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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Eleição no DF - Por isto que educação não é prioridade do Roriz

Retirada do Datafolha 26.07.2010

Roriz lidera disputa com 40%

34% rejeitam Roriz

A primeira pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha após a oficialização das candidaturas em 2010 revela que o ex-governador Roriz (PMDB) lidera a corrida eleitoral, com 40% das intenções de voto. Roriz é seguido pelo ex-ministro Agnelo Queiroz (PT), com 27%, Toninho do PSOL, tem 3%, Rodrigo Dantas (PSTU) e Eduardo Brandão (PV), aparecem com 1% cada. Ricardo Machado (PCO) foi citado, porém não alcançou 1% das intenções de voto, e Newton Lins (PSL) não foi citado por nenhum dos entrevistados. Votam em branco ou anulam o voto 11%, e os que declaram não saber em quem votar somam 18%.

Votam principalmente em Roriz os menos escolarizados (53%), os simpatizantes do PSDB (76%), e os eleitores de José Serra (63%). Já em Agnelo, votam os mais escolarizados (40%), os que ganham mais de 10 salários-mínimos (46%), e os eleitores de Dilma Rousseff (45%).

Sem a apresentação do cartão dos candidatos, na intenção de voto espontânea, a maioria não sabe em quem votar (59%). Roriz tem 18% das citações espontâneas, enquanto que Agnelo tem 15%. Outros candidatos não chegam a 1% cada e 6% afirmam votar em branco ou anular o voto.

Roriz é candidato mais rejeitado pelos eleitores do Distrito Federal dos quais 34% não votariam no ex-governador. Outros 19% não votariam em Agnelo, 15% não votam em Toninho do PSOL, 7% não votariam em Eduardo Brandão. Newton Lins. Ricardo Machado e Rodrigo Dantas tem rejeição de 6% cada, e 9% dos eleitores não tem rejeição a nenhum candidato, ante 5% que não votariam em nenhum dos candidatos.

A rejeição de Roriz atinge 58% entre os mais escolarizados e entre os mais ricos (60%) principalmente. Entre os eleitores de Agnelo, 81% não votariam em Roriz.

Perguntados sobre a influência do apoio do presidente Lula a um candidato a governador, 31% afirmam que não votariam em um candidato apoiado pelo presidente, 28% dizem que votariam com certeza em um candidato apoiado por Lula, e 26% que talvez votassem no candidato do presidente. 11% não sabem se votariam ou não em um candidato do presidente.

Para 42% dos eleitores do Distrito Federal, o presidente apóia o ex-ministro Agnelo para o governo distrital, 2% afirmam que Roriz é o candidato apoiado por Lula e outros 55% não sabem quem Lula apóia.

Cristovam Buarque (PDT) tem 42% das intenções de voto para o senado
Rollemberg (PSB) e Abadia (PSDB) disputam a segunda vaga


Cristovam Buarque é preferencialmente escolhido entre os mais escolarizados (60%), entre os eleitores de Agnelo (64%), entre os simpatizantes do PT (54%). Já Rollemberg tem melhor desempenho entre os mais escolarizados (44%), entre os mais ricos (45%) e entre os simpatizantes do PT (43%).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Carta de uma avó a um neto que parte para a vida

De Rosa Bugarin, em 25/07/2010

Para Matheus, meu neto e meu amor, a voz do meu coração.

Matheus querido, relembro, com a nitidez das coisas preciosas, guardadas como joias de memórias, o telefonema de tua mãe, minha filha, Raquel, para avisar-me de que um outro bebê estava a caminho.O tempo, que afasta tudo, também respeita a força dos sentimentos fortes e conserva o momento vivido na intensidade das emoções verdadeiras. Falo de preservação. Falo da emoção de 18 anos atrás, revividas agora que te escrevo, meu afilhado querido. O dia amanhece sobre uma Brasília ainda sonolenta e o azul que cobre o céu, iluminado pelos primeiros raios de um ainda tímido sol, faz-me experimentar um profundo sentimento de paz embora na presença de uma saudade que se afirma companheira. Ontem, como hoje, tinha, como tenho agora, a convicção de que vinhas com a missão que distingue os grandes. Sabia que alem de uma certa fragilidade que marca o meu “príncipe de todas as raças que o formam” há a força que marca aqueles que aceitam desafios. Ser feliz, responder a seu destino, é trilhar o caminho que se abre e embora temendo as pedras que dificultarão o avanço e que sempre estarão lá, há igualmente, a coragem de seguir avante. Aí reside a diferença entre o comodismo e a aceitação das mudanças, sem desistir de seus sonhos, se porventura eventuais quedas possam acontecer. Levantar e continuar, segredo de bravos. A busca de um objetivo é já a perfeita definição da felicidade. A estrada com seus encantos, lazeres, tropeços, obstáculos, reinícios, dará o real sabor à caminhada. Dificuldades existem para serem vencidas. Com a garra que tens, na determinação que te motivou a enfrentar o desconhecido, sob a proteção do Deus que me soprou aos ouvidos há 18 anos , que estaria sempre contigo, traçando um destino de eleitos, amparando Sua criação em momentos mais difíceis, sinto que entenderás o verdadeiro sentido da felicidade.

Lágrimas nossas não devem te fazer fraquejar, ou sentir-se culpado por nos tornar tristes. O amor é às vezes um tantinet egoísta embora seja em sua essência, generoso. A tristeza é mesclada com o orgulho de te ver deixar o conforto preestabelecido, para buscar tua justa realização. Com coragem. Sem desânimo. Olhando para frente, cabeça erguida, meu lindo guerreiro de olhar profundo, coração gigante, alma de escol. Que nossas bênçãos sejam teu escudo e nossas preces te revistam com a armadura e proteção que nosso amor te deseja.


Que sejas feliz, meu menino querido, que a saudade não te impeça de continuar , mas, ao contrário dê a companhia de nossa ternura ao lado teu
.

Que a França, amor de meu pai sem tê-la jamais conhecido a não ser pela literatura e pela apaixonante história, torne-se jovem e sedutora, para encantar meu neto amado, abra seus alvos braços em eterno gesto de boas vindas e que na sonoridade romântica de seu lindo idioma, possa te ensinar mistérios de sucessos , de perseverança, de como se escreve a sua própria estória.

Aqui ficamos nós, aqui fico eu, tua avó, tua madrinha, torcendo por ti e embora sem poder esconder suas lágrimas, orgulhosa da decisão que tomaste e pedindo ao Deus que te prometeu especial, único, amigo e lutador, que mande seus anjos caminharem contigo, e te cubra com sua incansável proteção.
Aqui sempre estaremos nós, na força de nosso amor, compreensão, entendimento, orgulho, na suprema união que nos faz ainda no silencio oportuno, fazer chegar mensagens ao teu jovem e valente coração.

Para ti , meu amor de neto, o imenso amor de tua vovó

Como melhorar a Educação?

Em 75 anos, o PIB do Brasil poderia ser 35% maior em termos reais.

Retirado do Valor Econômico 28/07/2010

Eduardo de Carvalho Andrade

Nossos alunos continuam na lanterna nos resultados dos testes de proficiência internacional. Os custos para a sociedade são significativos
Depois de oito anos de governo de cada um dos principais partidos, PSDB e PT, pode-se dizer que eles apresentam uma mancha nos seus currículos. Nenhum deles foi capaz de melhorar a qualidade da Educação. Os nossos alunos continuam na lanterna nos resultados dos testes de proficiência internacional. Os custos para a sociedade são significativos. Em 75 anos, o PIB do Brasil seria 35% maior em termos reais, se o governo adotasse uma política que aumentasse gradativamente a qualidade da Educação de forma a reduzir pela metade, dentro de 20 anos, a diferença que nos separa da qualidade média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A grande questão que deveria ser colocada nos debates presidenciais deste ano é como melhorar a Educação brasileira e a peça-chave é o bom professor. As evidências de que ele faz a diferença são acachapantes . Durante um ano letivo, ele é capaz de ensinar o equivalente a 1,5 ano. Já um professor ruim ensina o equivalente a 0,5 ano.

Isso ocorre mesmo com ambos lecionando na mesma escola, estando sujeito às mesmas condições de trabalho e tendo alunos com as mesmas características. Apesar dessas diferenças de desempenho, os seus salários não guardam nenhuma relação com a sua contribuição para o aprendizado do aluno. Uma nova política educacional deveria ser formada pelo tripé composto pela identificação dos bons professores, incentivos adequados para reter e atrair os bons profissionais e mudança na legislação. Vejamos cada um dos seus componentes.

Caracterizar um bom professor não é tarefa simples. Um bom professor não necessariamente é aquele que realiza vários cursos de especialização, que tem vários anos de experiência em sala de aula, que tem notas altas em exames sobre o conteúdo da sua disciplina ou qualquer outra característica observável pelo gestor. Esses são exemplos de fatores utilizados hoje no Brasil para promover os professores. É preciso criar um sistema capaz de identificá-lo.

Por um lado, o governo federal poderia dar uma importante contribuição. Se a Prova Brasil fosse expandida para outras séries e outras áreas do conhecimento, seria possível saber qual é a efetiva contribuição do professor da turma (ou do grupo de professores) para o aprendizado do aluno. Essa informação tornaria possível a identificação dos melhores professores. Por outro lado, estudos mostram que os diretores, quando perguntados, são capazes de prever quais são os professores excelentes ou péssimos em termos de contribuição para o aprendizado do aluno. Eles não são capazes de ranquear os professores medianos. Os pais que acompanham a evolução acadêmica dos seus filhos também sabem quem são os melhores professores.
Não raro pedem para os seus filhos serem alocados nas suas classes
. Surpreende que o atual sistema não seja capaz de utilizar informações como essas para premiar os profissionais mais capacitados.

Passa-se então para a segunda ponta do tripé. Deveria ser estimulado que cada município e Estado crie um sistema de remuneração que use as informações sobre o desempenho dos professores, obtidas ou pelos resultados dos seus alunos ou com diretores e pais. Os bons professores devem receber uma bonificação significativa.

Depois de alguns anos observando seus desempenhos, de forma a impedir avaliações apressadas e injustas, os piores professores devem ser demitidos. Deve-se colocar à disposição durante esse processo programas de treinamento. Mas, ao mesmo tempo, deve-se ter em mente que os seus impactos podem ser limitados, pois não se sabe muito bem como "construir" um bom professor.

No Brasil, é comum que a política de pagamento de bonificações nas escolas públicas seja igual em número de salários adicionais para todos os professores, em função do desempenho da escola como um todo em termos de melhorias das notas dos seus alunos nos testes de proficiência. A justificativa é que todos contribuem para o sucesso e fracasso da escola e também para manter o necessário espírito de unidade e colaboração entre o corpo docente.

No entanto, dado que os professores contribuem de forma tão diferenciada para o aprendizado dos alunos, é fundamental que parte significativa (talvez 50%) das bonificações seja em função dos seus desempenhos individuais e o restante em função da performance global da escola. Com a adoção de um sistema meritocrático e o correspondente aumento das remunerações dos bons professores, espera-se que para a profissão sejam atraídos novos e bons profissionais. O impacto pode ser significativo.

Estudo feito para a situação dos Estados Unidos mostra que se os 10% piores professores fossem substituídos por professores, não excelentes, mas medianos, a qualidade da educação subiria do atual patamar (posição 35 no ranking de matemática) para o nível finlandês (top 2). Se o impacto fosse semelhante no caso brasileiro, reduziríamos pela metade a nossa distância da média dos países da OCDE.
A última ponta do tripé envolveria uma necessária mudança na legislação trabalhista. Hoje, um professor concursado não pode ser demitido caso fique comprovada a sua incapacidade de ensinar. Uma nova legislação deveria explicitar que os novos professores contratados já estariam sujeitos ao sistema meritocrático descrito acima, com maiores salários, sim, mas sujeitos à demissão.

Com os conhecimentos existentes hoje, as mudanças sugeridas acima são aquelas mais prováveis de gerar uma melhoria na qualidade da educação. São políticas fáceis de sugerir, mas não tão simples de implementar, pois exigiria um enfrentamento do corporativismo. Quem teria a ousadia necessária para a sua adoção: PSDB ou PT?

Eduardo de Carvalho Andrade é PhD em economia pela Universidade de Chicago e professor do Insper.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

26/07/2010

O EXPEDIENTE DO EXPEDIENTE

Ary Ribeiro


Para participar da campanha eleitoral de sua candidata, o presidente Lula lançou mão de dois dos significados do verbete expediente registrados pelo Houaiss: medida para se sair de uma dificuldade ou chegar a uma solução; artifício, meio; e horário de funcionamento das repartições públicas.

Não sei se esse expediente (no primeiro sentido) vai mesmo prevalecer, caso em que o presidente deixaria de ser o Primeiro Magistrado da Nação – o que implicaria equidistância de partidos ou ideologias, para ser o mandatário de todos os brasileiros – para cumprir expediente (na segunda acepção) de mero funcionário, parece que de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira (40 horas semanais), podendo participar da campanha em favor de sua candidata fora do período de “trabalho”, nas horas e dias “de folga”.

Nesse caso, além da jabuticaba, o Brasil passaria a ter mais uma coisa única no mundo: horário de trabalho para Presidente da República! O inusitado fato levaria a inevitáveis perguntas: se aparecesse algum problema exigindo a pronta intervenção do presidente depois das 18 horas, ele faria jus a hora-extra? E nas viagens, internas ou externas, em que frequentemente se marcam encontros ou banquetes (obrigações presidenciais) para depois das 18 horas, também se pagaria hora-extra?

Os presidentes do período militar costumavam ter expediente definido, mas no Palácio do Planalto. Chegavam às 9 horas e, com intervalo para almoço, saíam às 18 horas. Encerrava-se, porém, o expediente protocolar, para despachos e audiências. Eles iam para o Palácio da Alvorada (ou Granja do Torto, conforme o caso) e continuavam presidentes, recebendo outras pessoas, telefonemas, examinando documentos ou, de qualquer modo, prontos para atuar em qualquer eventualidade. Eram, como em todo lugar do mundo, presidentes 24 horas por dia, todos os dias da semana.


FARC: AFINIDADES

O deputado Índio da Costa, candidato a vice na chapa de José Serra, causou alvoroço na semana passada ao dizer que “todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior”. Exagerou com a questão do narcotráfico. Mas não quanto a afinidades e simpatias. O jornalista Reinaldo Azevedo, em seu Blog, listou vários fatos indicativos da proximidade. A Veja desta semana reforça isso. “Os laços do PT com as Farc já duram 20 anos”, afirma.

Podem alegar que a revista e o jornalista são facciosos, antiLula, mas o insuspeito (para as esquerdas) presidente venezuelano Hugo Chávez, ao sugerir às Farc, no fim de semana, que deixem o caminho das armas e se reintegrem no quadro político-partidário colombiano, deu exemplo que deixa clara a afinidade ideológica. Para ele, esse é o melhor meio de chegar ao poder. Segundo matéria publicada na edição de domingo do Correio Braziliense, Chávez recordou alguns exemplos “no Brasil e na região”.

Disse ele: “Aí está Pepe Mujica (ex-guerrilheiro Tupamaro, agora presidente do Uruguai), está Daniel (Ortega, presidente da Nicarágua), está Evo (Morales, presidente da Bolívia), está Lula e estará Dilma (Rousseff), enfrentando as oligarquias e o imperialismo.” Ou seja, todos vieram das lutas da esquerda (algumas também armadas, como as Farc) e chegaram ao poder. Ele também. Não veio propriamente dessas lutas, mas se põe como integrante (senão líder) do grupo.


ENIGMA DILMA

Trechos de artigo do professor-doutor Carlos Alberto Di Franco na edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S.Paulo:

“Dilma Rousseff continua sendo apenas uma embalagem, um enigma a ser decifrado. (...) Suas convicções, aparentemente, mudam como chuva de verão. Lança um programa de governo. Tem reação? ‘Não assinei, não li, só rubriquei.’ (...) Instaurou-se, sob a égide de certas esquerdas, a política do descompromisso radical com os fatos. A saída é sempre a mesma: ninguém sabe, ninguém viu.”

“Dilma Rousseff continua empacotada. Dilma não é Lula, um carismático de livro e mestre da conciliação. Conseguirá impedir que os radicais do PT imponham sua política do atraso?”

“Na verdade, Dilma é o terceiro mandato de Lula. Mas sem o carisma, sem a habilidade, sem domínio das bases e sem a ginga do criador. E isso precisa ser dito com todas as letras.”


MELHORIA PARA OS MAIS POBRES

Ao contrário do que faz crer a propaganda oficial, não foi o governo Lula, com seu Bolsa Família, que elevou o padrão de vida da população mais pobre, que promoveu, enfim, um up grade nas camadas da base ou do meio da pirâmide social. Já observei, neste espaço, que isso é resultado de longo processo, que vem desde a mudança da Capital e para o qual todos os governos, de lá para cá, deram sua contribuição, devendo-se destacar o Plano Real, de Itamar Franco/Fernando Henrique, que, ao pôr freio na tresloucada inflação, assegurou o poder de compra dos salários.

Hoje, em artigo também no jornal O Estado de S.Paulo, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) traz mais uma informação nesse sentido: a verdadeira revolução por que passou a agricultura e pecuária a partir de 1965. A produção brasileira de grãos passou de 20 milhões de toneladas, para uma população de 80 milhões (250 kg por habitante) para 144 milhões de toneladas, para uma população de 190 milhões (758 kg por habitante). A produção de carnes passou de 2,1 milhões de toneladas (25 kg por pessoa) para 20 milhões de toneladas, em 2006 (100 kg por pessoa).

Graças ao aumento da produção e da produtividade, mediante o emprego de modernas técnicas – para o que em muito contribuiu também a Embrapa – os preços dos alimentos caíram. Kátia Abreu cita estudo dos professores José Roberto Mendonça de Barros e Juarez Rizzieri, segundo o qual, de 1975 a 2005, o custo da cesta básica, na cidade de São Paulo, baixou, em média, 5% ao ano, em termos reais. Em consequência, gastando menos com comida, sobrou dinheiro para os mais pobres comprarem outras coisas e investirem em seu bem-estar. “O efeito da queda dos preços agrícolas é mais importante que as transferências de renda para explicar a melhoria do padrão de vida das populações mais pobres”, assinala a senadora.

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Transitividade e Legalidade

Estes dias o PT pipocou na mídia dizendo que o candidato a vice de José Serra era um irresponsável, um desqualificado, um despreparado e que o processaria por ter divulgado que o PT era ligado às Farc e ao Narcotráfico.

A imprensa tem noticiado há muito, como a Gazeta do Povo em 3 de junho de 2008, a ligação do PT com ex-guerrilheiros, inclusive a contratação para cargo de confiança da esposa de um ex-guerrilheiro, a pedido da então ministra Dilma. Também vemos sempre notícias de que o pessoal da Farc tem ligação com o narcotráfico.

Assim entendo que o candidato Índio da Costa tenha usado uma lógica rápida, muito conhecida na matemática: se a|b e b|c então facilmente temos que a|c, garantindo que a relação é transitiva. Ou seja, vejo uma conclusão rápida de uma análise pouco profunda, talvez até leviana. Mas não vejo crime nisto que precise ser processado.

Mas vejo crime quando os funcionários da receita deixam vazer se aproveita do domínio da máquina pública e invade sigilo fiscal dos oposicionistas e usam as informações para desgastar a candidatura do PSDB, como fizeram no caso do vice-presidente do PSDB, algo semelhante que fizeram com aquele caseiro na época do Palocci. Vejo crime quando os sindicatos, sustentados com meu dinheiro, com seu dinheiro, com dinheiro público, sem auditoria do TCU, fazerem campanha abertamente para a candidata do PT e usarem a máquina sindical para chamar o candidato do PSDB de mentiroso e contra o trabalhador. Vejo sim ilegalidade quando o presidente da República usa meu dinheiro para pagar o avião e seguranças para ir a um comício da candidata de seu partido. Meu dinheiro, o dinheiro público tem que ser usado para o interesse comum, do pais, nunca de um partido. Mas ele já tinha mostrado ter dificuldade de separar o público do privado quando ao assumir mandou fazer uma estrela vermelha nos jardins do Palácio Alvorada, uma instituição pública, feita para abrigar o destinatário da nação exibindo o símbolo de um partido. Usar recursos públicos para se fazer presente em comício do PT deve ser fichinha para o presidente.

A disputa parece estar não entre os que querem privilegiar os pobres e os que querem privilegiar os ricos. Talvez a disputa esteja entre os que usam a lógica matemática, ainda que para uma conclusão precipitada e os que atuam fora da lei, pois se acreditam acima dela.

Mais uma vez lembro do poema atribuído a Bretch:
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."

Ai me pergunto onde estamos indo? Será que estamos sem perceber caminhando para um regime autoritário disfarçado de social?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

A ESCOLHA DE DILMA

Ary Ribeiro


Imaginava-se que o candidato natural à sucessão de Lula seria José Dirceu ou Antonio Palocci, as duas grandes figuras do começo e de boa parte do seu governo e do PT. O primeiro, na chefia da Casa Civil, era o comandante da área política e administrativa, uma espécie de Primeiro Ministro. O segundo, o czar das finanças, foi o responsável pela manutenção da política macroecômica herdada do governo Fernando Henrique e por afastar os fundados receios que investidores, banqueiros e grandes empresários tinham diante de um governo petista.

Ambos soçobraram pelo caminho. Primeiro, foi Dirceu, que, enredado no caso do mensalão, deixou o Planalto, teve cassado o mandato de deputado federal e acabou integrando o rol de acusados que respondem a processo no Supremo Tribunal Federal. Depois, foi a vez de Palocci. Acusado de envolvimento no caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, deixou o cargo de Ministro da Fazenda. (Recentemente, por 5 votos a 4, o STF, arquivou a denúncia por “insuficiência de provas”.)

A exclusão dos dois potenciais candidatos à sucessão, teria vindo a calhar para o não tão recôndito desejo de Lula de continuar no Planalto. Já tinham sido feitas, no Congresso, tentativas para a aprovação de mais uma reeleição. Falava-se num terceiro mandato. Um banco chegou a lançar propaganda na qual muita gente viu mensagem subliminar, pois, não me lembro a propósito do que, o número 3 aparecia com destaque. Lula, porém, parece não ter querido correr o risco de entrar abertamente nessa causa e sofrer derrota no Congresso. A ideia morreu.

Então, com a saída de cena de Dirceu e Palocci, ele se teria visto livre para buscar o terceiro mandato por via indireta. Nenhum dos dois, por terem voo e liderança próprios, se sujeitaria a ser a sombra de um ex-presidente. E seria muito difícil afastar a candidatura de um ou de outro. Dilma Rousseff seria figurino perfeito, pois era uma desconhecida (popular e politicamente), nunca disputara uma eleição e não pertencia a nenhuma das correntes do PT, onde era, por sinal, “cristã-nova”, pois viera do PDT. Lula a escolheu, em detrimento de outras importantes figuras do seu partido, como, por exemplo, Tarso Genro, Aloizio Mercadante, José Eduardo Dutra ou Martha Suplicy. Se eleita, Dilma – que ele impôs ao partido – iria devê-lo exclusivamente à força do seu criador. Ele declarou que “na cédula” seu nome será o dela e participa da campanha com tal desenvoltura que já amealhou seis multas da Justiça Eleitoral.

Aparentemente, Lula imaginaria que, eleita Dilma, ele é que estaria no poder com ela. Continuaria mandando e usufruindo de todas as regalias. Com a óbvia diferença de não se tratar de marido e mulher, ele estaria para ela como Néstor está para Cristina Kirchner, na Argentina. Mas – e aí vem o “mas” – quem garantiria que as coisas se passariam como nesse suposto script? A vida política está repleta de casos de “traição”, de criaturas que se voltaram contra o criador. Nem seria caso de “traição” propriamente dita, mas de querer ter vida própria, de não aceitar ingerências.

Para continuar com estas reflexões, Dilma, se eleita, poderia ser muito grata ao presidente por tê-la escolhido e ter sido seu grande cabo eleitoral, mas poderia não querer tê-lo permanentemente ao seu lado, como se fosse ele o real presidente. E isso seria muito plausível segundo o testemunho de todos que tiveram contato mais próximo com ela. Dizem tratar-se pessoa de temperamento forte, impositivo, de pouco diálogo. Além disso, ideológica e politicamente, ela estaria mais afinada com setores esquerdistas radicais do que com o moderado e conciliador Lula. É certo que ela não iria poder pôr em prática aqueles polêmicos pontos do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos ou os do primeiro programa apresentado ao TSE, com sua rubrica, e depois substituído. Ela estaria contida pelo seu “ao redor”, ou seja, pelos partidos aliados, mas conservadores, e pelas forças sociais e econômicas do País. Nenhum governante faz o que quer, mas o que as circunstâncias permitem. Sempre sobraria, contudo, espaço para dar mais força que Lula a algumas posições radicais, como certo controle da imprensa, da educação e da cultura. E acima de tudo, ela não haveria de querer que seu nome passasse à História – primeira mulher a ocupar o alto e honroso cargo – como presidente-fantoche.



RISCO PARA OS FICHAS SUJAS


Em entrevista ao Correio Braziliense, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, deixou claro que correm risco de ter o registro cassado ou, se eleitos, o próprio mandato, aqueles que estão obtendo liminares para disputar as eleições. Ele, que integra também o Supremo Tribunal Federal, disse ter esperança de que essa Corte manterá a interpretação do TSE, segundo a qual a Lei da Ficha Limpa se aplica às eleições deste ano e alcança situações passadas. Para ele, essa lei propicia a moralização dos costumes políticos.



DESSERVIÇO À DEMOCRACIA


Circula pela Internet e-mails remetendo a uma cena gravada na Câmara dos Deputados pelo programa CQC, da Rede Bandeirantes, e reproduzida no YouTube. Nela, aparece uma jovem dirigindo-se a apressados deputados no corredor que liga o Anexo 2 ao Anexo 4 da Câmara e pedindo-lhes a assinatura numa Proposta de Emenda Constitucional. A seguir, outra jovem, microfone na mão, pergunta aos deputados se sabiam o que haviam assinado. Embaraçados, dão atrapalhadas explicações. Então, a jovem revela: trata-se de proposta de fictício deputado para incluir a cachaça na cesta básica.

Quem viu a cena na TV ou a vê no YouTube e não conhece o funcionamento do Congresso fica justamente escandalizado. É preciso esclarecer que uma PEC, para ser apresentada, tem de ter a assinatura de um terço dos integrantes da respectiva Casa legislativa, Câmara ou Senado, e os parlamentares não costumam negar essa colaboração aos colegas. Depois, assinar, nesse caso, não significa estar de acordo com a proposta. É apenas uma ajuda para que possa ser apresentada. Tanto que na linguagem parlamentar isso é chamado de “apoiamento”, para diferenciar do puro e simples apoio.

Pode-se indagar: então assinam mesmo sem ler? Em muitos casos, sim, porque não faz diferença, já que assinar, como se disse, não significa comprometimento. Depois, dificilmente alguém apresentaria proposta tão ridícula como aquela. Pode-se fazer muitos reparos a membros do Congresso, menos o de que sejam burros ou tolos. Ninguém assim conseguiria sair candidato e obter 20 mil ou 300 mil votos, conforme a unidade da Federação. Além disso, qualquer proposta, após a apresentação, é encaminhada às comissões técnicas e ali, sim, sua constitucionalidade, juridicidade e mérito são avaliados e, se não tiver um mínimo de cabimento, não irá adiante.

Então, o que o CQC fez foi uma graça em torno de caso – projeto absurdo – que não ocorre na prática. Pôs em ridículo uma instituição essencial ao regime democrático e que deve ser, sim, seriamente criticada e melhorada, como agora se procura fazer, por exemplo, com a Lei da Ficha Limpa, e nunca desprezada como algo que pode ser descartado.



E O CIRO GOMES, HEM?


O político cearense, que já foi candidato à Presidência da República, pretendia concorrer de novo e com o apoio de Lula. Achava que teria muito mais aceitação que Dilma Rousseff. Conversou com o presidente e este, ao que parece, não descartou a possibilidade. E até convenceu Ciro Gomes a transferir para São Paulo seu domicílio eleitoral, porque poderia ser também uma alternativa de candidato ao governo daquele Estado, com o apoio do PT. Ciro transferiu o título, mas não conseguiu nem uma coisa nem outra. Ficou na mão. Agora, de volta ao Ceará, trabalha pela reeleição do seu irmão Cid Gomes ao governo estadual – e, indiretamente, também pela candidatura Dilma. E, situação ainda mais irônica: não pode nem votar no irmão, porque seu título é de São Paulo.



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domingo, 18 de julho de 2010

APROVADO O FIM DO 13° SALÁRIO

Esta notícia está sempre voltando aos nossos e-mails. É um trabalho de divulgação a favor do povo brasileiro e contra é claro, os parlamentares do PSDB, Democrátas e do PPS. Segundo os autores do e-mail esses partidos são contra o povo trabalhador, bichos e monstros servis aos capitalistas selvagens. O e-mail acaba dizendo para não votarmos nestes corruptos.

Ao ler estes e-mails lembro-me sempre do Poema atribuído a Maiakovski, mas que de fato é de um poeta brasileiro, Eduardo Alves da Costa: “Na primeira noite eles se aproximam / roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem : / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./ Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não dizemos nada.”

Na mesma linha o poema atribuído a Brecht
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."

Hoje eles mentem contra o DEM e contra o PSDB, ou contra o PPS, mas você não se importa porque você não é DEM, nem PSDB, nem PPS, não é com você. Amanhã eles mentem sobre amarelos, mas você não se importa, porque você não é amarelo, depois contra os azuis, mas isto não tem importância, pois você não é Azul, amanhã atacam os vermelhos e você é vermelho, mas como você não se importou com ninguém, ninguém vai perceber sua dor.

Somos um povo, precisamos olhar nossa história como evolução coletiva, o Brasil não começou em 2003, muitas estradas foram pavimentadas antes. Muitas dificuldades superadas. Muitos ajustes feitos. Quem é pai e mãe sabe, quem é educador sabe, muitas vezes é preciso desagradar para construir um mundo melhor. Quando crianças nos revoltamos com os nãos, quando crescemos percebemos a importância do ajuste. Mas o PT não. A culpa de tudo é do governo passado, que tinha um caminhão de maldades e de ajustes. Não consegue ainda ver que a tranqüilidade dos seus oito anos de governo está plantada nos ajustes feitos nos oito anos anteriores.

O bem é uma construção coletiva, exige sacrifício, maturidade e responsabilidade. Colocar culpa nos outros o tempo todo, ainda mais quando se é governo há 8 anos, é loucura. Respaldar isto no pleito é loucura coletiva.

Hitler já fez isto no passado, colocou a culpa de todas as mazelas da Alemanha de 1939 nos judeus e nos estrangeiros que exploravam aquele “pobre” país. Nós vamos continuar culpando FHC pelos problemas do Brasil, ou VAMOS CRESCER?

Zé Ricardo
Somos Um

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Eleição de 2010 - Brasília Renovada

A eleição é sempre um momento de festa coletiva. Momento de participar da história na escolha de seus representantes e governantes. Neste ano, segundo o TRE são 1.081 concorrentes, sete candidatos ao governo, 12 ao Senado e mais de 994 candidatos para deputado federal (106) e distrital (838). Se contarmos os candidatos a vice e suplentes, temos 994 candidatos este ano.
Talvez as disputas para governador, senador e até mesmo para deputado federal esteja restrita a alguns grupos políticos. Ainda assim o eleitor tem uma série de nomes para escolher aquele que ele mais se identifica de forma ideológica e comportamental. O melhor é que o eleitor vote no partido e na pessoa que mais se identifica. O segundo turno da eleição serve para se votar naquele grupo que tendo chance de se eleger, melhor represente seu pensamento. É uma pena que os partidos políticos se coliguem antes do primeiro turno. É um absurdo que para eleições proporcionais haja coligações. É uma distorção total do propósito do voto proporcional, que procura retratar ideologicamente a representação nas casas legislativas.A melhor opção nesta eleição é aquela que refere-se à Câmara Legislativa. Quase não houve coligação neste nível eleitoral. O eleitor que votar no PSDB terá seu voto circunscrito aos candidatos do PSDB. Ainda que dentro da lista de candidatos do PSDB exista um amplo espectro de idéias e compromissos, um voto dado ao PSDB não será computado ao PSC, nem ao DEM, nem ao PMN, tornando muito mais transparente o resultado para as eleições para a assembléia distrital. E é exatamente na Câmara Distrital que Brasilia necessita mais de melhores representantes.
Eu adotarei a seguinte estratégia, que acho válida para o momento atual da política Brasileira: não reelegerei ninguém, com apenas uma exceção.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

12/07/2010

Ary Ribeiro é Jornalista e escreve às segundas no Blog do Zé Ricardo

LULA É SIMPLES CIDADÃO?


O jornalista Fausto Macedo perguntou ao ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (Estadão, dia 10), se um presidente da República pode ou deve participar da campanha à sua própria sucessão.

Resposta: “Não existe na lei algo que diga que presidente da República não é cidadão. Há limites legais. Ele só não pode fazer aquilo que a lei diz que não pode.”

Para mim, um presidente da República não é simples cidadão. Ele está no exercício do cargo 24 horas por dia, todos os dias da semana, e não 8 horas por dia. Mesmo que desse expediente das 8 às 18 horas, continuaria, depois disso, presidente do mesmo jeito. Tem tudo pago com dinheiro público, reside num imóvel oficial, onde há um batalhão de pessoas, de garçons e copeiros a agentes de segurança, à sua disposição 24 horas por dia. Motoristas e pilotos também se mantêm de plantão para qualquer emergência. Um presidente não dá um passo para lugar nenhum sem que tenha ao seu redor um séquito de pessoas pagas pelos cofres públicos para servi-lo, assessorá-lo e garantir-lhe a segurança. Se surge uma crise ou um problema grave à noite ou de madrugada, não pode dizer que está fora do horário de trabalho...

A um presidente, penso, seria muito mais apropriado aplicarem-se os princípios do Direito Público: o que não está expressamente autorizado, está proibido; e não os do Direito Privado: o que não está proibido está permitido.

Segundo o ilustre ministro, não há lei que diga que um presidente não é cidadão e, assim, ele pode participar ativamente da campanha eleitoral do seu sucessor.

Pensando bem, até que há. Principalmente no caso brasileiro, em que o presidente já declarou que estará nas cédulas (ou maquininhas) com o nome de Dilma ("Vai ficar um vazio nessa cédula e, para que esse vazio seja preenchido, eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula."). Se é o verdadeiro candidato, já estaria por interposta pessoa contornado a proibição do terceiro mandato. Se é candidato, direta ou indiretamente, deveria ter-se desincompatibilizado seis meses antes do pleito, como determina a lei e como o fizeram a própria Dilma, Serra e todos os outros que tinham cargos no âmbito do Executivo. Por que a desincompatibilização? Justamente para impedir que o candidato, no exercício do cargo, o utilize em favor de sua candidatura.

E isto, visto apenas pelo ângulo jurídico, sem entrar no terreno da ética.


DONA DILMA E SEUS TRÊS PROGRAMAS

Para usar de expressão em voga, parece coisa de “aloprados” essa sucessiva troca de programas feita, no Tribunal Superior Eleitoral, pela equipe da candidata petista.

Primeiro o PT apresentou um programa reproduzindo alguns dos pontos radicais e polêmicos do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que já havia passado pela candidata quando ela chefiava a Casa Civil. Ali estavam controle da imprensa, favorecimento à ação do MST, imposto sobre “grandes fortunas” e abertura para a legalização do aborto. E tinha a rubrica de Dilma, que, segundo a Veja, assim se justificou: “Me pediram rubrica. Rubricar é rubricar, e eu rubriquei.” Se esse declaração é verdadeira, ela assinou sem ler o documento. Não é o que se espera de alguém que se propõe a dirigir o País.

Esse fato lembra piada que circulou ao tempo do regime militar. Vendo seu governo chegar ao fim, Médici chama o gen. Adalberto Pereira dos Santos e diz que pensa indicá-lo para seu sucessor. Adalberto, modestamente, declara não estar preparado para o cargo. “Bobagem, Adalberto, os papeis chegam à sua mesa já com uma seta, indicando o lugar da assinatura...” (Para lembrar: o general Adalberto tornou-se o vice do presidente Ernesto Geisel.)

Em menos de 24 horas, o PT, alegando ter havido “engano”, substituiu o programa por outro, que excluía alguns pontos polêmicos, mas mantinha, entre outras coisas, a intenção de controlar a imprensa.

Depois, esse também foi trocado por um terceiro, que, esse sim, refletiria a posição da coligação partidária.

Qual é, afinal, o verdadeiro programa? O que realmente pensa a candidata? O que quer de fato o PT? Isso não prenunciaria problemas futuros, caso a candidata fosse eleita? Nessa hipótese, com Lula fora do poder (ao menos formalmente), Dilma conseguiria, como ele, domar os petistas “sinceros, mas radicais” ou pensa como eles?


PARA QUEM LULA GOVERNA?


Para o sociólogo e Doutor em geografia humana pela USP Demétrio Magnoli (Estadão, dia 8), “o Estado lulista (consiste num) conglomerado de interesses privados. Nele se acomodam a elite patrimonialista tradicional, a nova elite política petista, grandes empresas associadas aos fundos de pensão, centrais sindicais chapa-branca e movimentos sociais financiados pelo governo.”

Podia-se acrescentar que, ao lado disso, há também uma espécie de “coronelismo de Estado”, representado por programas meramente assistencialistas, capazes de dar bom resultado eleitoral.

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Saúde Pública está Morta

Ontem caminhando no setor comercial eu me deparei com um protesto dos servidores de saúde, que não tinham recebido salário no dia 8 do mês seguinte.
Este é apenas uma parcela do CAOS na saúde pública do DF. Faltam leitos, não há vagas na UTI. Não há medicina, existem remédios vencidos.

Não existem postos de saúde suficientes e os que existem não prestam serviços de primeira necessidade. Os hospitais deixaram de ser uma unidade de atendimento de doenças graves e emergenciais e passaram a ser demandados como ambulatórios, para tratamentos médicos e consultas simples.
Uma má alocação de recursos, fruto principalmente de uma cultura de medicina curativa, para apagar incêndios que poderiam ter sido evitados facilmente. Não faz sentido uma gripe ser tratada no hospital, não faz sentido uma dor de cabeça ser direcionada para um hospital, sem esgotar-se tratamentos mais simples em unidades médicas menos custosas.
A saúde pública está morta porque não merecem atenção dos governos e porque a população prefere avenidas largas a investimentos em unidades médicas, prefere monumentos como o Museu da República em Brasília, que pagar melhores salários para os profissionais de saúde.
A saúde está falida porque o foco é em medicina curativa, cada vez mais cara e sofisticada que em medicina preventiva, mais barata, mas humana e mais fácil de implementar. Uma medicina que olha o cidadão como um todo e não só como estatística.
Outro dia um cidadão me disse que procurou um posto médico com uma filha que tinha dor de cabeça há um mês. Em vez de atendê-la, examiná-la e ouvir do paciente o que poderia estar causando tal incômodo, o profissional de saúde encaminhou-a ao Hospital Regional da Asa Norte – HRAN para fazer um exame sofisticado. Lá o profissional que atendeu marcou o exame para dali a 2 meses. Na data marcada o cidadão e sua filha, agora com uma dor de cabeça que durava 3 meses foram informados que não seria possível atender a criança, que teriam que voltar dali a um mês. Um mês depois um médico se digna a examinar a criança, não faz o exame sofisticado porque a máquina estava quebrada e receita alguns medicamentos. A menina ficou boa. A minha pergunta é: quantos recursos foram desperdiçados nesta ineficiência? A menina teve que passar quatro meses com dor de cabeça até que um médico pudesse ouvi-la e medicá-la. Que país é esse?
Entendo que a saúde pública necessite ser repensada. A medicina preventiva precisa ser priorizada. O bem estar do cidadão e do ser humano aumenta sensivelmente se ele não precisar procurar hospitais e o dinheiro dos impostos poderão ser melhor utilizados. Mas a solução não é só a saúde preventiva. Mesmo a saúde curativa pode se tornar mais barata e pode-se implementar , o médico de família no setor público.
O profissional de saúde deve ser reciclado e encarar sua profissão de forma distinta, para atender e servir ao ser humano que o procura, para reduzir o sofrimento das pessoas. O profissional de saúde deve ver o ser humano como um todo e não só como uma estatística. Os centros de saúde devem ter uma equipe completa, com psicólogos, clínicos e alguns médicos para doenças mais comuns. É fato que parte significativa das doenças é psicossomática e pode ser solucionada com um bom ouvido do médico, com um atencioso atendimento do profissional de saúde, ou com a aplicação de alguma medicina alternativa no primeiro atendimento. Isto aumentará o bem estar das pessoas que procuram o atendimento dos postos de saúde e reduzindo o custo do sistema de saúde pública.

A medicina preventiva, a utilização de terapias alternativas e uma melhor qualificação do profissional de saúde, fazendo-o mais atencioso no atendimento e melhor remunerado significará uma revolução na saúde. Mas isto depende de prioridades. Qual é a sua prioridade? Avenidas largas, ou um bom sistema de saúde pública?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

05/07/2010 Ary Ribeiro

MALES QUE VÊM PARA O BEM

A novela da escolha do Vice para a chapa de José Serra pode bem enquadrar-se no ditado popular acima.

Primeiro, o comando da campanha tucana depositara muita esperança em que o ex-governador mineiro Aécio Neves aceitaria a indicação. Ele dizia que não, mas deixava a entender – ao menos assim se interpretava – que a recusava não era definitiva. Até que deixou o governo, foi passar férias no exterior e, na volta, lançou uma torrente de água fria na possibilidade de uma chapa fortíssima, que reviveria os velhos tempos da política café com leite (união de São Paulo e Minas).

O comando do PSDB pareceria acreditar tanto numa chapa puro sangue Serra/Aécio que não tinha um Plano B, uma alternativa. Só então passou a examinar outros nomes, inclusive com sugestões do aliado DEM, que concordava com a indicação de Aécio, mas, não sendo ele, julgava-se com direito à Vice.

Quando o prazo para registro da chapa já se esgotava, o tucanato optou por chapa puro sangue mesmo e escolheu o nome do senador paranaense Álvaro Dias. A escolha, acertada em petit comité, acabou vazando pelo twitter e apanhou de surpresa o aliado DEM, que se sentiu passado para trás e estrilou.

Por que Álvaro Dias? Porque ele é irmão do também senador Osmar Dias, que integra um partido da base governista – o PDT – e pretendia ser candidato a governador. Como há acordo de família pelo qual um irmão não se lança em disputa contra o outro, Osmar desistiria da candidatura para não ficar contra Álvaro. E Dilma ficaria sem palanque no Estado. Essa era a jogada.

Lula, com a esperteza que lhe é peculiar, aproveitou-se do desacerto nas hostes oposicionistas, pressionou o PDT e levou Osmar a manter a candidatura.

Essa esperteza é que se teria transformado num bem, porque invalidou o principal argumento dos tucanos e deu força à pretensão do DEM. Álvaro Dias portou-se com a grandeza que se espera de um político que põe os interesses do País à frente dos seus, pessoais. Como não pleiteara a indicação, dela abriu mão em favor da aliança partidária.

O resultado foi que o DEM indicou o deputado federal Índio da Costa, um nome que poderá surpreender eleitoralmente. Ele não é tão conhecido como Aécio, Sérgio Guerra, Álvaro Dias ou outros Democratas, mas traz para a chapa oposicionista não apenas a força da juventude (tem 39 anos), mas a de um dos políticos que mais lutaram, na Câmara, pela aprovação da Lei da Ficha Limpa – da qual foi o relator – ou seja, pela moralização da vida pública. Ele tem boa presença, vem de família conceituada do Rio, e, ao contrário da candidata oficial, Dilma Rousseff – que nunca disputou um cargo eletivo – foi eleito para três mandatos de vereador e um (o atual) de deputado federal. E exerceu também cargos no governo do prefeito César Maia. Tem, portanto, experiência política e administrativa.

Fazem principalmente duas objeções à escolha do seu nome. Primeira: Dizem que é pouco conhecido. Mas é bem conhecido da juventude que usa sobretudo o twitter e de todos que acompanharam a luta pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. E hoje, com os recursos da mídia, ele se tornará rapidamente conhecido. Ademais, representa o “novo”, a renovação política tão almejada pelo País. Enquanto Dilma vem cercada dos velhos caciques da vida pública – José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor e outros – Serra tem por companheiro um jovem político. Segunda: estaria Índio da Costa preparado para assumir a Presidência da República na hipótese de uma fatalidade? Sem dúvida. Como já se disse, ele tem experiência política e administrativa. Depois, Dilma, que é candidata a Presidente e não a Vice, é mais preparada que ele?

Aliás, é preciso que ela compareça a debates públicos, principalmente pela televisão, com Serra e Índio da Costa, para se saber o que todos pensam e quais são suas propostas para governar o País. O eleitorado tem o direito de saber e fazer suas próprias avaliações. Como disse Fernando Henrique, no final de artigo publicado na edição de domingo do Estadão: “Está na hora de cada candidato, com a alma aberta e a cara lavada, dizer ao País o que pensa.”

“ELA NÃO PODE DIZER O QUE PENSA”

Eis um trecho do artigo de FHC:
“Aqui, o ‘dedazo’ de Lula apontou a candidata. Só que ela não pode dizer o que pensa para não pôr em risco a eleição. Estamos diante de uma personagem a ser moldada pelos marqueteiros. Antigamente, no linguajar que já foi da candidata, se chamava isso de "alienação".
Esconde-se, assim, o que realmente está em jogo. Queremos aperfeiçoar nossa democracia ou aceitaremos como normais os grandes delitos de aloprados e as pequenas infrações sistemáticas, como as de um presidente que dá de ombros diante de seis multas a ele aplicadas por desrespeito à legislação eleitoral? Queremos um Estado partidariamente neutro ou capturado por interesses partidários? Que dialogue com a sociedade ou se feche para tomar decisões baseadas em pretensa superioridade estratégica para escolher o que é melhor para o País? Que confunda a Nação com o Estado e o Estado com empresas e corporações estatais, em aliança com poucos grandes grupos privados, ou saiba distinguir uma coisa da outra em nome do interesse público? Que aposte no desenvolvimento das capacidades de cada indivíduo, para a cidadania e para o trabalho, ou veja o povo como massa e a si próprio como benfeitor? Que enxergue no meio ambiente uma dimensão essencial ou um obstáculo ao desenvolvimento?”

A CAMPANHA DA SELEÇÃO

Dizem que todo brasileiro é técnico de futebol. Então exerço meu direito de dar palpite. Não acho que Dunga mereça tanta reprovação. Ele deixou de convocar excelentes jogadores que despontaram ultimamente, como os santistas Ganso e Neymar e mesmo Ronaldinho Gaúcho; manteve e escalou Felipe Melo. É verdade. Mas foi basicamente com esse time que disputou 60 jogos, vencendo 42, empatando 12 e perdendo seis. Não foi má campanha. O Brasil poderia muito bem ter vencido a Holanda. Começou bem, mas levou um gol em consequência de uma trapalhada. Um azar. Como foi um azar também o Elano ter ficado de fora. Como foi por puro azar que aquela bola de Kaká não subiu um centímetro mais, o que permitiu ao goleiro holandês desviá-la com a ponta dos dedos. Azar e sorte fazem parte do futebol. Se aquela bola de Kaká tivesse entrado, a história do jogo teria sido outra. Criticam também o fato de Dunga ter montado time mais defensivo que ofensivo. Mas e o belo time de Maradona, de futebol ofensivo, com Messi e tudo, não voltou para casa com quatro gols nas costas? E outras tradicionais Seleções, como as da Itália, França e Inglaterra, não foram embora mais cedo também? Perder faz parte das disputas. O importante é que, se o nervosismo e sobretudo a desleal falta de Felipe Melo prejudicaram a atuação no segundo tempo, ninguém pode dizer que os jogadores desta vez não se esforçaram ou andaram fazendo farras às vésperas das competições. São merecedores de aplauso. Dunga também. Na Argentina, Maradona e seus craques, apesar dos quatro a zero, foram recebidos com festa. Aqui, a CBF demitiu Dunga pela Internet. Uma deselegância!


CHABU NA FESTA DE LULA

Todos nós, é claro, nos sentimos frustrados com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo. Pior foi para o presidente Lula. Ele arrumou até uma viagem, para terminar na África do Sul no dia da partida final, declaradamente por ser o Brasil o anfitrião da próxima Copa, mas na óbvia esperança de presenciar a vitória brasileira. Então, como Mandela no filme “Invictus”, poderia entrar no gramado, abraçar os jogadores e se deixar fotografar e filmar erguendo a Taça (com Dilma ao lado?). Depois, a festa prosseguiria em Brasília – em plena campanha eleitoral – com o presidente recebendo os jogadores nos jardins do Alvorada, presentes ministros, altos funcionários, petistas e políticos da base aliada e, naturalmente, também Dilma, como convidada especial. Deu chabu. A Seleção frustrou a expectativa presidencial – e, infelizmente, a nossa também, de simples torcedores.

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domingo, 4 de julho de 2010

O Ilustre Desconhecido

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa publicado no Blog do Noblat


Vou confessar; nada me deu mais satisfação nos últimos tempos do que a declaração do presidente Lula a respeito do nome do candidato a vice-presidente na chapa do ex-governador José Serra: “Nunca ouvi falar. Não sei quem é. Não conheço”.

Ora viva!

Depois de uma novela rocambolesca – que me desculpe a campanha da oposição, mas a chanchada já estava de bom tamanho – escolheram uma pessoa que não faz parte da patota!

Não é um companheiro!

Nunca andou no Aerolula, nunca foi às festas de São João na Granja do Torto, não joga truco, não freqüenta as reuniões no Alvorada, e tenho certeza: não carrega isopor na cabeça.

É um ilustre desconhecido!

Mas a lei mais importante dos últimos anos, digo mais, das últimas décadas, a Lei da Ficha Limpa, deve muito às pestanas queimadas desse ilustre deputado federal em seu primeiro mandato, com uma carreira política que deixa a de muita gente conhecida, mas não tão ilustre, embaçada.

Só um político inteiramente distraído, alheio ao que realmente importa ao cidadão brasileiro, i.e., fechar as porteiras da administração pública brasileira, em seus três níveis, municipal, estadual e federal, a pessoas que não merecem lá estar, poderia dizer que não sabia quem era o jovem deputado Antonio Pedro de Siqueira Índio da Costa, o relator do projeto Ficha Limpa na Câmara Federal.

Primeiro porque esse projeto movimentou a população do Brasil. Mexeu com todos nós, foi muito discutido e debatido e arregimentou, em menos de 60 dias, a assinatura de quatro milhões e duzentos mil brasileiros. Ansiosos em ver o Brasil livre de certas figuras e sentir que, finalmente, a carreira política não mais servirá de abrigo para malfeitores. Sei que ainda haverá muita resistência, mas já é Lei!

Segundo porque o deputado carioca compareceu a vários debates na TV, em programas de muita audiência. Chamou atenção pelo que dizia, pelo que informava, pelo modo claro e objetivo como respondeu às diversas perguntas, pela língua portuguesa respeitada, pela inteligência e pela instrução superior que demonstrou.

Terceiro porque seu nome chama a atenção, pelo inusitado. Não é um nome comum. É um nome que desperta curiosidade. É uma marca. Aliás, para os cariocas autênticos, é mais que uma marca, é uma "griffe" no design e na arquitetura. Uma etiqueta de criatividade e bom gosto.

De agora em diante, passa a ser uma marca política também. Faz-se justiça, aliás, já que ele não é um novato na política, milita há anos e sua carreira começou em 1996. Foi vereador na Câmara Municipal do Rio em três legislaturas e em 2006 foi eleito deputado federal. Não ficou enfeitando o plenário da Câmara: é membro da Comissão de Constituição e Justiça, da Comissão de Defesa do Consumidor; e da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.

Curiosamente, as reações, tanto da oposição quanto da situação, foram indigentes... De pronto, as mentiras e o desrespeito com uma moça que por ter namorado o jovem e lindo rapaz, teve seu nome citado da maneira mais cruel. Depois, a falta de imaginação de dar dó: Programa de Índio; Índio quer apito; Vou aprender Tupi; Já comprei meu cocar; Que canoa furada... eram títulos de artigos e matérias ou comentários nas diversas redes sociais. Uma pobreza de espírito de dar dó. Está na hora da Bolsa-Imaginação...

Sou fã absoluta da Lei da Ficha Limpa. Assim como o Real mudou a nossa cara no que se refere à Economia, a Lei da Ficha Limpa mudará nossa cara no que se refere à carreira política. Desde que nós, os maiores interessados, fiquemos muito atentos. Muito mesmo. De olhos bem abertos. Porque qualquer descuido...

Paro por aqui. Brasil x Holanda está para começar. Mas não posso deixar de dizer: “canoa furada” é para quem não sabe que os índios, muito matreiros, furavam as canoas durante a noite e depois ficavam escondidos atrás das moitas, vendo o invasor português embarcar na canoa furada.

O nosso ilustre desconhecido furou a canoa de alguém...