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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Somos Um e Política: Retratos de uma época

Eu recebi uma linda mensagem de ano novo (vou blogar abaixo). Dizia que escreveríamos um livro novo a cada ano que se inicia, independente do que ocorreu no passado. É verdade, podemos sempre iniciar uma reescrita de nossas vidas, escrever páginas novas, mas eu acredito que a vida não tem safras definidas, como a agricultura, é de semear e colher ao mesmo tempo, semear constantemente e colher constantemente. Semear para o futuro e colher o que plantamos no passado. Não adianta semear rosas a partir de 2011 e já querer colher-las imediatamente, se em 2010, 2009, 2008... semeamos tomates. Há de se ter paciência e sabedoria, pois por mais que tenhamos mudado, ainda colheremos um pouco do que plantamos no passado.

O Brasil está em festas, oito anos de Governo Lula, o presidente mais aprovado da história deste país. Final de uma era. Lula fez um grande governo, mas pegou um país ajustado pelas reformas impopulares feitas pelo presidente anterior e no caminho do crescimento sustentado. Muito fez em cima de uma plataforma sólida. Embora se expresse dessa forma, ele não pegou um livro em branco e escreveu a história de sucesso deste país a partir de 2003. Sua colheita foi plantada em períodos anteriores. Dilma colherá sua semeadura. Os anos vindouros dirão se foi boa.

Em termos de políticas internacionais incomoda aos brasileiros que lutaram contra o regime militar ver o governo Lula apoiar todas as ditaduras dos dias de hoje. Foi amigo próximo de Buch (um governante de direita) e se afastou dos EUA quando o democrata Obama assumiu. Se omitiu diante da morte de militantes oposicionistas cubanos e iranianos e do apedrejamento da mulher naquele país. No último dia de governo o ex-presidente fechou sua política externa com a liberação de um assassino condenada pela morte de quatro pessoas, por uma nação democrática, com muito mais tradição de liberdades que a nossa, com a desculpa de participar de um grupo político guerrilheiro. Pelas ironias e desprezo com que o presidente se refere a tudo que seja contra ele, eu estou feliz muito com a posse de Dilma.

Que Dilma implemente um novo tempo no Brasil. Estou torcendo por todos nós.
No Blog do Zé Ricardo as três ultimas enquetes terminam com um redondo não as ultimas notícias do governo que se finda: 12 foram contra a reintrodução da CPMF, contra apenas um voto; oito foram contra o expurgo da inflação de alimentos e transportes, como queria o ministro Mantega, contra um e nove se posicionaram contra o silêncio do governo Brasileiro na ONU em relação aos apedrejamentos no Iram. Mais uma vez um voto achou que o governo brasileiro agiu certo.

Grato a todos que visitaram e contribuíram para o Blog do Zé Ricardo, espero que possamos colher muitos frutos bons, destes anos de nunca na história do Brasil e que possamos semear muitas coisas boas, escrevendo novas paginas em nossos livros.
Feliz 2011.
Zé Ricardo

Somos Um: livro em branco em 2011?

Encerra-se mais um ano em sua vida...
Quando este ano começou, ele era todo seu.

Foi colocado em suas mãos...
Podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em Branco, e nele você podia ter um poema, um pesadelo uma blasfêmia, uma oração.

Podia...
Hoje não pode mais, já não é seu.
É um livro já escrito...
Concluído...
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto...
Antes que termine este ano, reflita, tome seu velho livro e folheie com cuidado...
Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência;
Faça o exercício de ler a você mesmo.
Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
Não...
Não tentes arrancá-las.
Seria inútil...
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que será entregue.
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir,
coloque-o nas mãos do Criador.
Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras:

Obrigado e Perdão!!!

E, quando o novo ano chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco, todo seu, no qual irá escrever o que desejar... FELIZ LIVRO NOVO !

Somos Um: Mensagem de Rosa Maria.

" Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome
de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a
funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser
humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de
acreditar que daqui para diante, vai ser diferente. "
Carlos Drummond de Andrade


Desejando uma parada no tempo do sorriso e como dizia meu pai poeta, muita rapidez no tempo das lágrimas...

Afinal o tempo é tambem nosso aliado nas reconstruções de amor e sobretudo no rejuvenescimento de nossos mais ocultos, desejados, esperados, mesmo desesperados, sempre azuis, sonhos de venturas sem par.
Que 2011 se abra radioso como um arco-iris, oferecendo no seu final, o mais deslumbrante pote-de-ouro.
Sonhar é viver, reviver e sem sonhos, perdemos o brilho que dá o sentido à vida.
Todo nosso carinho, nossa poesia, nossa doçura, nosso amor, nossas esperanças renovadas, na união da partilha.
Para cada um de vocês, que harmonizam nossas vidas na ternura da permanência.


Feliz 2011

sábado, 25 de dezembro de 2010

Somos Um: Feliz Natal de Amyra El Kalili

"Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio.
Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar alegre e amável.
Sê um tesouro para o pobre, um conselheiro para o rico; responde ao apelo do necessitado e preserva sagrada a tua promessa.
Sê imparcial em teu juízo e cauteloso no que dizes. A ninguém trates com injustiça e mostra toda humildade a todos os homens.
Sê como uma lâmpada para aqueles que andam nas trevas, sê causa de júbilo para o entristecido, um mar para o sequioso, um refúgio para o aflito, um apoio e defensor da vítima da opressão.
Que a integridade e retidão distingam todos os teus atos.
Sê um lar para o estranho, um bálsamo para quem sofre, uma torre de força para o fugitivo.
Para o cego, deves tu ser olhos, e para os pés dos errantes, uma luz que guie.
Sê um adorno para o semblante da verdade, uma coroa para a fronte da fidelidade, um pilar do templo da retidão, um alento de vida para o corpo da humanidade, uma insígnia das hostes da justiça, um luminar sobre o horizonte da virtude, um orvalho para o solo do coração humano, uma arca no oceano do conhecimento, um sol no céu da bondade, uma jóia no diadema da sabedoria, uma luz radiante no firmamento de tua geração, um fruto na árvore da humildade."

Profeta Bahá'u'lláh

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Somos Um: Feliz Natal e Nova Era

Mais uma primavera passou e um verão se inicia relembrando-nos a vinda do Deus Menino e o início de um novo ano e quem sabe de uma nova era. A boa nova anunciada por este Deus Menino é o encontro com o coração, um encontro com o Divino dentro de cada um de nós. .

A boa nova é a rejeição da tradição sem alma dos fariseus, ainda tão comum 2010 anos depois, colocando em primeiro plano a simplicidade do coração, acima das regras, rituais e pompas.

A boa nova do Deus Menino é a inquietude diante das injustiças do mundo, principalmente contra os mais fracos (sejam eles pecadores ou não).

Que sejamos capazes de transformar 2011 em uma nova era, vivendo a simplicidade de nossas essências, com nossos corações abertos, mas inquietos na busca de uma vida melhor para nós e para a coletividade, mas com simplicidade no coração.

De minha parte quero lhe agradecer por ter tocado minha vida e me tornado mais sábio, simples de coração e atento contra as injustiças. Como disse em outro momento, um pedaço de mim surgiu da interação com você. Muito grato.

Que a Luz da Estrela do Oriente guie todos ao Caminho do Deus Menino.
Que a Paz do Senhor aqueça todos os corações!
Que o Amor Fraternal brilhe em toda e para toda a humanidade.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ecologia: Copenhague ou Copenhágua?

Uma reflexão sobre a questão do CO2 do encontro de Kioto. Será que esta é a questão mais importante para a preservação da natureza e as futuras gerações? Será que estamos discutindo a questão chave para a preservação de nosso planeta e da vida por aqui no futuro? .
Retirada do blog do professor Apolo Heringer Lisboa
http://apoloheringerlisboa.wordpress.com/copenhagen-ou-copenhagua/

A estratégia de mobilização através do clima teve sucesso. O carbono se tornou um elemento químico mágico. Mas há o risco de reducionismo absurdo. Será que poderemos resolver nossos problemas ambientais, profundamente vinculados às relações econômico-sociais e internacionais, através do sequestro de carbono com matas homogêneas de eucalipto e cana? Além de outras contradições que surgiram em Kyoto, que paga pela mata monocultura florestal mas não paga pela preservação da floresta biodiversa nativa.

Uma mesma área de floresta biodiversa nativa tem valor muito superior a uma floresta homogênea plantada, do ponto de vista ambiental. Uma armadilha que está no modelo em consagração em Copenhague é desconhecer a biodiversidade e os ecossistemas remanescentes na Terra e tentar resolver questões complexas a partir de sequestro de carbono.

As áreas já desmatadas, as áreas abandonadas por culturas em decadência, ou as áreas possíveis de serem redirecionadas como oferta agro-florestal no planeta poderia ser utilizada como áreas de plantio de florestas homogêneas energéticas, capturando carbono e também riqueza para seus proprietários, com grande impacto ambiental e sócio-econômico mundial, fazendo retroceder a sanha de desmatamento de biomas nativos com as últimas reservas de biodiversidade e criando condições favoráveis para recuperação e sobrevivência de biomas em extinção.

As águas doce continentais disponíveis às populações tem muito a ver com o sistema de cobertura vegetal, sobretudo das florestas nativas. A água como eixo de mobilização e transformação das políticas urbanas e rurais, em todo o globo terrestre são mais profícuas, abrangentes, mobilizadoras e compreensíveis pelas grandes massas humanas que o carbono. O carbono e outras variáveis indicadores sistêmicos ambientais devem compor um sistema de monitoramento em que a vida e biodiversidade dos ecossistemas sejam centrais.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Economia: investimento em Pesquisa e Desenvolvimento

O Brasil está mudando. Firmas, especialmente as multinacionais, estão olhando o país com outros olhos e estão começando a investir mais em P&D no nosso mercado. Firmas como a IBM, a L’Oreal, a GE, a Chery chinesa estão apostando em pesquisas.

Os investimentos do setor público também cresceram, segundo o jornal o Valor, “O acesso ao dinheiro público melhorou com a criação dos fundos setoriais no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e se consolidou no governo Lula.”

Isto gera oportunidades e torna o Brasil em ponta de lança para o mundo competitivo.

Falta agora levarmos a sério o desafio de educarmos nossa população para um mercado cada vez mais competitivo, que exige pessoas preparadas, aptas a entender o que passar e a desenvolver novos conhecimentos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Somos Um e Política: Sakineh libertada: a experança não se confirmou

Ontem Miriam Leitão divulgou uma nota que falava sobre a libertação da mulher iraniana condenada a pedradas: A nota segue abaixo. Mas a notícia hoje é de que não se confirma a sua liberação. Olho com tristeza esta informação e estou certo que o fato de o Brasil do presidente Lula ter se calado na hora em que a ONU votava uma moção contra o apedrejamento nos faz, todos os brasileiros, um pouco culpados deste crime pré-anunciado contra esta mulher no Irã.

A nota de Miriam Leitão dizia o seguinte:

A notícia de libertação da iraniana é maravilhosa. Às vezes, a luta por uma pessoa se transforma na luta por um princípio. Isso foi o que tanta gente boa no mundo entendeu e no Brasil também. Houve mobilização pela internet, abaixo assinado, campanhas.

Aqui, houve uma campanha no twitter do #ligaLula, pedindo que o presidente brasileiro usasse sua influência e amizade com o lider iraniano pedindo por ela. Ele relutou e disse que era assunto interno e depois, por força do palanque, mas em boa hora, começou a usar os canais diplomáticos e as declarações em favor da iraniana.

A primeira vitória foi o cancelamento do apedrejamento. A segunda e definitiva é a libertação, coisa que todos os que assinaram o abaixo-assinado queriam. A entrevista da presidente eleita do Brasil, Dilma Rosseff, foi claríssima em dizer que seria ainda mais intransigente nessa questão.

O apedrejamento é uma forma bárbara de morte que tem que ser abolida. Mas o caso da Sakineh tinha também outros elementos: ela "confessou" o adultério depois de levar 99 chibatadas. O processo no meio foi transformado de adultério em acusação de suposta participação no assassinato. O advogado perseguido teve que se exilar. O filho que lutava pela mãe também foi perseguido e preso. Enfim, toda a face autoritária do governo de Mahmoud Ahmadinejad apareceu nesse caso.

A causa de Sakineh é a causa da mulher vítima de difererentes formas de violência no mundo inteiro. No Paquistão, Mukhtar Mai representou isso. Quem não se lembra, um refresco da memória: Mukhtar Mai foi condenada a estupro coletivo porque seu irmão de 12 anos teria supostamente namorado uma moça de 19 anos de uma casta superior. Os donos da localidade onde ela mora condenaram a irmã pelo que o pobre do garoto estava sendo acusado.

Pela Sharia, o ritual é macabro. Ela foi currada em praça pública e depois tinha que ir andando nua até em casa. Seu pai quebrou a regra e a cobriu com um manto. A familia se uniu e a protegeu. Normalmente, mulheres que passam por isso se matam de vergonha. Ela lutou na Justiça comum pelo julgamento dos culpados. Foi vitoriosa. Ganhou prêmios internacionais e usou o dinheiro para construir uma escola onde meninos e meninas estudam. É uma história inspiradora que está no livro "A Desonrada".

Existem outras Sakinehs por aí, outras Mukhtar Mai. Mas hoje a luta da mulher caminha assim. De vez em quando, uma representa todas. Sakineh é hoje a soma das mulheres que querem um mundo de direitos iguais. No futuro, isso será possível. A libertação dela é um passo em direção ao futuro. Tomara que a notícia se confirme.

Para mim, Zé, a vitória contra o desrespeito humano é nosso ideal e um caminho sem voltas, embora eu saiba que existem paradas e desvios que temos que vencer. A luta pelo direito das mulheres é uma luta e uma conquista de toda a humanidade. Mas há ainda muito a ser feito. A nova presidente do Brasil disse a alguns dias em Nova Iorque que será contra tal apedrejamento. Desejo que ela transforme esta opinião em ação e reverta o estrago causado pelo presidente Lula nesta temática

Política: Dia Internacional contra Corrupção

Hoje é o Dia Internacional contra a Corrupção.

Segundo o Secretário Geral da Onu, "A corrupção é uma ameaça ao desenvolvimento, à democracia e à estabilidade. Distorce os mercados, trava o crescimento econômico e desencoraja o investimento estrangeiro. Corrói os serviços públicos e a confiança nos funcionários. Contribui para a degradação do ambiente e põe em perigo a saúde pública, ao permitir a descarga ilegal de resíduos perigosos e a produção e distribuição de medicamentos falsificados...todos devemos assumir a nossa parte de responsabilidade, de modo a promovermos práticas éticas, a preservarmos a confiança e a velarmos para que não haja desvio dos preciosos recursos de que precisamos para realizar o nosso trabalho comum em prol do desenvolvimento e da paz."
Nós estamos de parabéns por ter aprovado a Lei ficha Limpa. Devemos continuar lutando por uma política mais representativa, mais honesta e mais pura. Aliás, candidato vem de "candido", "puro". Estamos prontos para isto?
Domingo, na frente do Congresso Nacional, estaremos reunidos para a Caminhada contra a Corrupção.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Economia: CPMF é importante ou não?

Engraçado a questão da CPMF e os partidos políticos. O PT sempre foi contra a CPMF, entrou na justiça contra, votou sempre contra e o PSDB e DEM sempre foram a favor, até que o as coisas se inverteram e o PT virou governo e o PSDB e DEM viraram oposição.

O PT passou a apoiar a Contribuição e os outros dois partidos sua derrubada. Quando perdeu a emenda da CPMF em 2008, o Governo Federal alardeou o total desequilíbrio fiscal e a irresponsabilidade da ação da oposição. Agora, à medida que se torna mais claro a necessidade do ajuste das contas públicas para garantir o equilíbrio macroeconômico, aparece mais uma vez a questão da CPMF.

Os dados sobre a arrecadação fiscal indica que a CPMF chegou a arrecadar cerca de 1,4% do PIB por ano em seus melhores períodos, como ocorreu em 2003. Neste ano o total da arrecadação fiscal do Governo Federal era de 16,4% do PIB e os gastos do Tesouro estavam em torno de 12,9% do PIB. De lá para cá o Governo perdeu esta fonte de receita, mas em compensação sua arrecadação fiscal manteve-se próximo do mesmo patamar, com queda de 16,1% do PIB. O que aumentou foram os gastos do Governo Central, que saíram de 12,9% do PIB para 15,3% do PIB este ano, aumento de 2,4 pontos percentuais, muito acima dos 1,4% perdidos com a arrecadação da CPMF. No melhor ano de arrecadação fiscal, 2008, o Tesouro arrecadou 17,1% do PIB, dos quais apenas 0,7% do PIB correspondiam à CPMF.

Está claro assim que o problema fiscal não vai será resolvido pela introdução da CPMF. O problema fiscal é de aumento de gastos do governo. Um aumento de 0,7% do PIB com a CPMF não financiará o aumento de 2,4% do PIB de gastos do Governo.
Agora a CPMF, se cobrada com uma alíquota muito baixa, sem motivos fiscais, pode trazer um aprimoramento no levantamento de dados sobre a economia subterrânea que transita no sistema bancário regulado.

E você, é a favor do retorno da CPMF? Vote na enquete ao lado.

Política: Dia Mundial de Combate a Corrupção

Corrida comemora o dia Mundial de Combate à Corrupção - PARTICIPE


Para mobilizar a sociedade contra a corrupção, entidades não-governamentais vão realizar evento esportivo e comemorativo ao dia de combate ao crime.
Com informações: Correio Braziliense

Publicado em 11/11/2010 às 12:31 | atualizado em 11/11/2010 às 12:48

Com objetivo de fortalecer a luta contra a corrupção no Brasil e comemorar o Dia Mundial de Combate à Corrupção - 9 de dezembro -, será realizada em Brasília, no domingo dia 12 de dezembro, a 1ª Corrida contra a Corrupção. O evento terá largada e chegada na Esplanada dos Ministérios e pretende deixar marcada a necessidade da união de todos contra a corrupção.

A corrida é uma realização das Organizações Não-Governamentais: Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral - MCCE (entidade que mobilizou a sociedade para assinar o manifesto que resultou na Lei da Ficha Limpa), Associação Contas Abertas (entidade que criou o índice que mede o grau de transparência pública no governo federal e estaduais), Instituto de Fiscalização e Controle-IFC (entidade que capacitou aproximadamente 200 ONG´s, em todo o Brasil, para fiscalizar o recurso público) e a Comunidade de Inteligência Policial e Análise Evidencial - CIPAE (entidade que capacita servidores públicos para combater a criminalidades, especialmente a corrupção) em parceria com várias outras entidades.

Os participantes poderão optar pela participação da prova de 10km com largada na Esplanada dos Ministérios subindo até o Memorial JK e retornando à Esplanada para a bandeirada final, como também pela prova de 4Km que faz a volta na Rodoviária do Plano Piloto e retorna para a Esplanada e até mesmo a caminhada de 1,1km que visa reunir adultos e crianças em uma confraternização que tem por objetivo mostrar que a sociedade tem que continuar mobilizada para combater a corrupção em todos os níveis.

PARTICIPAR, VAMOS MUDAR NOSSO MODO DE VER A COISA PÚBLICA

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Política e Economia: Você acha que devem tirar alimentação e Combustível?

Eu participei da equipe que introduziu o sistema de metas para a inflação no Brasil.
Naquele momento pensou-se em se introduzir um núcleo de inflação, descartando do IPCA os itens mais voláteis como alimentação e combustíveis. Alguns países que também adotavam o sistema de metas para a inflação como política monetária faziam isto. O entendimento final da equipe é que o núcleo tornaria pouco acreditável o sistema, pois introduziria um complicador para o cidadão entender o que o Banco Central estava fazendo.

Quase onze anos depois, uma boa parte dos países que adotavam um núcleo de inflação deixou de fazê-lo. Além de pouco transparente, a adoção de um índice expurgado mostrou-se pouco eficiente na tarefa de perseguir a meta de inflação.
Na contramão da experiência internacional, o ministro da Fazenda do Brasil quer agora adotar um índice expurgado. Abaixo apresento entrevista publicada na Folha de São Paulo do pai do sistema de metas no Brasil, o então presidente do Banco Central Armínio Fraga.

ENTREVISTA publicada na Folha de São Paulo em 29/11/2010

ARMÍNIO FRAGA ECONOMISTA
Tirar alimento e combustível da inflação seria erro social

AS PESSOAS "COMEM E ANDAM DE ÔNIBUS", DIZ EX-PRESIDENTE DO BC, SOBRE PROPOSTA DE MANTEGA DE CRIAR ÍNDICE COM EXCLUSÃO DE ITENS

VERENA FORNETTI
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Armínio Fraga, 53, presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, é contra mexer no índice de preços que serve para balizar as metas de inflação, conforme proposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo cogita criar um índice que exclua a variação de preços de alimentos e dos combustíveis, itens que costumam puxar a inflação para cima, muitas vezes sob influência de fatores climáticos e externos.
Eventualmente, esse índice poderia ser usado para balizar as metas de inflação e facilitar a redução dos juros.
Para Armínio, a meta deve corresponder ao que importa para a sociedade. "O povo come e anda de ônibus."

Na gestão de Armínio, o BC instituiu o regime de metas de inflação. Na época, trabalhou com Alexandre Tombini, futuro presidente do BC. Armínio classifica o colega como crítico e firme, mas construtivo e "de fino trato".
Para ele, será "um luxo" tê-lo à frente do Banco Central.

Folha - Qual é a avaliação do sr. sobre a proposta de expurgo da variação dos produtos alimentícios e dos combustíveis da inflação? Acha que funcionaria aqui, dado nosso passado inflacionário?

Armínio Fraga - Acho um erro, inclusive social e político, excluir qualquer coisa do índice. A meta de inflação tem que corresponder ao que importa para a sociedade; só assim o valor do salário fica protegido. E o povo come e anda de ônibus. Já passei pelo BC, e pensei muito nisso.

O BC leva em conta choques de oferta e choques temporários na condução da política monetária, o que resolve bem a questão levantada pelo ministro Mantega.
Chegou o momento de alterar a meta de inflação?

O próprio governo sinalizou que, em algum momento, seria interessante reduzir a meta. Seria positivo. O país está com meta de 4,5% [IPCA] e inflação um pouco acima. Não se pode considerar que a situação é definitiva.
Ela funcionou muito bem ao longo desse tempo, mas em algum momento seria bom caminhar em direção dos nossos pares. Daqui a dois anos, que se determine que vá para 4%.
Não recomendo nada muito radical, mas, à medida que seja possível, aos poucos, chegar a uma inflação mais baixa, talvez seguindo o caminho do Chile, em torno de 3%, [a redução da meta] ajudaria a diminuir a incerteza, os juros nominal e real.
Seria um passo positivo, mas não está na hora porque a revisão é no meio do ano.

Quem quiser ler o resto da entrevista com Armínio, por favor click no link abaixo.

http://www.meujornal.com.br/ocb/jornal/Materias/Integra.aspx?id=1016375

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Poesia - Uma carta para papai Noel

Mais um presente de Rosa,

de Rosa Maria, um presente de Natal para mim e para ti que tens o coração aberto para a poesia e para o sonhar.

Uma carta para papai Noel

Cansado este ano, o meu Noel papai...
Tantas andanças.
Tanto espalhar esperanças,
dispersando sonhos,
prolongando esperas,
coletando pedaços, esparsos, de sorrisos...

Tantas desavenças.
devaneios vãos.
Contradições.
E meu Noel, vestido de papai,
a ´promover o movimento
dos desejos que perduram
tentando assegurar a permanência da alegria...
Desejos,
que duram, tão pouco, instantes apenas,
consumidos depois,
pelo real das impossibilidades.

Papai Noel,
tenho ainda, ai de mim!,
um coração criança
que não define o impossível
e abre bem grande os braços,
para a ilusão das quimeras.
Renegando a tristeza,
relegando ao plano da distancia,
o vazio do olhar
e a aridez do coração,
permitindo enfim,
a realidade do sonho.
Estendendo o desejo do sorriso
aos que nem sonhar
podem,
sabem,
querem.
E assim, papai Noel,
de verde e vermelho vestido,
harmonizando a esperança com o rubro da vida
a renovar-se em preces de amanhã,
chego ao fim de minha carta.
Lançando a idéia como lei,
que possamos ser crianças outra vez,
pois a criança é o sentido do existir,
o sorriso de Deus, feito presença,
a ternura que dissipa inquietudes,

como o Infante Jesus, a desdobrar-se no amor
de Sua vinda,
acreditando na paz de um mundo novo,
onde todos iguais, sejamos irmãos,
dando as mãos e unindo os corações,
perdoando ofensas,
apagando mágoas,
crescendo nas dores do viver
e renascendo na luz da fé
que nos confere a grandeza
de aceitar o inapreciável das alternancias
e põe certezas de eterno em nossas almas

Rosa Maria
Natal de 2010 em Brasília

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Somos Um: a Música e o Sonho

Domingo fui a um show idealizado por Pecê Souza, com vários cantores famosos de Brasília: Célia Rabelo, Janette Dornellas, Nilson Lima, Salomão Di Pádua, Sandra Duailibi e participação especial de Antenor Borgea. O show foi com as canções que fizeram a história dos grandes festivais da TV entre 1965 e 1972.

Tempos negros de liberdade, onde a música era o caminho do sonhar coletivo. Músicas do Chico, Vandré, Edu Lobo, Nara, Gil, Tom Jobim, Caetano, Elis, entre outros, que marcaram a vontade de se expressar em um ambiente de repressão política. Neste período a música nos trouxe uma identidade nacional. Talvez mais que o futebol, a música criou uma identidade nacional.

"Caminhando contra o tempo sem lenço e sem documento, num sol de quase dezembro, eu vou...

Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor, a minha gente sofrida, despediu-se da dor....

Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos, construções,....

Prepare o seu coração, para as coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão...

O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo (tomara que volte a ser, que seja resgatado em sua doçura), o Rio de janeiro, fevereiro e março, alô, alô realengo, aquele abraço...

Eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer..."

Sonhar com o futuro é importante e, como dizia o poeta, sonhar só é só um sonho, sonhar coletivamente é transformar a realidade. A música nos deu o elo do sonho coletivo nos anos de autoritarismo.

Agora vivemos um período de liberdades democráticas. Já não há o inimigo comum dos militares armados que nos silenciava por contra eles nos levantavar. Agora o inimigo é dentro de nós, da própria sociedade, de nossos valores. Vivemos em liberdade, mas não acreditamos no sistema que garante estas liberdades. Vivemos em liberdade, mas não acreditamos que os que nos representam possam atuar com lisura. Vivemos em liberdade, mas já não nos revoltamos com políticos corruptos. Vivemos em liberdade, mas já não participamos dos movimentos que garantem esta liberdade. Vivemos em liberdade, mas estamos presos olhando para nossos próprios umbigos, enquanto os que não gostam de liberdade agem livremente para reduzi-la.

Será que ainda somos capazes de sonhar? Será que a música poderá nos resgatar de nós mesmos? Em Brasília, Célia, Janette, Nilson, Salomão, PC, Sandra, Antenor, Cássia Portugal, estão trabalhando para isto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Somos Um e Política: Estamos vivendo o período mais democrático da história do Brasil.

Uma amiga me mandou uma mensagem do Sai Baba dizendo que Estamos vivendo a melhor época da humanidade desde todos os tempos. Ele diz que muitos o perguntam por que ele afirma isto, pois no mundo existe cada vez mais maldade. Sai Baba então responde que não é que há mais maldade no mundo, o que há é mais Luz. Ele cita o exemplo de uma despensa onde se guarda as coisas, iluminada por uma lâmpada de 40w. quando se coloca uma lâmpada de 100w se verá muito mais desordem e lixo do que se via antes. Uma mentira, uma maldade se evidencia mais rapidamente hoje que no passado. Mas também a compreensão do bem chega mais rápido.

Eu acredito que o mesmo se dê em relação à política, por isto trouxe o tema aqui.
Os atos de corrupção, as arbitrariedades contra os opositores, a tentativa de se perpetuar no poder, a manipulação das informações, tudo isto sempre existiu. O que antes nem era considerado corrupção hoje condena pessoas, como uso de verbas públicas para favorecer a imagem de um governante. O uso do nome do prefeito/governador/presidente estava em todas as placas no passado, hoje é proibido. A contratação de parentes não era considerado um problema, hoje escandaliza.

Assim o que vejo é que, embora os que estão no poder hoje pareçam autoritários, manipuladores, ou corruptos, mais que os de tempos atrás, na essência são iguais, mas agora estão mais expostos.

Acredito que o acesso a informação, a educação da população, a internet, o aumento de meios de comunicação e de mídia, aliados ao aumento do nível de renda dos brasileiros, levem a um maior controle do Estado por seus cidadãos, que se hoje parecem mais vulneráveis a campanhas publicitárias, vai com o tempo saber distinguir o joio do trigo na política. Temos apenas que não nos ausentar, participar e termos paciência, pois o tempo da história é mais lento que o dos nossos corações.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Somos Um: Solidão Feminina

Recebi de minha amiga. Achei que vale disseminar.
Talvez nós homens possamos aprender a estar só e ficar em casa.
No meu caso talvez consiga em uma próxima encarnação, se isto existir.

por IVAN MARTINS
Editor-executivo de ÉPOCA

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

Política: Omissão

"O castigo dos homens honestos que se omitem da vida pública é serem governados pelos desonestos"

Platão

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Economia e Política: INCLUSÃO FINANCEIRA

O Banco Central do Brasil promoveu na última semana o II Fórum de Inclusão Financeira. Além do Presidente da República e Ministros, o Fórum reuniu participantes das comunidades carentes, dos bancos comunitários, da academia, do sistema financeiro e técnicos do próprio Banco Central, envolvidos nesta tarefa de permitir a expansão do crédito e das atividades financeiras para emancipação e autonomia econômica de parcela significativa da população brasileira.



Este blogueiro ficou encarregado de falar sobre os desafios da Inclusão Financeira para o desenvolvimento territorial. O tema é muito importante, pois o acesso a atividades financeiras, que permite a transferência de poupança de poupadores para empreendedores explicando o sucesso do desenvolvimento econômico, enquanto o não acesso ao crédito explica parte importante dos bolsões de pobreza, miséria e desolação social. Um melhor funcionamento da intermediação financeira aumenta a produção, reduz pobreza e permite o aproveitamento do potencial de cada ser humano.

Embora ninguém seja dono completo de sua vida, a pobreza limita muito a capacidade do ser humano se libertar e influir na sua história. O acesso ao crédito ajuda a cada ser humano realizar seus sonhos, se inserir na sociedade de forma autônoma e criativa, ser dono de sua própria história e gestor de seu próprio destino
O problema maior é que o poupador é prudente, pensa no futuro, mas não empreende, e o empreendedor é arriscado, viabiliza o futuro, mas não conta com a confiança do poupador.
Porém, sem emprestar não há inovações, nem novas atividades e assim não adianta poupar. Então soluções que melhorem a confiança do poupador nos investimentos ajudam ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social.

Em uma sociedade rica, os empreendedores podem dar garantias para tomar emprestado, mas em comunidades carentes estas garantias não existem, pois nestas não há emprego formal, endereço certo, garantias matérias. E isto dificulta a transferência de poupança para empreendimento em comunidades carentes. O não financiamento de idéias e projetos dificulta geração de renda pelos membros da comunidade, dificultando a melhora na qualidade de vida das comunidades carentes e a criação de garantias necessárias para o poupador externo ficar seguro do retorno de sua poupança. Acaba virando um circulo vicioso de pobreza.

Para sair deste círculo, a solução é criar garantias dentro da própria comunidade, para assegurar o retorno do dinheiro emprestado ao poupador. Para isto é preciso a redução das incertezas do poupador em emprestar para a comunidade e o uso auto-sustentável dos instrumentos financeiros, para que estes possam dar suporte de longo prazo a estas comunidades.

Como não tem garantias materiais, o crédito precisa ser garantido de outras formas, baseado nos laços de solidariedade, na proximidade física, na identificação de valores comuns, no aval e compromisso coletivo e solidário tanto para selecionar projetos e empreendimentos de interesse da comunidade, como para monitorar aplicação, usando a pressão social intra-comunitária para forçar os tomadores de crédito a aplicarem-no nos projetos que se comprometeram e a pagar o empréstimo para que o recurso possa voltar a ser emprestado a outros projetos. Quanto mais forte for laço solidário e de autogestão menor será taxa de default e assim menores os riscos da ação de empréstimo com conseqüente redução de juros. Quanto mais bem sucedidos forem estas operações financeiras e empreendimentos mais livre estará a comunidade do círculo vicioso da pobreza e mais apta estará ela de conceder a seus membros o direito de realizar seus sonhos e gerir suas histórias de forma autônoma.

Política: Brasil - apedrejamento de mulher é menos importante que amizade com Irã

O Irã condenou a morte por apedrejamento uma viúva que se envolveu com outro homem.
Mulheres viúvas deve ser lixo para a cultura Iraniana. Respeito as culturas e valores distintos, mas não acredito que devamos aceitar atrocidades em nome deste respeito.

Anos e anos atrás a humanidade se valeu do triste mecanismo da escravidão humana, da desculpa da cor da pele para submeter e explorar o outro. A humanidade também cometeu o mesmo erro de explorar e subordinar as mulheres. Mas o mundo mudou e sua pecepção humanista também. A história da humanidade desde o iluminismo é uma luta pela libertação do homem da exploração do homem e de sua exaltação do ser humano como co-criador.

Assim acredito que devemos condenar qualquer tentativa de trazer a escravidão de volta ou de subjugar a mulher como um ser humano inferior ao homem.

Mas o governo Brasileiro não acha isto. Em nome de uma diplomacia esquisita, o Brasil de Lula prefere se posicionar contra a maior parte dos países do mundo e ficar do lado de uma ditadura que condena mulheres a apedrejamento e morte lenta para punir uma mulher cujo crime foi amar um homem.

A organização das Nações Unidas condenou as amputações, as chibatadas e o apedrejamento como forma de punição no Irã. 80 países votaram contra estas formas de punição, o governo Brasileiro, em nosso nome, preferiu se abster.
Como um país que elege uma mulher presidente, não condena estas violências contra a mulher no Irã?

Somos Um

Quando criei o Blog tinha a intenção de criar um meio de comunicação com amigos e conhecidos.

A idéia era escrever algumas coisas sobre política – minha paixão, sobre economia - minha formação profissional e sobre humanismo – herança de meu pai Ajuricaba e meu tio-pai Egídio, e personagens como Romain Rolland, Victor Hugor, Dom Helder e tantos outros.

Mas veio a campanha de 2010 e o blog tomou um rumo mais partidário. Como social-democrata os artigos se identificaram mais com a candidatura do PSDB. Mas procurei nunca deixar uma visão mais ampla. Publiquei dias atrás um texto falando que os partidos vêm a realidade com um filtro ideológico, que os impede de ver o todo. Que se quisermos conhecer a realidade temos que ver os fatos por vários ângulos, usando vários filtros. Não é tarefa fácil, mas acredito ser o caminho.

Somos um é uma proposta humanista, uma proposta de ver o ser humano na sua similitude, respeitando suas diferenças. É reconhecer que temos diferenças de cor, de percepção, de sexo, de opções, de formação, de valores, mas na essência, somos muito parecidos. Somos um. Um corpo – o corpo humano, uma mente – a mente humana, uma necessidade comum - amar e ser amado, de fazer parte, de ser útil, de estar integrado e de ser pleno.

Por isto no texto do somos um digo que sofremos quando os outros sofrem e nos alegramos quando os outros estão alegres. Isto não significa que existam momentos distintos entre o eu e o coletivo. Dom Helder costumava dizer que “quando há contraste entre nossa alegria e um céu cinzento, entre a nossa tristeza e um céu sem nuvens, devemos bendizer o desencontro, pois é aviso divino de que o mundo não começa nem acaba em nós”, mas eu diria que é formado por nós.

Eu costumo ver as pessoas condenando e reclamando do outro sobre uma perspectiva deles. Estou cumprindo meu papel, dizem. Mas pergunto e se estivesse cumprindo o papel do outro, como agiria e a resposta é: igual ao outro. Assim não adianta condenar o outro, colocar a culpa no outro, responsabilizar o outro por tudo de ruim que acontece, uma vez que os outros somos nós com outra formação, outros valores, outra educação, outras oportunidades. Michelle Bachelet em uma entrevista antes de deixar a presidência do Chile chamava-no a atenção para a importância de se “colocar a sandália dos outros” para compreender a dor e a percepção alheia e assim poder aceitá-la de forma mais humana.

Por isto gosto de repetir, ninguém nasce bandido. Ninguém escolhe ser pobre, nem viver na rua e só compreendendo como o outro sente e pensa é possível a PAZ, com o outro e consigo mesmo. Isto é sermos Um

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Economia - Desindustrialização e Câmbio

O tema desindustrialização está na ponta da língua dos jornais e comentaristas. A apreciação cambial dos últimos anos, fruto, em parte da política de juros baixos e o conseqüente excesso de liquidez nas nações desenvolvidas tem sido apontada como uma das principais causas deste processo. Com a moeda nacional apreciada nosso produtos se tornam caros quando comparados internacionalmente e assim fica difícil vendê-los lá fora e fácil comprar importados aqui dentro.

Se a culpa é do câmbio, não é a apreciação recente que responde pela dificuldade de nossas importações. Mas um processo que vem desde a posse do presidente Lula, quando o câmbio beirava os R$ 4,00 por dólar e vem caindo desde então, atingindo valores inferiores a R$ 1,70 nos meses recentes. A crise internacional deu um fôlego de mais de uma no neste processo, pois em agosto de 2008 o câmbio estava na faixa de R$ 1,65 por dólar.

Mas a culpa não é do câmbio, um país que está se tornando mais rico e se inserindo em outro patamar de desenvolvimento terá uma apreciação cambial como conseqüência. A solução é aprender a produzir a custos mais baixos. Os empresários têm muita responsabilidade individual neste processo, buscando novas tecnologias, investindo em processos mais produtivos, investindo em tecnologia e pesquisa em suas áreas. Coletivamente estes empresários devem fazer nosso país entender que sem investimento em educação, em pesquisa, não vamos assumir papel de liderança no processo produtivo mundial. Vamos sim voltar às antigas restrições de balanço de pagamento ao crescimento e vamos estagnar.

Coletivamente, empresários e cidadãos têm que forçar o governo a gastar menos e melhor. Enquanto gasta aumentando salários e mordomias e esquecendo-se de importantes investimentos em infra-estrutura, o governo contribui para deixar as coisas como estão e levar-nos ao estrangulamento.

No processo de redução de custo de produção e de barateamento do escoamento da produção o governo federal tem papel preponderante. Seja via investimentos em infra-estrutura de malha viária, e principalmente ferroviária, seja no fortalecimento de portos e aeroportos, muito poder tem o governo central para corrigir as distorções de preços relativos e baratear nossos produtos em relação ao exterior. Reformas no sistema tributário que reduzam a carga tributária do setor produtivo pode fazer muito pelo Brasil e aqueles que vivem nele.

Quem quer voltar aos anos 80, quando era proibido importar? Ao invés de voltarmos às antigas restrições às importações, devemos olhar para frente e ver como podemos produzir a custos mais baixos.

Reduzir gastos públicos também ajuda, pois abre espaço para redução das taxas de juros domésticas, barateando o financiamento da produção doméstica e diminuindo o incentivo à apreciação cambial pela atração do capital externo.

É o desafio do governo que vai, e do que entra, para os quais a maior parte dos brasileiros depositou suas esperanças.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Política - Vencedores e perdedores

Tirando os comentários mais preconceituosos, a análise é muito interessante e nos mostra que os resultados da eleição é vitória de Lula e derrota do PSDB que não soube lidar democraticamente com suas divisões internas. Apesar disto o futuro próximo é uma grande icógnita. Tomara que seja um sucesso e que a presidenta eleita seja mais o que prometeu, do que o que ela se apresentou nos anos anteriores.

De Carlos Newton publicado na Tribuna da Imprensa de 31/10/2010

Vencedores e Perdedores

Os grandes vencedores desta eleição foram o presidente Lula e o ex-governador mineiro Aécio Neves, ao provarem que são capazes de transferir votos a candidatos sem a menor chance, como Dilma Rousseff ou Antonio Anastasia. Sem apoio de Lula e Aécio, respectivamente, nem Dilma nem Anastasia jamais ganhariam eleição.

E os maiores perdedores, quem são? Além de Artur Virgilio, Jereissati, Marco Maciel, Roriz, Mão Santa, Helio Costa, Jarbas Vasconcellos, Gabeira, Fogaça, Serra etc., não há dúvida que são Ciro Gomes, Aloizio Mercadante e o especialmente oPSDB, que sequer aceitou discutir a proposta de Aécio Neves de realizar prévias eleitorais para escolher o candidato à Presidência.

Se o PSDB tivesse aceitado, mesmo se Aécio perdesse a eleição interna e a candidatura Serra fosse a preferida, a própria realização das prévias teria impacto positivo junto ao eleitorado do PSDB, mobilizando antecipadamente as bases do partido. Além do mais, Aécio poderia ser vice de Serra e as prévias soariam bem, principalmente porque no PT não houve nem discussão. Lula simplesmente impôs a candidatura Dilma, e estamos conversados.

Ciro Gomes também saiu perdendo, e muito, porque foi enganado por Lula e ficou fora da disputa presidencial. Com Ciro concorrendo, o quadro seria outro, os debates ganhariam entusiasmo e os votos no primeiro turno se dividiram pelas quatro candidaturas, (Dilma, Serra, Marina e Ciro), trazendo muito mais emoção.

Ciro foi inacreditavelmente ingênuo. Acreditou quando Lula lhe disse que o PT poderia até apoiar a candidatura dele. Depois, acreditou de novo, quando Lula lançou Dilma e prometeu a Ciro que, se ela não decolasse, o candidato seria ele. Acreditou tanto, que mudou seu endereço eleitoral para São Paulo. Quando descobriu que tinha sido ludibriado, já era tarde, seu partido (PSB) já tinha feito acordo com Lula para apoiar Dilma e ele só podia disputar eleição em São Paulo. Mas ser candidato a quê?

Mesmo enganado e humilhado por Lula, Ciro Gomes ainda aceitou ser um dos coordenadores da campanha de Dilma no segundo turno, sem lembrar que no primeiro turno deu várias declarações à imprensa defendendo a eleição de Serra, por ser “mais experiente do que a Dilma”. Agora, Ciro é cotado para voltar ao Ministério. Mudou Ciro? Mudou Dilma? Ou mudou a dignidade humana? Escolha a sua resposta.

Já Mercadante saiu perdendo porque desde 1994 tem sido uma marionete nas mãos de Lula. Foi eleito deputado federal em 1990, seria facilmente reeleito em 1994, mas aceitou ser vice de Lula na disputa presidencial, foi para o sacrifício e ficou sem mandato por quatro anos. Até que, em 1998, voltou à Câmara Federal. Em 2202, foi um dos coordenadores da vitoriosa campanha presidencial de Lula e se elegeu senador. Estava em alta politicamente.

Todos pensavam que Lula o nomearia ministro da Fazenda, por ser o melhor e mais respeitado economista do PT, mas o presidente jogou-o para escanteio e preferiu o médico sanitarista Antonio Palocci. Justificativa: “Preciso de você no Senado”. Mercadante acreditou.

Palocci saiu, expulso pelo caseiro, e Lula, que tudo fazia para que Mercadante não se projetasse no cenário nacional, preferiu Guido Mantega. Depois, na hora de escolher o candidato à sucessão, preferiu Dilma. E sua justificativa para alijar Mercadante foi a seguinte: “Preciso de você em São Paulo“. Mercadante acreditou de novo, partiu para uma disputa altamente desfavorável contra Alckmin, com pouca chance de vitória. Até hoje Mercadante não entendeu que Lula quer o PT só para ele, no partido ninguém mais pode se projetar.

Assim, Mercadante – que, sem dúvida é o melhor quadro do PT – vai ficar mais quatro anos na chuva, sem mandato. A não ser que Dilma o convide para algum ministério. Mas será que Lula permitirá que isso aconteça? Claro que não. Só se for um Ministério bem mixuruca. Mercadante vai ficar em posição subalterna. Podem apostar.

E Dilma? Será que vai arrancar a máscara carnavalesca e recuperar a carranca de antes, ou seguirá eternamente na linha “paz e amor”, que adotou na campanha presidencial? O mais provável é que ressurja o perfil da verdadeira Dama de Ferro. E se isso acontecer (e vai acontecer, mais cedo ou mais tarde), como ficará Lula? Dilma permitirá que Lula continue mandando no Planalto, como ele acha que acontecerá? Claro que não.

Quem conhece Dilma Rousseff e já esteve com ela em reunião de trabalho, fora da campanha, sabe que a nova presidente tem um temperamento fortíssimo. Assim que colocar a faixa e sentar naquela cadeira, vai rodar a baiana e não aceitará ordens de ninguém. Lula não perde por esperar. Se ele pensa que vai ser uma espécie de Rasputin no Planalto (ou uma versão de Garotinho no governo da mulher Rosinha), pode desistir. Dilma não é Rosinha. Traído e abandonado pela nova presidente, a decepção e a conseqüente depressão de Lula serão arrasadoras. Ninguém sabe o que ele fará.

Temperamentos à parte, na verdade Dilma Rousseff é uma incógnita na Presidência e vai surpreender, positiva ou negativamente. Com a experiência que acumulou nos últimos oito anos, pode se sair bem, caso escolha um bom ministério, mais isso será muito dificil, pois tem de agradar aos partidos coligados, que estão com as bocarras escancaradas, famélicos por prestígio, cargos e poder, não necessariamente nessa ordem.

A partir de hoje, está oficialmente aberta a temporada de caça aos ministérios. Por trás de tudo, a figura sinistra de Michel Temer, que há alguns anos Antonio Carlos Magalhães apelidou de “Cocheiro de Vampiro”. Realmente o novo vice-presidente mais parece personagem do escritor irlandês Bram Stoker, criador do Drácula.

É Temer quem trama nos bastidores a distribuição dos cargos, à revelia de Dilma e com apoio integra do PMDB. Como advertiu o líder Henrique Eduardo Alves, no mais recente encontro nacional do partido: “Não aceitamos essa história de uma eleição para um partido só ganhar. O PT é um grande partido, mas ou ganhamos juntos ou não ganha ninguém”.

Assim, Temer procura desesperadamente abrir espaço e se fixar como coordenador da base aliada. É como se Dilma estivesse dormindo com o inimigo. Os próximos capítulos serão eletrizantes. Você não pode perder

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Economia - A armadilha da liquidez em 1929 e em 2010

A armadilha da liquidez é um conceito keynesiano, traduzido para o modelo IS-LM da interpretação de Hicks, onde a curva LM é horizontal, ou seja a política monetária não tem efeito para estimular a economia.

Em épocas normais, juros baixos estimulam a tomada de empréstimos para investimento, o que ativa a atividade econômica e o emprego e pelo lado do consumidor estimula o consumo. Em épocas de crise de confiança muito grande, mesmo baixando os juros a níveis próximo de zero, fica difícil estimular o investimento e o consumo com mais dinheiro e menos juros. Não adianta imprimir dinheiro, ou baixar juros que a economia não reage. Este é o fenômeno da armadilha da liquidez.

Mesmo com muita liquidez, mesmo com taxas de juros muito baixas, os investidores estão receosos de se endividar para criar capacidade produtiva, os consumidores têm medo de se endividarem ou de queimarem suas poupanças para antecipar seu consumo. É a falta de confiança e de segurança em relação ao futuro que provocam este fenômeno e isto ocorre na intensidade que vemos agora nos EUA só de temos em tempos, como com a crise de 29 e a atual.

O gráfico abaixo mostra a evolução da quantidade de dinheiro na economia americana. Para enfrentar a crise o Banco Central americano quase triplicou a quantidade de dinheiro, de US$ 800 bilhões para mais de US$ 2 trilhões. Esta claro que não tivesse feito isto e os EUA, e conseqüentemente a economia mundial, estariam vivendo uma crise de proporções inimagináveis.


fonte: Fed Saint Louis

Mas também está claro que colocar mais liquidez não vai resolver o problema da insegurança do investidor, nem do consumidor quanto ao processo de endividamento. Este aumento na quantidade de base monetária não gerou inflação, mas também não foi suficiente para tirar a economia americana da terreno pantanoso em que está. Agora o Fed está providenciando a injeção de mais US$ 600 bilhões, o mesmo tanto usado para girar a economia na primeira metade desta década, mas o mercado acha pouco.

Alguns economistas mais fundamentados no pensamento keynesiano dizem que é hora de aumentar os gastos públicos por parte do governo americano (não o nosso) para estimular a economia. Mais do que já aumentou.

Mas o que se tem visto no tratamento dado pelas economias desenvolvidas é que o instrumental keynesiano tem deixado a desejar como ferramentas para tirar as economias desenvolvidas do imbróglio que se meteu.

Assim como nas relações pessoais, no sistema capitalista de produção a confiança quebrada leva tempo para se reconstruída. Keynes sugeriu política de gastos públicos para engrenar a produção e fazer voltar a confiança dos participes. Mas o que se tem visto no tratamento dado à esta crise nas nações desenvolvidas é que o buraco é mais embaixo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Política - Entre emergentes, o Brasil é o país onde a experiência democrática é mais viva

Democracia em construção Por Carla Rodrigues | Para o Valor Econômico 29/10/2010 entrevista longa, mas vale a pena

Rosanvallon: "A democracia é sempre experimental, por isso não há como distinguir entre antigas democracias estabilizadas e novas ainda em busca de uma boa fórmula"
Embora tenha seus 14 livros publicados em 22 idiomas, apenas dois títulos do historiador e cientista político francês Pierre Rosanvallon estão traduzidos no Brasil. Nesta semana, ele está pela terceira vez no país, para o lançamento de "Por uma História do Político" (Alameda Casa Editorial, com tradução de Christian Edward Cyril Lynch), em que reflete sobre a democracia examinando as contradições e as tensões organizadoras da vida democrática.


Observador dos regimes democráticos nos países emergentes, Rosanvallon refere-se ao Brasil como o país onde "incontestavelmente a democracia é mais viva". E rebate a percepção de que se esteja experimentando um surto populista no país ou na América Latina. O autor considera uma tensão dos regimes democráticos as diferenças entre o momento eleitoral - de sedução - e a hora de governar. "As qualidades de um bom candidato não são as mesmas de um bom governante, o que está na raiz do desencantamento democrático. Mas é possível ter uma boa democracia com políticos medíocres."
Valor: O Brasil é uma jovem democracia em processo de consolidação. Existe um caminho político adequado para a consolidação democrática?
Pierre Rosanvallon: A democracia não é um modelo que está perfeitamente definido, mas sempre uma experiência, um ideal que considera a contradição de saber como melhor representar a sociedade por meio do voto, da representação social, da opinião. A democracia é sempre experimental, por isso não há como distinguir entre antigas democracias estabilizadas e novas democracias ainda em busca de uma boa fórmula. Nos países europeus as democracias também são experimentais, não existe uma democracia já alcançada. Por definição, as democracias são inalcançáveis. A democracia brasileira tem seus problemas, assim como as democracias europeias. A democracia é um regime da vontade de todos, mas é um problema definir o que é a vontade de todos. Por fim, a democracia não é apenas um regime político, mas também uma forma de sociedade que organiza a vida comum, a partir da definição de quais são as desigualdades inadmissíveis e quais são as diferenças justificáveis. Em todas as sociedades há um debate permanente entre a relação.
Valor: São legítimas as ações governamentais que têm como objetivo obter bons resultados eleitorais? Essa seria uma característica inevitável de uma democracia popular? Refiro-me, no contexto brasileiro, às críticas aos programas de distribuição de renda que teriam uso eleitoral.
Rosanvallon: Em todas as democracias, e cada vez mais, há uma contradição entre o momento eleitoral e o momento de governar. O momento eleitoral enfatiza o possível e a proximidade entre o candidato e o eleitor. Esse é um momento marcado, sobretudo, pela sedução. E a demagogia participa desse jogo de sedução. Já o governo é fundado não pelo possível, mas pelas restrições, pelos limites, pela necessidade de fazer escolhas. Um dos problemas da democracia é que as qualidades necessárias para ser um bom candidato não são as mesmas para ser um bom governante, o que está na raiz do desencantamento democrático, presente em todas as sociedades. Os cidadãos que estavam satisfeitos no momento eleitoral ficam decepcionados no momento em que seus candidatos chegam ao governo. A grande questão é saber qual é a relação entre as proposições da campanha eleitoral e as políticas que serão adotadas. A democracia é um exercício de reflexão sobre a tensão entre o momento eleitoral e o governamental.
Valor: Existe uma boa democracia?
Rosanvallon: Uma política democrática é a que busca superar as desigualdades, de tal forma que não haja uma separação entre o mundo onde vivem os ricos e aquele onde vivem os pobres. Em São Paulo, tive a impressão de que existe a sociedade aérea, que vive e se movimenta nos helicópteros, e a sociedade terrestre, que circula de ônibus. A democracia não é o igualitarismo, mas a possibilidade de viver juntos. Sei que o Brasil é conhecido por combinar as desigualdades com a cordialidade, o que me levaria a dizer que o Brasil é o país da desigualdade cordial, melhor que uma desigualdade não cordial, claro.
Valor: No Brasil, as eleições presidenciais têm sido marcadas por propostas eleitorais conceituadas de centro-esquerda e de centro-direita, e os vitoriosos têm dependido das forças de centro. O senhor acredita que as experiências de consolidação democrática dependem do conservadorismo?
Rosanvallon: Não chamaria de conservadorismo, mas de racionalidade. A democracia é sempre a tensão entre a opinião e a razão, e é uma ilusão pensar que há a possibilidade de uma sociedade perfeitamente racional, ilusão que a França e o Brasil herdaram do positivismo. Acredito que haja mais uma tensão entre razão e opinião do que entre conservadores e progressistas. Poderíamos definir os conservadores como aqueles que enfatizam os limites, as restrições, e os progressistas como os que enfatizam as possibilidades. Valor: A consolidação da democracia brasileira é relevante para o fortalecimento de experiências democráticas na América Latina e para a consolidação de uma comunidade latino-americana?
Rosanvallon: A consolidação da democracia brasileira é fundamental para a consolidação internacional da democracia, porque entre os países emergentes o Brasil é incontestavelmente o país onde a democracia é mais viva. Que ela apresente muitas dificuldades, é razoável, já que é uma das maiores democracias do mundo. A situação brasileira é importante porque a América Latina foi o lugar onde o populismo criou a ilusão de que haveria uma relação possível entre um chefe e o conjunto da sociedade. O populismo é ao mesmo tempo uma ilusão sociológica, a de que há "o povo", e a ilusão democrática de que há uma pessoa ou um grupo capaz de encarnar a sociedade. A democracia nasce da resistência a essa dupla ilusão - de encarnação e de unidade -, ao dizer que ninguém é proprietário da representação política, que está sempre em disputa.
Valor: Existe algo que chame a atenção nas eleições brasileiras deste ano?
Rosanvallon: O peculiar nas eleições presidenciais brasileiras deste ano é que, em relação às precedentes, não há mais candidatos dotados de um carisma excepcional. São eleições disputadas por candidatos comuns. E pode-se considerar que a democracia vive normalmente com candidatos comuns e políticos medíocres. Pode-se dizer que a democracia vive excepcionalmente com grandes líderes e normalmente com políticos comuns, ordinários. É o que se vê também na Europa. Para ser um grande democrata é preciso considerar que a democracia pode ser feita com pessoas muito comuns.
Valor: O senhor acredita que o Estado laico seja uma das condições para a democracia?
Rosanvallon: Sim, se a laicidade é definida como a possibilidade de fazer coexistir filosofias e religiões diferentes. A laicidade deve definir as condições de vida em comum, possíveis para além das diferenças, para além das ideologias e das religiões. A laicidade é mais ampla do que a questão da religião, é uma questão do conjunto de diferenças fundamentais. A laicidade foi em sua época uma resposta às guerras religiosas. Não se pode compreender a história dos Estados na Europa sem reconhecer o papel das guerras religiosas. Atualmente se pode dizer que houve a ameaça de uma nova guerra religiosa, e portanto é preciso refazer o caminho pelo qual se possa superar essa ameaça, com a definição das instituições públicas que estão fora da esfera religiosa e devem organizar a coexistência entre Estado e religião. Organizar essa coexistência é sempre difícil porque a definição do que é público e do que é privado não é a mesma para todos. Pode-se defender o direito à diferença no campo privado e a redução da diferença no espaço público, mas não há uma mesma percepção do que é público e do que é priv

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Política - Parabéns aos Eleitos

Eu acho que toda eleição é um ato cívico. Influenciamos a vida de nosso pais com nosso trabalho, com nossos valores, com nossa atuação social, mas principalmente com nossa participação na seleção daqueles que administrarão nosso país. Muitos países pedem aos seus cidadãos sacrifícios imensos, como ir à guerra para defendê-lo, nem sempre por motivos justos aos olhos dos que fazem o país. O Brasil é um país pacífico e por isto nossa participação na vida cívica é muito menos sacrificada. Votar é muito mais que um dever, é um DIREITO.
0 trabalho dos partidos foi feito. A sociedade participou. A democracia foi fortalecida pela participação das forças políticas diferentes. A vitória nas urnas mostra que o país não caiu na unanimidade burra do Nelson Rodrigues.
Aos vencedores não as batatas, mas a missão de unir o país em um projeto de nação justa e democrática e honesta.
No meu caso e de 45% que votou em Serra, é hora de torcermos para que dê tudo certo no governo que se inicia. Desejar sucesso aos eleitos. Que nossas pre-ocupações em relação à Dilma e à extensão do governo Lula estejam erradas, para nosso bem e de nosso povo. Que Dilma faça o que prometeu, que o PT use o dinheiro público em benefício de todos. Que respeite a imprensa e os que pensam diferente. Que o Brasil de 2014 seja melhor que o Brasil de 2010.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Política - Partido é Parte do Todo - Não se torne cego neste momento

A campanha eleitoral tomou-se de um clima emocional semelhante aos vistos em campeonatos de futebol, onde muitas vezes uns torcedores agridem o outro, como se inimigo fossem de sangue e fogo, apesar de nem se conhecerem, ou muitas vezes serem profundamente identificados em tudo o mais, menos em relação ao time que jogam.

E tem sido assim. Se você for conversar com alguém que votará em um candidato a presidente do que você escolheu, pronto, pode ser seu melhor amigo, mas o clima ferve e parece que todo seu passado de amizade ou de camaradagem fica de lado.

É compreensível um pouco e até desejável que as pessoas se entusiasmem pelo processo eleitoral, que virem cabos eleitorais (menos aqueles que como magistrados da nação, deveriam se mantiver neutros, mas esta é uma outra questão de postura e de grandeza).

Eu sempre tive uma postura política, desde pequeno quando participava de passeatas contra a ditadura militar e militava para que os candidatos do antigo MDB (a voz da oposição democrática) fossem eleitos e assim se fortalecesse a luta pela redemocratização do Brasil. De lá fui ao PSDB, onde acreditava deveriam estar todos aqueles que, defendendo a democracia como princípio fundamental, desejava ver construída uma sociedade mais justa, de melhores igualdades de oportunidade, de valoração do ser humano, de liberação de homens e mulheres de sua condição de submissos no processo social, de sua afirmação como entes autônomos, conscientes e responsáveis por suas escolhas. Mas apesar disto sempre entendi que os outros que pensavam diferente de mim, também deveriam ser ouvidos. E tinham muito de verdadeiro para afirmar.

Eu entendo que os partidos políticos e suas ideologias são filtros pelos quais a realidade social é entendida. Não há como ser diferente. Não vamos fingir que podemos ver a realidade social como ela realmente é sem filtrar por nossas crenças e valores. As vezes pior, vemos as realidades sociais de acordo com nossos interesses. Sempre veremos parte do todo. Esta é a limitação humana. Mesmo um objeto físico, quando olhado por diferentes perspectivas passam informações distintas para o observador. Quando o objeto (as relações sociais e econômicas) são invisíveis e intangíveis, os valores, crenças e interesses passam a ter um papel importantíssimo na definição da verdade observada.

Assim é importante que existam mais de um partido, mais de uma perspectiva da realidade. Se estivermos abertos a mais de uma perspectiva, poderemos chegar mais perto da realidade, mas sempre conscientes da nossa limitação em identificá-la.

Dito isto, como animal político que sou, não vou votar em branco, nem nulo, voto de acordo com minha consciência de social-democrata. Assim voto Serranelo. José Serra para presidente do Brasil e Agnelo Queiroz para governador do Distrito Federal.

Acho que todos devem votar e nunca votar em branco e nulo, pois acho que votar significa dizer o que pensamos. Se você acha que Dilma é melhor que Serra, vote Dilma, se achar que Roriz é melhor que Agnelo, vote Roriz. Mas votar em branco ou nulo é desacreditar na sua própria história, é ser niilista. É negar a importância de sua participação social, é ser negligente quanto ao resultado eleitoral. Vença Dilma, ou vença Serra, eu terei feito minha parte votando Serra. Vença Roriz ou vença Agnelo, eu terei feito minha parte votando em Agnelo. Faça você também sua parte. Qualquer que seja o resultado, o Brasil vai precisar de nosso trabalho, de nossa inteligência, de nossa dedicação e de nossa vigilância. Assim é a democracia. Pode ser até ruim, mas é um trabalho em construção de todos nós,ou como dizia Wiston Churchill “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.
Víva-a.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Política - O homem que destruirá a esquerda no Brasil

Do Estado de São Paulo Pág. 2 – 28/10/2010
Um Mito de Papel
Demétrio Magnoli
"Não me importo de ganhar presente atrasado. Eu quero que o Brasil me dê de presente a Dilma presidente do Brasil", conclamou Lula, do alto de um palanque, dias atrás. Não foi um gesto fortuito. Antes, a Executiva do PT definira a campanha "Dê a vitória de Dilma de presente a Lula". Aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma antiga profecia do general Golbery do Couto e Silva. O "mago" da ditadura militar enxergara no sindicalista em ascensão o "homem que destruirá a esquerda no Brasil". Quando o PT trata a Presidência da República como uma oferenda pessoal, nada resta de aproveitável no maior partido de esquerda do País.
Lula vive a sua quarta encarnação. Ele foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, o líder de um partido de massas aos 40, o presidente salvacionista aos 60. Agora, aos 65, virou mito. O mito, contudo, é feito de papel. Ele vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder. Todavia ele só existe na consciência dos brasileiros como fenômeno marginal. Daqui a três dias, Lula pode até mesmo ficar sem seu almejado carrinho de rolimã. A mera existência da hipótese improvável de derrota de Dilma evidencia a natureza fraudulenta da mitificação que está em curso.
"É a economia, estúpido!", escreveu James Carville, o estrategista eleitoral de Bill Clinton, num cartaz pendurado na sede da campanha, em 1992. George H. Bush, o pai, disputava a reeleição cercado pela auréola do triunfo na primeira Guerra do Golfo, mas o país submergia na recessão. Clinton venceu, insistindo na tecla da economia. Por que Dilma não venceu no primeiro turno, se a economia avança em desabalada carreira, num ritmo alucinante propiciado pelo crédito farto e pelos fluxos especulativos de investimentos estrangeiros?
A pergunta deve ser esclarecida. Lula abordou a sua sucessão como uma campanha de reeleição. No Brasil, como na América Latina em geral, o instituto da reeleição tende a converter o Estado numa máquina partidária. A Presidência, os Ministérios, as empresas estatais e as centrais sindicais neopelegas foram mobilizadas para assegurar o triunfo da candidata oficial. Nessas condições, por que a "mulher de Lula", o pseudônimo do mito vivo, não conseguiu reproduzir as performances de Eduardo Campos, em Pernambuco, Jaques Wagner, na Bahia, Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, Antonio Anastasia, em Minas Gerais, ou Geraldo Alckmin, em São Paulo?
"Há três tipos de mentiras - mentiras, mentiras abomináveis e estatísticas", teria dito certa vez Benjamin Disraeli. Os institutos de pesquisa registram uma taxa de aprovação de Lula em torno de 80%. Cerca de dois terços da aprovação recordista se originam de indivíduos que conferem ao presidente a avaliação "bom", não "ótimo". Nesse grupo, uma maioria não votou na "mulher de Lula" no primeiro turno. Mas a produção intelectual do mito, a fim de fabricar uma "mentira abominável", opera exclusivamente com a taxa agregada. Há muito mais que ingenuidade no curioso procedimento.
As águas que confluem para o rio da mitificação de Lula partem de dois tributários principais, além de pequenas nascentes poluídas pelos patrocínios oriundos do Ministério da Verdade Oficial, de Franklin Martins. O primeiro tributário escorre pela vertente dos intelectuais de esquerda, que renunciaram às suas convicções básicas, abdicaram da meta de reformas estruturantes e desistiram de reivindicar a universalização efetiva dos direitos sociais. Eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo e, ecoando uma melodia tão antiga quanto anacrônica, celebram a imagem de um líder salvacionista que fala ao povo por cima das instituições da democracia. Nesse conjunto, uma corrente mais nostálgica, que se pretende realista, enxerga em Lula a derradeira boia de salvação para a ditadura castrista em Cuba. A Marilena Chaui pós-mensalão, transfigurada em porta-estandarte do "controle social da mídia", é a síntese possível do lulismo dos intelectuais.
"As pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo", urrou Lula num comício eleitoral em Belo Horizonte, pronunciando um diagnóstico inquestionável. O segundo tributário da mitificação desce da vertente de uma elite empresarial avessa à concorrência, que prospera no ecossistema de negócios configurado pelo BNDES e pelos fundos de pensão. Essa corrente identifica no lulismo o impulso de restauração de um modelo econômico fundado na aliança entre o Estado e o grande capital. Os empresários da Abimaq divulgaram um manifesto em defesa do BNDES, enquanto Eike Batista, um sócio do banco estatal, o cobria de elogios. Na noite do primeiro turno, os analistas financeiros quase vestiram luto fechado. Tais figuras, tanto quanto os controladores da Oi e os proprietários da Odebrecht, representam o lulismo da elite econômica.
O mito ficou nu no primeiro turno. Todos os indícios sugerem que o aguardado triunfo de Dilma foi frustrado exatamente por Lula - que, na sequência do escândalo de Erenice Guerra, afrontou a opinião pública ao investir contra a imprensa independente. "Nem sempre é a economia, estúpido!": os valores também contam. Naquele momento as curvas de tendências eleitorais se inverteram, expressando a resistência de mais de metade dos brasileiros ao lulismo. O jornalismo honesto deveria refletir sobre isso, antes de reproduzir as sentenças escritas pelos fabricantes de mitos.
Os mitos fundadores pertencem a um tempo anterior à História. No fundo, desde a difusão da escrita na Grécia do século 8.º a.C., só surgiram mitos de papel - isto é, frutos da obra política dos filósofos. Por definição, tais mitos estão sujeitos à desmitificação. Já é hora de submeter o mito de Lula a essa crítica esclarecedora.
SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@TERRA.COM.BR

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coluna do Ary Ribeiro - Despedida

25/10/2010


Ary Ribeiro deixa de escrever neste blog. Esta é a última colaboração.
Este blog, seus leitores e o Zé vão sentir falta de suas colocações e sabedoria.
Esperamos que ele se sinta "convocado" a se tornar um colaborador eventual.
Em nome de meus leitores, eu lhe sou muito grato Ary.
Zé Ricardo


O PAPEL DO PMDB

Ary Ribeiro


Alea jacta est, a sorte está lançada, como disse Júlio César ao atravessar o Rubicão e levar seu exército para enfrentar o poder instalado em Roma.

Aqui também a sorte está lançada. Domingo os eleitores irão novamente às urnas para decidir o futuro próximo do País (e em alguns casos, de Estados também).

A crer-se nas pesquisas, não haverá surpresa: todas apontam vantagem de 10 a 12 pontos a favor da candidata Dilma Rousseff, diferença difícil de ser tirada em tão poucos dias. Mas não impossível. No primeiro turno já houve um “milagre”. Quem sabe, pode haver outro.

Qualquer que seja o resultado, há que ser respeitado. As urnas vão traduzir a vontade do povo, que erra e acerta, como é natural numa Democracia. E nem sempre aprende com os erros.

O povo já elegeu Jânio Quadros e Fernando Collor, se bem que nesse último caso, como a opção era Lula, não se pode dizer que tenha votado mal. Collor era o mais preparado e, postos de lado os fatos que levaram ao impeachment, fez coisas boas: abriu o País, obrigando a indústria nacional a modernizar-se; acabou com reservas de mercado; e iniciou o processo de privatização. E hoje é um dos grandes aliados de Lula e Dilma.

Apenas para raciocinar, imaginemos que as urnas confirmem as pesquisas. Como seria o governo Dilma Rousseff?

O País teria no governo alguém sem liderança própria. Dilma foi uma criação de Lula, e ele batalhou por ela sem se incomodar com os limites da decência política. Ela chegaria ao poder, assim, sem méritos políticos próprios. Lula a escolheu justamente para continuar mandando – um terceiro mandato de fato. Talvez até pensando em continuar usando o Aerolula e desfrutando de outras regalias do poder, inclusive em viagens ao exterior.

Tudo muito bem arquitetado e executado. O presidente jogou tudo no seu projeto, mandando às favas o respeito à dignidade do cargo. Uma coisa, porém, são os planos, os objetivos, outra a realidade, em política sujeita a mil variáveis.

Quem pode assegurar que Dilma, no governo, seria mera executante das ordens de Lula? Faria isso por gratidão? Em política, isso não existe. Além disso, seu temperamento forte, autoritário, seria avesso a esse tipo de interferência. E uma coisa é Lula presidente, com todo o poder de fato e de direito nas mãos, outra é Lula fora do poder, um ex-presidente.

O governo Dilma começaria, pois, com esse forte potencial de atrito. Mas há outros armados, a começar pelo PT. Ela não tem controle sobre ele. Até pouco antes do início do governo Lula, nem petista era. Estaria, portanto, à mercê de pressões do partido, onde despontam duas lideranças opostas: a de José Dirceu e a de Antonio Palocci. Dirceu já declarou que, com Dilma seria a vez do PT, dando a entender que sob Lula o partido não conseguiu se impor.

Outro atrito iminente estaria nas relações com os partidos aliados, principalmente o PMDB, que desta vez quer lugar privilegiado, de “sócio” no governo. Argumenta que das outras vezes aderiu ao governo, inclusive ao de Lula, pois embora o vice-presidente José Alencar tivesse saído de suas fileiras, ele fora escolhido não por essa condição, mas por ser respeitável empresário. Agora, não. Agora foi parceiro do PT desde a primeira hora, colocando inclusive seu presidente, Michel Temer, como vice na chapa de Dilma.

O PMDB, por sinal, estaria destinado a representar importante papel num futuro governo Dilma Rousseff. Por incrível que pareça, poderia ser o fator de equilíbrio, impedindo quaisquer investidas do governo contra as liberdades fundamentais asseguradas pela Constituição.

Isso é o que mais se teme num governo petista. As intenções do partido, claramente expostas na primeira versão do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) e no programa da candidata encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (por ela rubricado “sem ler”) e depois retirado, são de controlar a imprensa, a cultura e a educação.

O PMDB é sabidamente partido ávido pelo poder. Troca cargos por apoio. Esteve no governo Fernando Henrique e está no governo Lula. Mas é, na essência, partido conservador e que ainda guarda lembrança de suas lutas contra o regime militar e pela volta à Democracia. Pode-se esperar que a resistência a quaisquer medidas antidemocráticas comece pelo próprio Michel Temer.

Assim seja – se ela se eleger.


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DESPEDIDA

Com essas observações, encerro minha participação neste Blog. Agradeço ao Zé Ricardo por ter-me aberto este espaço, por meio do qual procurei lançar algumas luzes sobre a campanha eleitoral. Sem agressões, sem ofensas, sem dar curso a mentiras, tentei mostrar que José Serra é competente (comprovadamente competente), com muito mais experiência política e administrativa que Dilma Rousseff; que a eleição desta poderia representar risco para liberdades fundamentais; e que votar em Serra seria votar pela Democracia e por valores mais altos, como a ética na administração pública. Acredito ter feito o que pude. A decisão está com eleitor.

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P.S. - Parece que caminhamos para o "milagre". Circulam informações
de que o candidato a vice na chapa de Serra, Índio da Costa, tem em
mãos recente pesquisa feita por especialistas independentes da Unicamp
dando empate técnico entre Serra e Dilma. A julgar pelo mergulho de
Lula na campanha, a ponto de abandonar seus afazeres (?) no Palácio
do Planalto, sua candidata estaria mesmo correndo risco de uma
segunda e definitiva derrota (a primeira foi por não ter saído vitoriosa
no primeiro turno, como Lula esperava). Setores ligados ao PSDB, por
sua vez, estão cada vez mais confiantes. Estão certos de que a grande
maioria dos indecisos penderá para Serra. Se estão indecisos, é porque
não se deixaram levar pela lábia lulista e, se estão analisando as duas
candidaturas, não há dúvida de que optarão pela que apresenta a mais
longa e competente folha de serviços prestados ao País, além de conduta
exemplarmente ética na condução dos negócios públicos. Esses mesmos
setores estão certos também de que Itamar Franco, Aécio Neves e
Anastasia, em Minas, Alckmin, em São Paulo, e outras fortes lideranças
tucanas e do DEM no Sul e no Centro-Oeste do País conseguirão os votos
de que Serra precisa para alcançar a vitória.

Meio Ambiente - Gerar valor do lixo: nosso grande desafio

Retirado da Folha de São Paulo, 26/10/2010

Nosso grande desafio é sermos responsáveis pelo que produzimos. É vermos o planeta Terra como perene e viva, que necessita nosso cuidado para nos acolher como humanidade. Buscar identificar criação de valor na reciclagem e na sustentabilidade é o caminho para incentivar as sociedades a investirem na reciclagem. Parabéns Lula pela nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, que ela não seja do PT, nem do PSDB, mas que gere frutos para todos os brasileiros e sirva de exemplo para as outras nações do mundo.
Zé Ricardo


Coleta seletiva e reciclagem podem minimizar despesas de governo e de empresas privadas e gerar receita

ANDRÉ PALHANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enxergar o valor econômico do lixo pode ser a senha para a solução de um dos maiores problemas ambientais do século: a destinação adequada para os mais de 2,1 trilhões de toneladas de lixo gerados ao ano pelo homem.
É um mercado e tanto. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no país mais de R$ 8 bilhões em materiais recicláveis foram parar em aterros sanitários e lixões em 2009.
O que explica tamanha fortuna sendo, literalmente, jogada no lixo? De acordo com especialistas, há várias respostas. "O lixo, por sua própria natureza, nunca foi prioridade nas políticas públicas", explica o técnico do Ipea, Jorge Hargrave.
Uma realidade que se reflete nos contratos de concessão do municípios para a gestão do lixo. Focados no transporte e aterro, acabam estimulando as empresas a enterrar lixo sem preocupação com coleta seletiva.
"Muitos prefeitos falam que não há recursos para a coleta seletiva, e eles deveriam ver isso como oportunidade de reduzir gastos", diz o professor Sabetai Calderoni, do Instituto Ambiente Brasil.
Somente no município de São Paulo, segundo ele, mais de R$ 1 bilhão dos R$ 1,2 bilhão gastos ao ano com gestão do lixo poderiam ser economizados com coleta seletiva e reciclagem -menos gasto com transporte e aterros.
Já a atual distribuição dos ganhos com a reciclagem pode desestimular. "As prefeituras têm a maior parte dos custos da coleta, e os benefícios são difusos, incluem catadores e empresas transformadoras", relata Hargrave.

PARCERIAS
Como os contratos de concessão de limpeza urbana não refletem a perspectiva de aproveitamento econômico, algumas prefeituras usam as Parcerias Público-Privadas (PPPs) para a coleta seletiva.
"O uso das PPPs explica em boa parte o crescimento dos municípios que fazem coleta seletiva", diz Calderoni.
Dados do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre) mostram que 443 cidades, 8% do total, hoje fazem coleta seletiva (em 26% a coleta é feita por empresas privadas). Em 2002 eram 192. Na outra ponta, há maior demanda por reciclados, que são insumos mais baratos.
Prova de que há um descompasso entre oferta e demanda, entre 2008 e 2009 as indústrias importaram quase R$ 500 milhões de "lixo limpo" (papelão, alumínio etc).
Nenhum estímulo promete ser mais forte para o avanço da economia do lixo no Brasil, no entanto, que a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto pelo presidente Lula.
Com base no princípio de que resíduos geram valor e renda, a lei cria obrigações para governos e empresas que prometem mudar o modo como o lixo é tratado, estimulando a reciclagem e a exploração comercial do setor.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Política - Presidente Lula: UMA VERGONHA

O Presidente da República deixou de ser de todos os brasileiros (Brasil de todos) e passou a ser o presidente dos petitas. Uma vergonha, uma pena para nossa nação, um demérito para a Chefia da Nação.
Desmerece os que não pensam como ele, pede para o povo eliminar os opositores, fala que Deus se vinga de todos os que discordam dele. Em vez de repugnar os atos de violência contra a liberdade de movimentação e expressão dos candidatos, como ocorreu no Rio, onde os militantes do PT tumultuaram uma caminhada do grupo do Serra, resolve agredir verbalmente a candidatura do adversário. Que país sairá dessas eleições.
Nós somos uma só nação, mas o presidente insiste em falsamente (porque ele vive abraçado com banqueiros e industriais) em dividir-nos entre pobres e ricos, entre petistas e não petistas. Alegrei-me em 2002 pela eleição do Lula, hoje me envergonho e tenho medo da falsa consciência de luta de classes e da divisão do país insuflada pelo presidente da República.
Tenho pena de nós e de nosso país.
UMA VERGONHA.
Para quem quiser ver:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1360677-7823-PERITO+ANALISA+SUPOSTA+AGRESSAO+A+JOSE+SERRA+NO+RIO,00.html

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

18/10/2010

OPÇÃO PELA DEMOCRACIA

Ary Ribeiro

Aproxima-se a hora da decisão. No dia 31 não se optará apenas por quem vai fazer mais isto ou aquilo, quem vai fazer mais escolas técnicas, creches, policlínicas, estradas.

Não estará em causa somente escolher quem é melhor administrador, se Dilma Rousseff ou José Serra. Nesse quesito, por sinal, o último ganha de longe. Tem experiência comprovada e aprovada por sucessivas votações.

O que estará em jogo, no meu entender, são questões mais profundas, que dizem respeito a valores, à ética e à Democracia.

O PT foi criado tendo por bandeira justamente esses valores. Defendeu-os por muitos anos. Combatia ferozmente os desvios de conduta na administração pública, ganhando a simpatia da camada mais esclarecida da população.

Só não conseguia traduzir a simpatia em maior êxito eleitoral porque, por radicalismo, se opunha sistematicamente a todas as iniciativas do governo, não importando se eram boas ou não para o País.

Foi assim que, no governo Itamar Franco, combateu o Plano Real, arquitetado por Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda.

Boa parte do eleitorado de hoje não sabe o que representou o Plano Real, não sabe o que era uma inflação de 20% ao mês. Quem hoje tem um pouco menos de 30 anos de idade não viveu esse período, não sabe o que era entrar num supermercado e ver os preços dos produtos subindo (remarcados) à sua frente.

A inflação atingia principalmente os mais pobres. O salário chegava ao fim do mês valendo quase 20% menos. A classe média ainda podia salvar um pouco do valor do dinheiro ao recorrer ao mecanismo da correção monetária, ao chamado over night, que corrigia os valores, como o nome indica, de uma dia para outro.

Era um inferno. Collor achou que poderia, com apenas um tiro, matar o “dragão da inflação”. O tiro não passou de um traque, a não ser pelo efeito desastroso de haver bloqueado quase todo o dinheiro que as pessoas tinham em contas bancárias ou em aplicações financeiras. Sarney também tentou, recorrendo a congelamentos. Finalmente, Itamar teve a feliz inspiração de deslocar Fernando Henrique – contra a vontade deste – do Ministério das Relações Exteriores para o da Fazenda e ele reuniu uma competente equipe de economistas que soube encontrar a engenhosa solução do Plano Real.

A inflação, que por décadas, desafiava os governos, foi finalmente contida – contra o voto do PT, comandado por Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi o Plano Real que permitiu a ascensão social das classes mais pobres. Se hoje há tanta gente comprando carros, eletrodomésticos e eletrônicos, isso se deve muito mais à estabilização da moeda proporcionada pelo Plano Real que a medidas tomadas pelo atual governo.

O PT, sob a liderança de Lula, foi contra também à Lei da Responsabilidade Fiscal, que pôs fim à gastança irresponsável de governadores e prefeitos; foi contra o Proer, o programa de evitou a quebradeira geral de bancos e saneou o setor, contribuindo decisivamente para que, ao contrário do que ocorreu em quase todos os outros países, o sistema bancário brasileiro não fosse engolfado pela crise financeira mundial; foi contra as privatizações, graças às quais todos os brasileiros têm, hoje, acesso a telefones (antes, privilégio dos mais ricos), e empresas como a Vale e a Embraer tiveram enorme expansão, criando milhares de empregos e pagando vultosas somas em impostos.

Fernando Henrique tinha candidato à sua sucessão. Era José Serra. Mas comportou-se como presidente de todos os brasileiros, não indo às ruas em defesa do seu candidato. E depois, tendo sido este derrotado, fez exemplar transmissão do cargo.

É claro que, com todo o histórico de ferrenhos opositores das medidas saneadores da economia, Lula e seu PT suscitassem fundados receios com sua chegada ao poder. Esse temor produziu ligeiro abalo na estabilidade econômica do País, não se chegando, porém, ao caos a que a candidata Dilma recentemente aludiu. E tendo o ministro da Fazenda Antonio Palocci demonstrado que seriam mantidas as linhas básicas da política econômica herdada do governo Fernando Henrique, os temores foram afastados e o País rapidamente voltou à normalidade.

O PT, no poder, lançou fora a bandeira dos valores que defendera. Em nome da “governabilidade” aliou-se a partidos e políticos que antes classificava de “espúrios” e lançou mão de práticas condenáveis para garantir votos de deputados, a ponto de alguns de seus fundadores o terem abandonado pelo caminho, como é o caso do respeitável promotor público paulista Hélio Bicudo.

O PT nunca desistiu, porém, de outra marca de nascença: a vocação autoritária e o rançoso esquerdismo. Nunca se conformou realmente com a alternância democrática no poder. Foi contra o segundo mandato quando proposto por Fernando Henrique, mas, no poder, dele se aproveitou – e o presidente Lula ainda acalentou a possibilidade de ir para um terceiro. Não chegou a propô-lo abertamente por saber que quase certamente sofreria derrota, se não na Câmara dos Deputados, com certeza no Senado. Mas inventou a candidatura Dilma, imaginando que conseguiria elegê-la para, por seu intermédio, continuar mandando.

O PT nunca se conformou também com a liberdade de imprensa. Por mais de uma vez tentou pôr a imprensa “burguesa” sob controle. E aspira controlar igualmente a educação e a cultura. Tudo, em nome da “causa”. Suas intenções, seu verdadeiro programa, estão no texto inicial (posteriormente amenizado) do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos.

Então, o que se vai decidir, no dia 31, é se o País dará continuidade ao processo democrático, com a alternância no poder, ou se vai enveredar por um caminho que pode criar-lhe graves obstáculos.


MARINA, A INDEPENDENTE

Curiosa a posição da Marina Silva e do seu Partido Verde. Ela conhece bem o governo Lula e a ministra Dilma. Foram tantas as dificuldades que encontrou para poder pôr em prática seu programa ambientalista que acabou por demitir-se do cargo de Ministra do Meio Ambiente e por desligar-se até do PT. Não poderia, pois, por coerência, apoiar a candidatura Dilma. Mas poderia optar pela de Serra, pois, como assinala o professor José Goldemberg (USP), “as únicas medidas sérias tomadas no Brasil, nos últimos anos, para orientar o País na direção do desenvolvimento sustentável foram a aprovação de leis propostas pelo prefeito Gilberto Kassab, no município de São Paulo, e pelo ex-governador José Serra, no estado de São Paulo, que estabeleceram metas e prazos para reduzir as emissões de carbono (e outros poluentes) até o ano 2020”. “Essas leis – acrescenta – vão conduzir o País a uma economia de baixo carbono e não constituem um freio ao crescimento econômico, mas, ao contrário, levarão a uma modernização da indústria brasileira, o que aumentará sua competitividade no comércio internacional.”

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Política - Neutralidade Nunca

Eu concordo com o Humberto, ex-senador pelo estado do Paraná. Acredito que os líderes políticos não podem se ausentar entre duas opções ruins. Um vai governar o país e o Líder Político tem a responsabilidade de escolher caminhos. Sempre fazemos opções e nossos passos serão frutos destas opções. Na maior parte das vezes, quase sempre, temos que fazer escolhas entre opções que não são as nossas ideais, mas sempre temos que escolher. A não escolha é uma atitude covarde, é se ausentar. Nunca um líder político pode fazer isto. Aqueles que acreditam neles esperam uma indicação.

17/10/2010 - 13h58

Marina oficializa neutralidade para segundo turno ....

Sou o mais antigo filiado do PV no Brasil. Entendo que partidos políticos não podem ser neutros diante de fatos que irão determinar os caminhos políticos de uma nação. Seria como "pular fora da canoa" salvando somente sua forma de pensar e não participando do que irá ac ontecer nos próximos quatro anos. Luther King e Gandi puderam ser independentes pois deixaram seuS corpoS em holocausto. Partido político implica em atuação coletiva. Não se prestam individualmente. Eleições não se caracterizam como início de uma forma de pensamento , mas sim como continuidade de um processo já existente e concretizado em uma constituição. Neste caso o caminho precisa ter continuidade. Neutralidade seria "tanto faz Como tanto fez", e a NAÇÃO NÃO PODE SE SUBMETER A ISTO. O BRASIL ENCONTR-SE EM UMA ENCRUZILHADA DE CONFRONTO SOCIAL ( demonstrado na violência ) . Nosso confronto não é ideólogico, racial ou hambiental. É de EDUCAR E DISTRIBUIR RENDA PELO ACRESCIMO DE CAPACITAÇÃO. Erra quem tentar definir nossos próximos passos pelos detalhes de nossos programas partidários. O confronto pode ser "resolvido" em propostas heivadas de violência entre OS QUE TEM E OS QUE NÃO TEM, ou no CONGRESSO NACIONAL - ali esta a definição. ESTA É A QUESTÃO para todos os partidos politicos, incluindo o Meu PV. Hamilton Vilela de Magalhães

Francisco de Oliveira: privatização é com Lula

Para reflexão,
retirado do Blog do Noblat (publicado na Folha de São Paulo)

Sociólogo afirma que 'Lula é mais privatista que FHC'
Para Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT, é "ilusão de ótica" achar que o presidente é estatizante

Professor emérito de sociologia da USP diz que atual segundo turno obriga eleitor a escolher entre o "ruim e o pior"

Uirá Machado

No começo de 2003, ano em que rompeu com o PT, o sociólogo Francisco de Oliveira, 76, afirmou que "Lula nunca foi de esquerda".

Agora, o professor emérito da USP dá um passo adiante e diz que Lula, mais que Fernando Henrique Cardoso, é "privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu".

Na entrevista abaixo, Oliveira, um dos fundadores do PT, também afirma que tanto faz votar em Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).

Folha - Qual a sua avaliação sobre o debate eleitoral no primeiro turno?
Fora o horror que os tucanos têm pelos pobres, Serra e Dilma não têm posições radicalmente distintas: ambos são desenvolvimentistas, querem a industrialização...

O campo de conflito entre eles é realmente pequeno. Mas, por outro lado, isso significa que há problemas cruciais que nenhum dos dois está querendo abordar.

Que tipo de problema?
Não se trata mais de provar que a economia brasileira é viável. Isso já foi superado. O problema principal é a distribuição de renda, para valer, não por meio de paliativos como o Bolsa Família. Isso não foi abordado por nenhum dos dois.

A política está no Brasil num lugar onde ela não comove ninguém. Há um consenso muito raso e aparentemente sem discordâncias.

Dá a impressão que tanto faz votar em uma ou no outro...
É verdade. É escolher entre o ruim e o pior.

Qual a sua opinião sobre a movimentação de igrejas pregando um voto anti-Dilma por causa de suas posições sobre o aborto?
É um péssimo sinal, uma regressão. A sociedade brasileira necessita urgentemente de reformas, e a política está indo no sentido oposto, armando um falso consenso.

O aborto é uma questão séria de saúde pública. Não adianta recuar para atender evangélicos e setores da Igreja Católica. Isso não salva as mulheres das questões que o aborto coloca.

O sr. foi um dos primeiros a romper com o PT, em 2003, e saiu fazendo duras críticas ao presidente. Lula, porém, termina o mandato extremamente popular. Na sua opinião, que lugar o governo Lula vai ocupar na história?
A meu ver, no futuro, a gente lerá assim: Getúlio Vargas é o criador do moderno Estado brasileiro, sob todos os aspectos. Ele arma o Estado de todas as instituições capazes de criar um sistema econômico. E começa um processo de industrialização vigoroso. Lula não é comparável a Getúlio.

Juscelino Kubitschek é o que chuta a industrialização para a frente, mas ele não era um estadista no sentido de criar instituições.

A ditadura militar é fortemente industrialista, prossegue num caminho já aberto e usa o poder do Estado com uma desfaçatez que ninguém tinha usado. Depois vem um período de forte indefinição e inflação fora de controle.

O ciclo neoliberal é Fernando Henrique Cardoso e Lula. Só que Lula está levando o Brasil para um capitalismo que não tem volta. Todo mundo acha que ele é estatizante, mas é o contrário.

Como assim?
Lula é mais privatista que FHC. As grandes tendências vão se armando e ele usa o Estado para confirmá-las, não para negá-las. Nessa história futura, Lula será o grande confirmador do sistema.

Ele não é nada opositor ou estatizante. Isso é uma ilusão de ótica. Ao contrário, ele é privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu.

Essa onda de fusões, concentrações e aquisições que o BNDES está patrocinando tem claro sentido privatista. Para o país, para a sociedade, para o cidadão, que bem faz que o Brasil tenha a maior empresa de carnes do mundo, por exemplo?

Em termos de estratégia de desenvolvimento, divisão de renda e melhoria de bem-estar da população, isso não quer dizer nada.

Em 2004, o sr. atribuiu a Lula a derrota de Marta na prefeitura. Como o sr. vê como cabo eleitoral de Dilma?
Ele acaba sendo um elemento negativo, mesmo com sua alta popularidade. O segundo turno foi um aviso. Essa ostensividade, essa chalaça, isso irrita profundamente a classe média.

É a coisa de desmoralizar o adversário, de rebaixar o debate. Lula sempre fez isso.