalmente o setor da construção, comprometido com um tanto de obras públicas iniciadas pelo governador cassado.
Mas o resultado desta eleição será legítimo? Alguém de boa índole acredita que os parlamentares distritais, em sua maioria envolvidos em escândalos de corrupção, como mostram as notícias dos jornais, têm a nossa voz para eleger aquele que nos irá governar e influenciar a política brasiliense nos próximos anos? Com maioria dentro de 24 votos entre pessoas acusadas de desvio de verbas públicas, o próximo governador representará um milhão e oitocentos mil brasilienses. Mudando regras a toda hora para fazer frente ao amadorismo político, que legitimidade terá o eleito? A do dono do cofre público, que poderá distribuir favores para todos os lados para se fortalecer com os asseclas que se beneficiam da força do poder público.

Esta eleição não resolverá o maior problema do país hoje: regras políticas e eleitorais que fragilizam a representatividade política, distanciam o eleito de seu eleitor e transformam a ação pública do eleito em algo desconhecido pela nação.

Hoje eu sinto falta do mecanismo institucional de forma de governo que toda a Europa usa e que a Constituinte de 1988 tentou adotar, mas foi abortado e massacrada por todos aqueles que queriam o Estado personalista e patrimonialista: o sistema parlamentar e um sistema eleitoral restrito, do tipo voto misto.
No Sistema Parlamentar o governante é responsabilizado todo o tempo. O Congresso é chamado a participar das decisões de governo todo o momento, se os dois falharem em encontrar soluções comuns para o país, em vez de mensalão, como se ver hoje em dia, dissolve-se o governo e o parlamento e convocam-se novas eleições. No sistema parlamentar a burocracia pública é capacitada para dar andamento aos projetos estratégicos do governo, sem solução de continuidade quando muda o dirigente. Não é milagroso, mas é um grande aperfeiçoamento das relações democráticas.
Não adotamos porque políticos personalistas e que fazem uso do patrimônio público para seu benefício não permitiram em 1988 e fizeram campanha pesada em 1993. Sarney, esta figura intocável de nossa República, como o definiu o presidente Lula, foi quem deu tiro de misericórdia no sistema parlamentar naquele momento. Eu acredito que a rejeição do parlamentarismo, em parte, responde pelo fato de a face da política brasileira hoje parecer mais com Al Capone do que com Pedro Simon.
Ainda temos tempo. Enquanto há vida existe chance de corrigir rumos. Precisamos mudar nossas instituições de representação popular.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Euforia na Economia é como embriaguês na vida, melhor parar antes

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS retirado da Folha de São Paulo de 16/04/2010

A economia do país em direção ao muro
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A euforia pelo crescimento nos levará a bater no muro das restrições econômicas; esse filme tem final triste
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A ACELERAÇÃO do crescimento econômico no Brasil começa a me assustar. Com base nos dados do primeiro trimestre deste ano, um grupo de analistas já fala em crescimento do PIB de mais de 7% em 2010. Nós, na Quest Investimentos, ainda não chegamos a tal, talvez porque meus colegas sejam mais cautelosos do que eu...
O crescimento da demanda interna pode ficar próximo a 10% em 2010. As importações respondem por essa diferença entre PIB e a chamada absorção interna. Mas elas acomodam a demanda aquecida apenas no grupo dos chamados bens "tradables", isto é, aqueles que podem ser comprados em outros países. A maior parte da oferta na economia brasileira é constituída por bens e serviços que não podem ser importados. O mais importante deles é o mercado de trabalho e nele é que está a componente mais ameaçadora que vejo para a frente. Também a infraestrutura econômica não está preparada para acomodar tal crescimento econômico. Afinal, são quase oito anos sem investimentos federais relevantes.
Poderemos chegar ao fim deste ano com uma taxa de desemprego da ordem de 6%, mantido o crescimento atual da geração de postos de trabalho. Em março, o número de empregos formais aumentou em 266 mil, número muito forte para o mês. O ministro do Trabalho, encantado com o próprio sucesso, disse ontem que esse número deve se repetir neste mês. Dada a composição da oferta de mão de obra no país, a desocupação ainda elevada esconde uma situação de escassez nas faixas profissionais mais qualificadas.
A pressão sobre os salários desse segmento dos trabalhadores já está ocorrendo e deve se acelerar. Na construção civil, um dos pontos mais aquecidos da economia, os salários já estão crescendo a mais de 10% ao ano. Mas outros sinais também alertam o analista mais cuidadoso. São evidências de instabilidade grave. Dou um exemplo: a produção de caminhões da Mercedes-Benz brasileira em março foi o dobro da matriz na Alemanha. Mesmo com a crise na Alemanha esse número é um aleijão para mim.
Minha experiência profissional diz que estamos entrando em um daqueles momentos em que a euforia do brasileiro -aqui incluído trabalhadores, empresários e governo- vai nos levar a bater no muro das restrições econômicas. E a inflação é o problema mais grave que vamos enfrentar. Não me surpreenderia se, em poucos meses, estivermos falando de uma taxa de inflação, 12 meses à frente, superior a 6% ao ano.
O governo -que teve atuação exemplar durante a curta crise que vivemos- entrou agora na defesa de uma macroeconomia keynesiana utópica e muito perigosa. Segundo a equipe econômica, os investimentos privados estão acontecendo e devem assegurar o equilíbrio entre oferta e demanda. São os eternos canarinhos que voam no universo dos economistas brasileiros. Já vi esse filme no passado e posso assegurar ao leitor que o final será triste.Por outro lado, a dinâmica eleitoral esta criando uma onda de benesses que apenas agrava o quadro de superaquecimento. Contabilizem os aumentos de gastos que estão saindo do Congresso nesses últimos meses e façam as contas. Isso joga mais lenha na fogueira da demanda privada.
Para tentar esfriar o entusiasmo de todos, parece restar apenas a atuação do Banco Central. Mas trazer de volta o senso do real nesta altura do campeonato apenas com juros mais elevados será uma tarefa difícil e com prazo longo de maturação.
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LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS , 67, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

12/04/2010


SEM DIVISÕES NO PAÍS

Ary Ribeiro *

Impossível deixar de lembrar dos memoráveis dias da campanha das Diretas-já e da eleição de Tancredo Neves diante do entusiasmo suscitado pelo encontro nacional promovido pelo PSDB, sábado, em Brasília.

Ao oficializar sua tão esperada pré-candidatura à sucessão presidencial, Serra foi incisivo em dois pontos: primeiro, que não se deve esperar dele nenhum ato, nenhum gesto para dividir brasileiros, para jogar Norte contra Sul, pobre contra rico, rico contra pobre; segundo, o Brasil pode mais.

De fato, se o Brasil atravessa boa fase, se a grande maioria dos brasileiros está razoavelmente satisfeita, isto se deve ao que foi construído ao longo de sucessivos governos, desde as bases do agronegócio até a organização das finanças públicas, passando pela instituição do Plano Real – que salvou os salários da corrosão inflacionária. E ao fator sorte, que concedeu ao atual governo seis anos de cenário internacional sem crises. O mérito do presidente Lula, como disse uma articulista no Wall Street Journal, foi não ter desfeito as conquistas monetárias e fiscais de Fernando Henrique. Então, há muito por fazer. E pode ser feito.

Os discursos, principalmente os de Fernando Henrique, José Serra e Aécio Neves, brilhantes na forma e no conteúdo, fizeram lembrar realmente os dos saudosos Ulysses Guimarães e Mário Covas, entre tantos outros, na empolgante luta pelo fim do regime militar.

Derrotada a emenda Dante de Oliveira (que estabelecia eleição direta para Presidente da República), a oposição, comandada pelo então MDB, com apoio de uma dissidência do partido da situação, a Arena, decidiu participar da eleição indireta, com a candidatura de Tancredo Neves.

Da primeira campanha, o PT de Lula participou; da segunda, não. Preferiu deixar o campo aberto para a vitória de Paulo Maluf – que significava o prolongamento do regime militar não se sabe por quanto tempo mais – a eleger Tancredo, ainda que pelo Colégio Eleitoral, mas com a expectativa concreta de pôr fim ao período autoritário.

Aliás, o PT não só se recusou a votar em Tancredo – tendo expulsado três deputados que o fizeram – como, depois, se colocou contra o pacto social que Tancredo julgava indispensável para permitir transição mais tranqüila, do regime autoritário para o democrático, a exemplo do que ocorrera pouco antes, na Espanha (o Pacto de Moncloa e outros).

Quem conta isso é o ex-ministro Almir Pazzianotto, que foi advogado de Lula quando ele se iniciava na vida sindical. Escolhido por Tancredo para ser ministro do Trabalho (e confirmado, depois, por Sarney) recebeu dele a incumbência de negociar o pacto com empregados e empregadores.

“Enquanto Joaquim dos Santos Andrade, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Conclat – disse Pazzianotto, em recente artigo publicado no Estadão – reconhecia a gravidade da crise e se revelava disposto a colaborar, a associação CUT-PT abria hostilidades contra o dr. Tancredo. (...) Um desvairado Jair Meneguelli panfletava fábricas com a seguinte mensagem: Metalúrgicos vão à greve contra o pacto. (...) O Jornal da Tarde estampava a manchete: A CUT e o PT declaram guerra a Tancredo. (...) Os fatos revelariam que PT e CUT não blefavam. (...) Na manifestação de 1º de maio, realizada na Praça da Sé, Meneguelli esbravejava: Vamos parar o Brasil de Norte a Sul. De fato, o Brasil via-se atacado por milhares de greves políticas e selvagens.”

Causou espécie, por isso, que, depois de tudo, a pré-candidata do PT tivesse iniciado sua campanha-solo (sem Lula) depositando, sorridente, uma coroa de flores justamente no túmulo de Tancredo Neves. É verdade que ela não participou daqueles acontecimentos. É cristã nova na seara petista...

SUJEIRA

O projeto ficha limpa é batata quente nas mãos do governo e do Congresso. Como se sabe, chegou ao Parlamento como iniciativa popular prevista na Constituição, tendo por trás 1,6 milhão de assinaturas. Representava a reação da sociedade contra tantas denúncias de mau comportamento de políticos e sobretudo ao fato, bem conhecido, de que muitos buscam mandato popular para pôr-se a salvo de processos.

Primeiro, procurou-se, na Câmara dos Deputados, fazer corpo mole, deixando a proposição caminhar bem vagarosamente. Ocorre que a imprensa e as várias entidades da sociedade civil que estão à frente da iniciativa, entre as quais a Ordem dos Advogados do Brasil e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), não deixaram o assunto morrer.

A proposição original estabelecia a inelegibilidade de quem fosse condenado na primeira instância ou tivesse denúncia recebida por órgão colegiado, por crimes dolosos contra a vida, de abuso de autoridade, contra a economia popular, a fé pública, a administração e por tráfico de drogas.

Para tentar reduzir as resistências, estabeleceram, na Câmara, que só seria inelegível quem fosse condenado por órgão colegiado, sob o argumento, válido, de que seria temerário permitir que um juiz singular, sujeito, por vezes, a contingências imperiosas, principalmente em pequenas cidades do País, acabasse por truncar a carreira política de alguém. E em troca, incluíram mais alguns tipos de crime: racismo, tortura, terrorismo e lavagem de dinheiro.

Nem assim. O presidente da Câmara, Michel Temer, ia pô-lo em votação, mas não deixaram. Talvez pelo fato de haver, no Congresso, muitos parlamentares investigados pelo Supremo Tribunal Federal. Apesar de alguns integrarem suas bancadas, o PSDB e o DEM tomaram posição a favor do projeto; o PT e a base aliada, contra. E o governo fica sem saber bem o que fazer: não quer contrariar seus aliados, mas também não quer, num ano eleitoral, ficar contra expressivas entidades da sociedade civil.

Os que são contra invocam argumento constitucional: ninguém é culpado sem condenação transitada em julgado. Seria correto se não estivesse em causa o interesse maior da sociedade. Se alguém é condenado por um órgão colegiado – uma segunda instância, portanto, muito mais isenta – pode até vir a ser absolvido, anos depois, em última instância. Até lá, paira sobre ele no mínimo a dúvida. Como indivíduo, ela o beneficiaria (in dubio pro réu), mas se é candidato a cargo eletivo, se pretende ser representante do povo ou do Estado, a dúvida deve ser tomada a favor da coletividade. Se há fundada dúvida, melhor que fique adiada a pretensão política.

Agora estão pretendendo fazer outra alteração no projeto, a qual, se prevalecer, o tornaria inócuo: o condenado poderia recorrer a Tribunal superior, tendo o recurso efeito suspensivo e poderia beneficiar-se de liminar, com o que praticamente lhe estaria assegurado o direito de disputar a eleição. O efeito suspensivo já seria quase suficiente para isso. E uma liminar dificilmente deixaria de ser concedida, pois estaria em causa suposto direito individual.

* O autor é jornalista e escreve às segundas neste Blog.

domingo, 11 de abril de 2010

Serra, é "deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil"

Da Folha de São Paulo em 10/04/2010 - 13h47
Serra lança candidatura e provoca dizendo que "Brasil não tem dono"
MÁRCIO FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Ao lançar sua campanha à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não poupou críticas indiretas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em várias áreas e voltou a repetir seu slogan de que o "Brasil pode mais", que tem sido rejeitado por petistas.

Em seu discurso, Serra criticou a divisão do país em classes e regiões e ainda provocou seus adversários ao dizer que" o Brasil não tem dono" e que a oposição está preparada para "quanto mais mentiras disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles".

Segundo Serra, é "deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil".

Eliane Cantanhêde: Aécio rouba a cena em evento para Serra

Serra arrancou aplausos dos militantes ao dizer que o Brasil precisa de "coragem para construir o Brasil melhor, o Brasil da União". "Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos. Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem", disse.

O ex-governador disse ainda que defende um país sem exclusão. "Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma Nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros e não pela sua divisão. Pode haver uma desavença aqui outra acolá, como em qualquer família. Mas vamos trabalhar somando, agregando. Nunca dividindo. Nunca excluindo", afirmou.

Serra gastou parte do seu discurso criticando a falta de ações na área da Saúde durante o governo Lula após lembrar seus feitos à frente do Ministério da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso.

"Criamos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Saúde, a implantação dos genéricos, a proibição do fumo nos aviões e da propaganda de cigarros e a regulamentação dos planos de saúde".

Serra afirmou que boa parte da criminalidade do país é motivada pela certeza de "impunidade". 'Um país só poderá atingir a paz se se existir a garantia de que a atitude criminosa não ficará sem castigo.Quero que meus netos cresçam num país onde a lei será aplicada a todos. No país, nenhum brasileiro vai estar acima da lei. Com segurança na Justiça o Brasil pode mais", disse.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um pouco de Economia: Incerteza certa

Autor(es): Ilan Goldfajn
Retirado do O Estado de S. Paulo - 06/04/2010

Ocorreu de tudo na semana passada. O presidente do Banco Central (BC) do Brasil provavelmente iria deixar o BC, resolveu ficar. O candidato principal ao cargo iria assumir, acabou que não. Houve rumores de que outros candidatos iriam ser indicados pelo presidente da República, mas ficou nisso. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) explicou tudo coerentemente, menos por que os diretores mantiveram a taxa de juros parada. O Relatório de Inflação de março apressou-se a fornecer essa explicação, mas não sob o comando do diretor responsável, que deixou a função pouco antes da divulgação, após quatro anos no cargo. Enquanto isso a expectativa de inflação atingiu 5,2% para este ano, acima do centro da meta de 4,5%, e continua subindo. Há motivo de preocupação?
Tudo indica que não, pelo menos no curto prazo. O problema de inflação atual do Brasil resulta do excesso, não da falta, de crescimento (como será o caso dos países avançados). Excesso de demanda tem gerado um crescimento acima do sustentável (no último trimestre, o PIB cresceu acima de 8%) e uma inflação incipiente. A permanência do atual presidente do Banco Central é uma garantia de que a subida recente da inflação será combatida. Os novos (e antigos que ficaram) diretores deverão auxiliá-lo nessa tarefa, com a mesma competência reconhecida dos que saíram. Ao longo do tempo essa política, se mantida como no passado, irá fazer a inflação recuar para o centro da meta e o Brasil crescer sustentadamente por mais tempo.
Mas o sistema de governança atual gera incerteza em momentos críticos. Quando termina o mandato do presidente da República, há sempre dúvidas sobre as políticas futuras. E é nesse momento que ocorrem as substituições no BC. E com elas surgem dúvidas adicionais desnecessárias, como: Será que o novo Banco Central terá o mesmo compromisso no combate à inflação?
Uma solução simples é encontrada no resto do mundo. Separa-se o término do mandato presidencial das substituições no Banco Central, que ocorrem intercaladas ao longo do tempo. Com isso, diminuem-se as incertezas e, ao longo do tempo, fica claro que não haverá rupturas em políticas responsáveis básicas no Brasil. O País amadurece e evita-se a tentação de soluções curto-prazistas. A sociedade pode continuar a se concentrar em melhorar, investir e aumentar a sua produtividade, em vez de recorrentemente voltar a pensar na inflação.
A sociedade, por meio do presidente da República eleito, continua com a prerrogativa de escolher a diretoria do Banco Central e seus diretores ao longo do tempo, à medida que vençam os mandatos individuais. No futuro, a manutenção dessa política básica (combate à inflação) dependerá mais da própria instituição (BC) e menos (sem nunca prescindir) dos indivíduos escolhidos para as funções. Quanto mais a sociedade dependa das instituições, e quanto mais sólidas elas sejam, maior a chance de os indivíduos fazerem a diferença em outros aspectos da economia, como no empreendedorismo e na inovação, fundamentais ao crescimento.
Vários artigos na literatura acadêmica têm ressaltado a importância do desenvolvimento das instituições sobre o crescimento. (Vejam, por exemplo, Institutions as the Fundamental Cause of Long-Run Growth, por Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson, no livro Handbook of Economic Growth, editado por Philippe Aghion e Stephen Durlauf, Elsevier, North Holland, 2005.)
Mas por que uma solução tão simples (e adotada no resto do mundo) não tem tido eco no Brasil até hoje? Por diversos receios. Entre eles os que advêm do próprio nome da reforma: "autonomia operacional" do BC. Nesse regime, ao contrário da "independência", o executivo define as metas futuras do BC. Mesmo assim, há receio de outorgar a "autonomia" por razões técnicas (como fazer quando é necessário mudar a pessoa no meio do mandato por razões justas como problema ético ou até incompetência comprovada?) ou ideológicas (autonomia para aqueles que não foram eleitos?). Um desenho adequado da reforma pode permitir separar o joio do trigo (razões políticas de curto prazo versus ética/incompetência) e apaziguar a questão ideológica (afinal, os membros do BC seriam escolhidos pelos eleitos para buscar as metas predefinidas por outros).
Hoje o Banco Central tem autonomia "de facto". Seus dirigentes têm, de fato, autonomia para perseguir as metas estabelecidas de inflação e, assim, cumprir o papel de guardiães do poder de compra da moeda. Isso é um grande avanço, dado que a sociedade está organizada (mesmo que informalmente) para combater a inflação. Essa organização tem permitido o trabalho do Banco Central e a estabilidade alcançada nos últimos anos.
A autonomia "de facto" atinge muito, mas não tudo. Falha nos momentos de mudança de governo, em que a continuidade dos usos e costumes (arranjos "de facto") é questionada e a organização formal "de jure" (por lei) começa a fazer falta. As expectativas de inflação podem começar a subir com dúvidas sobre o compromisso do futuro Banco Central em combater a inflação.
O Brasil carece ainda de várias reformas - educacional, trabalhista, previdenciária, administrativa, política, entre outras - e todas demandam esforço e capital político para serem desenhadas, aprovadas e implementadas: algumas reformas são essenciais para a continuidade do crescimento atual.
Não é fácil argumentar sobre a necessidade de mais uma reforma, por mais simples que seja (outorgar mandatos fixos e escalonados para os dirigentes do Banco Central), quando há muitas a fazer e a política monetária tem funcionado "de facto" a contento, quase o tempo todo. O problema é o quase: pode haver falhas nos momentos críticos, quando é essencial manter sob controle as expectativas de inflação para facilitar a transição e dirimir dúvidas quanto ao futuro.
Economista-Chefe do Itaú Unibanco

"Contenha seu entusiasmo pelo Brasil", diz colunista do "WSJ"

da BBC Brasil
Desde que o Brasil descobriu novas e promissoras reservas de petróleo na sua costa em 2007, o país parece ter abandonado várias reformas que deveriam deixá-lo em sintonia com sua ambição de conquistar um lugar entra as nações mais industrializadas do mundo.
É o que diz um artigo no "Wall Street Journal" nesta segunda-feira assinado por Mary Anastasia O'Grady, editora e colunista do jornal americano de finanças.

O texto, intitulado "Contenha seu entusiasmo pelo Brasil", questiona o otimismo manifestado no país sobre o sucesso das parcerias público-privadas na reinvenção "de um Brasil com sua nova riqueza". O'Grady se refere em particular ao entusiasmo manifestado pelo empresário Eike Batista em uma recente passagem por Nova York.

Ela conta que Batista, apontado como o homem mais rico do Brasil e o oitavo mais rico do mundo pela revista "Forbes", "encantou a plateia com seu entusiasmo, não apenas por seus próprios projetos no desenvolvimento da exploração de petróleo, de portos e de estaleiros, como também pelo seu país".

"Apesar dos muitos erros do passado, ele (Batista) disse que o Brasil mudou e está pronto para reclamar seu lugar de direito entre as nações industrializadas", escreve.
Mas a autora do artigo se diz "cética" quanto ao otimismo de Batista, e se pergunta se o resto do país também vai se beneficiar das oportunidades que se abriram para o empresário no setor de gás e petróleo.

"Quanto mais a elite do país fala sobre sua parceria público-privada para reinventar o Brasil com sua recém-descoberta riqueza, mais soa como o mesmo velho corporativismo latino", diz ela.

O'Grady admite que o Brasil melhorou "em relação ao que era em meados da década de 90, quando a hiperinflação alimentou caos nacional", e disse que "o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real".

A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que "uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada". "Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco."

A jornalista considera positivo que mudanças sejam gradativas, mas diz que "o problema é que desde que o Brasil descobriu petróleo abundante na costa em 2007, parece ter abandonado até as reformas modestas". No artigo, ela sugere que faltam reformas que facilitem a operação de muitas empresas de pequeno e médio porte.

Citando um relatório do Banco Mundial de 2010, O'Grady diz que o Brasil não tem um bom histórico em relação à abertura de empresa, pagamento de impostos, contratação de funcionários e obtenção de alvará de construção.

Mais sobre a Intervenção no DF

Notícia retirada do Blog da Paola Lima

Cristovam pede presente a distritais
Câmara Legislativa, GDF, Senado em 05/04/2010 às 20:42

Cristovam, eleição indireta, Pandora


O senador Cristovam Buarque (PDT) fez um pedido especial aos deputados distritais em pronunciamento no plenário do Senado Federal na noite desta segunda-feira (5). Cristovam pediu que os distritais dêem um presente de aniversário a Brasília, elegendo no próximo dia 17 a pessoa certa para governar o Distrito Federal até o final deste mandato. No entendimento do senador, essa pessoa deveria ter cara, corpo e coração de interventor, fazendo mudanças reais no GDF, mas sem ser fruto de uma intervenção e, sim, de uma eleição consensual. “Se isso não for feito eu mesmo passarei a defender a intervenção pessoalmente”, ponderou o senador.

Vamos cobrar dele!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

OPÇÕES NA MESA

05/04/2010


Ary Ribeiro *

As cartas estão na mesa. Os dois principais nomes para a disputa presidencial de outubro estão praticamente no páreo, sem mencionar que Dilma Rousseff vinha correndo sozinha (ou melhor, com Lula) há bastante tempo. José Serra esperou, no cargo, até o último momento. Agora estão ambos afastados dos cargos públicos: ela já é formalmente pré-candidata; ele terá sua pré-candidatura formalizada sábado, em reunião que o PSDB realizará em Brasília.

Ciro Gomes ainda é uma incógnita. Não se sabe se será ou não candidato. Marina Silva seria o terceiro ou quarto nome. A seguir, virão aqueles os de pequenas e quase desconhecidas siglas partidárias, quase todos apenas com traços nos índices de pesquisas de intenção de votos.

Atendo-se aos dois nomes principais, as opções também estão na mesa. Dilma oferece a continuação do governo Lula. Mais do mesmo. Não se pode dizer que as pessoas, de modo geral, estejam descontentes com o atual governo, pois as pesquisas estão aí a dar a resposta. Mas é preciso lembrar que a situação relativamente boa vivida pelo País se deve sobretudo aos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que criaram o Real, estabilizando o valor do dinheiro, e (o segundo) mecanismos que permitiram sanear a economia. Aécio Neves assinala bem esse fato em entrevista publicada nas páginas amarelas da Veja desta semana: “Somos (o PSDB) a matriz de todos os avanços sociais e econômicos do Brasil contemporâneo.”


O Wall Street Journal, que há poucos dias publicara caderno de 12 páginas (pago?), citando Lula, Dilma, Meirelles, e dizendo que, para o Brasil, “o amanhã finalmente chegou”, hoje (dia 5) traz em sua página de Opinião artigo de Mary Anastasia O’Grady intitulado: Cub Your Enthusiasm for Brazil (numa livre tradução: “Contenha seu entusiasmo pelo Brasil”). Ela assinala: “O presidente Lula da Silva ganha elogios de empresários como Eike Batista, mas uma retrospectiva desde a sua posse mostra que o melhor que ele fez como executivo-chefe do país foi não fazer nada. Quer dizer, ele não desfez as conquistas monetárias e fiscais de (Fernando Henrique) Cardoso.”

A articulista nota ainda que o Brasil ocupa o 129º lugar no ranking “facilidade para fazer negócios”, na classificação do Banco Mundial. Ela não diz, mas há outras coisas que não vão bem. A boa vontade para com o governo, apontada pelas pesquisas de opinião pública, só pode ser explicada pela facilidade ao consumismo, porque quem tem de se utilizar do serviço público de saúde sabe bem em que estado lastimável se encontra. E a educação? E os serviços de modo geral? Há dados concretos indicando problemas. No fim de semana a imprensa divulgou que o mês de março registrou o menor superávit (para o mesmo mês) da balança comercial nos últimos dez anos, e ainda que, em 2009, a participação do Brasil no comércio global foi de apenas 1,2%. O País ocupa a 24ª posição no ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Então, “o Brasil pode mais”. Essa é a opção proposta por Serra e por ele anunciada na despedida do cargo de governador de São Paulo. Como o setor macroeconômico passou mais ou menos intacto pelo governo Lula, o “poder mais”, aí, significaria fazer reformas ainda necessárias, melhorar substancialmente a Saúde pública e a Educação e tornar mais eficientes os serviços oferecidos pelo Estado aos cidadãos. Serra e Aécio procuraram fazer isso como governadores. Na citada entrevista, Aécio disse como tornou eficiente a máquina do serviço público em seu Estado: “Estabelecemos metas para todos os servidores, dos professores aos policiais. E 100% deles passaram a receber remuneração extra sempre que atingissem as metas acordadas. O governo começou a funcionar como se fosse uma empresa. Os resultados apareceram com uma rapidez impressionante. A mortalidade infantil em Minas caiu mais do que em qualquer outro Estado, a desnutrição infantil das regiões mais pobres chegou perto do patamar das regiões mais ricas, todas as cidades do Estado agora são ligadas por asfalto, a energia elétrica foi levada a todas as comunidades rurais e mesmo as mais pobres passaram a ter saneamento. Na segurança pública conseguimos avanços notáveis com a efetiva diminuição de todos os tipos de crime.”

É por isso que, na área tucana, a pressão é grande para que Aécio aceite ser o vice na chapa de Serra. Em artigo publicado no Estadão de domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz apelo indireto, mas muito forte, nesse sentido, ao lembrar que a aliança entre Minas e São Paulo “salvou-nos do autoritarismo no passado”. Referia-se ao fato de que, perdida a luta pelas Diretas-já, a Oposição vislumbrara a possibilidade de vitória no Colégio Eleitoral e decidira lançar candidato (a Oposição, lembro, menos o PT, que expulsou os três deputados que ousaram votar em Tancredo Neves). Ulysses Guimarães, que era o principal líder da Oposição, foi com o próprio Fernando Henrique falar com o governador paulista Franco Montoro e chegaram à conclusão de que o nome mais viável para a disputa no Colégio Eleitoral era o do então governador mineiro, Tancredo Neves, avô de Aécio.

“Mais do que os méritos e as ambições de cada um – relata FHC – contava o momento histórico. Ou nos uníamos e ampliávamos a frente contra o autoritarismo ou este permaneceria por mais tempo, esmaecido que fosse, com a eleição de Paulo Maluf, candidato da Arena. A visão de futuro e o interesse nacional contavam mais do que as biografias. Tiveram grandeza. São Paulo se uniu a Minas para que o Brasil avançasse e Ulysses chefiou a campanha pela eleição de Tancredo.” Agora, acrescenta, “é imperioso que as oposições se unam”. (...) “José Serra e Aécio Neves estiveram ao lado dos que permitiram derrotar o regime autoritário. Cabe-lhes agora conduzir-nos para uma vitória que nos dê esperança de dias melhores. Tenho certeza de que não nos decepcionarão.”

E já que falo em Fernando Henrique Cardoso, na semana passada ele aceitou convite do caderno Aliás, do Estadão, para debate com três renomados intelectuais – o sociólogo José de Souza Martins, o filósofo Renato Janine Ribeiro e o cientista político Renato Lessa – no antigo salão nobre da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, local em que ele defendeu, em 1961, sua tese de Doutorado. Ontem, o caderno Aliás publicou em duas páginas resumo que vale a pena ser lido, pelas reflexões feitas sobre a realidade econômica, social e política do País. Vai aqui pequena amostra: “Acho que estamos muito viciados no economicismo do pensamento. Pensamos tudo em termos do que é possível na economia. A gente só se preocupa com cresceu o PIB. Eu vou repetir o que disse há poucos dias a um repórter americano do Miami Herald. Ele me perguntou: O senhor acha que o Brasil vai ser mesmo a quinta potência do mundo? Eu disse: Pode ser, mas o que você chama de potência? Produto Interno Bruto? Então talvez seja. Mas não é essa a pergunta correta. Tem que perguntar: O senhor acha que o Brasil vai ser uma sociedade mais decente, mais digna , mais solidária, mais coesa, melhor para o seu povo, com mais igualdade? Aí eu tenho dúvidas. Do ponto de vista econômico, o Brasil vai continuar crescendo. (...) (Mas) Como é que vamos ter realmente uma sociedade decente? Como vamos fazer para dar uma educação que permita ao Brasil avançar mais? Há muitos anos eu digo que no dia em que o País tiver telefonista ou empregada doméstica capaz de anotar um recado, então terá se desenvolvido.”

Para terminar: Domingo, além da Páscoa, foi um dia de Fernando Henrique, que por sinal está lançando mais um livro, cujo título se inspirou numa frase que ele nega haver pronunciado (esqueçam o que escrevi): “Relembrando o que Escrevi: da Reconquista da Democracia aos Desafios Globais”.

* O autor é jornalista.

sábado, 3 de abril de 2010

Brasileiros defendem intervenção no DF

Nina é uma antiga e boa amiga do tempo da UnB. Ela me perguntou o que eu acho da intervenção em Brasília? Eu costumo basear minhas opiniões primeiro no que sinto e penso a respeito do assunto e depois na opinião de pessoas ou organismos que respeito.

Minha posição inicial com relação a este tema foi de apoiar a intervenção imediata em Brasília. Não sou jurista e, portanto, tenho um campo de ação limitado quanto à questão legal. Mas como cidadão e observador político de nossa capital eu não conseguia ver outra solução quanto à situação dos poderes políticos constituídos de nossa cidade, em função dos fatos evidenciados e dos que todos nós atentos sabemos que devem existir por trás do que já foi exposto.

Confesso que vinha vendo com bons olhos o governo Arruda, tinha fechado o Instituto Candango de Solidariedade, apontado pela imprensa como cabide de emprego e de escoamento de recursos públicos no governo do Dr. Roriz. Também extinguiu boa parte dos cargos de confiança da pesada máquina estadual e como anunciou, com os recursos que economizou passou a investir em obras para acabar com alguns gargalhos no transito e para implementar um melhor transporte público (que eu acho fundamental em nosso Distrito). Mas as evidências de corrupção mostraram-nos que o objetivo maior das referidas obras não era a melhora de vida do brasiliense, mas alimentar um esquema de corrupção e desvio de dinheiro público que, pelas evidências das provas, não começou com seu governo, mas estava de vento em popa no Governo Roriz e envolvia não só o Governo do DF, mas quase toda a Câmara legislativa local.

Diante disto eu via como solução melhor para nosso DF naquele momento, e ainda hoje vejo, a intervenção federal em Brasília, com a colocação de um interventor isento, de preferência respeitado nacionalmente e reconhecidamente ilibado e desligado dos esquema de poder no DF, para passar a limpo o esquema de corrupção montado há tanto tempo na máquina administrativa de nosso Distrito Federal.

Preocupa-me sim quem fará tal intervenção, por quanto tempo, teremos eleições, se não ficarão nossos representantes os políticos que estão ai? Tudo isto tem que ser levado em consideração antes de intervir.

Quanto à posições contrárias, o Senador Cristovam Buarque, a quem respeito e admiro de longa data, escreveu há alguns sábados no Correio Brasiliense que preferia não ver a intervenção, mas que deveríamos fazer um esforço para moralizar o DF, com algumas sugestões muito interessantes. Para ele a intervenção seria uma falência da política, embora não da democracia. O ministro Carlos Velloso, a quem também admiro, posicionou-se legalmente contra a intervenção e agora vejo a OAB, que é uma entidade respeitada e que teve participação importante na resistência à ditadura no nosso Brasil, promovendo, junto com o empresariado local, atos contra a intervenção no DF. Gostaria de entender o argumento deles e assim mudar minha opinião se for necessário.

Busquei entender a opinião de meus amigos virtuais e até recentemente eu achava que o resultado da pesquisa feita por meu Blog, que apresenta uma votação de 12x4 (75% a favor e 25% contra) refletisse uma opinião restrita daqueles que acessam o Blog do Zé Ricardo e assim pouco representativa da vontade do Eleitor de Brasília e do Brasil. Mas encontrei esta pesquisa do DataSenado que confirma esta posição (59% dos eleitores do Brasil são a favor da intervenção) . E você, o que pensa?

Retirado da Folha de São Paulo de 30/03/2010 - 15h07
Pesquisa do Senado indica que 59% defendem intervenção no Distrito Federal
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Uma pesquisa realizada pelo DataSenado, instituto de pesquisa do Senado Federal, mostrou que 59% dos brasileiros afirmam ser necessária a intervenção da União no Distrito Federal por causa da crise política que derrubou o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido).

O pedido de intervenção foi apresentado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, após a prisão de Arruda no dia 11 de fevereiro e deve ser votado até o final de abril pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O DataSenado ouviu 1.269 brasileiros maiores de 16 anos, em 81 municípios, por telefone. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais.

Segundo o levantamento, 37% dos entrevistados avaliam que a intervenção é desnecessária, enquanto 4% dos que participaram da pesquisa não responderam ou não souberam responder esse quesito.

No entendimento da maioria os entrevistados (52%), no entanto, a intervenção não tem relação com a punição dos envolvidos no esquema de corrupção. Para 33%, a determinação para um interventor aumenta a chance de punição para todos os envolvidos.

A pesquisa revela ainda que as notícias sobre o esquema de arrecadação e pagamento de propina tiveram repercussão nacional: sendo que 74% dos entrevistados confirmaram ter recebido informação sobre o caso. O DataSenado identificou ainda que entre os aspectos mais lembrados estavam o pagamento de propina, a distribuição de panetones e o "mensalão", com 42% das respostas.

Para 29% dos entrevistados, no entanto, o que mais ficou gravado diz respeito aos desdobramentos da crise para Arruda, como seu pedido de desfiliação do DEM --que acabou resultado na cassação de seu mandato na Justiça Eleitoral--, o pedido de afastamento e a prisão.

Entretanto, 31% dos entrevistados que afirmaram ter conhecimento da crise no DF não foram capazes de citar nenhum caso específico.