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sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Saúde Pública está Morta

Ontem caminhando no setor comercial eu me deparei com um protesto dos servidores de saúde, que não tinham recebido salário no dia 8 do mês seguinte.
Este é apenas uma parcela do CAOS na saúde pública do DF. Faltam leitos, não há vagas na UTI. Não há medicina, existem remédios vencidos.

Não existem postos de saúde suficientes e os que existem não prestam serviços de primeira necessidade. Os hospitais deixaram de ser uma unidade de atendimento de doenças graves e emergenciais e passaram a ser demandados como ambulatórios, para tratamentos médicos e consultas simples.
Uma má alocação de recursos, fruto principalmente de uma cultura de medicina curativa, para apagar incêndios que poderiam ter sido evitados facilmente. Não faz sentido uma gripe ser tratada no hospital, não faz sentido uma dor de cabeça ser direcionada para um hospital, sem esgotar-se tratamentos mais simples em unidades médicas menos custosas.
A saúde pública está morta porque não merecem atenção dos governos e porque a população prefere avenidas largas a investimentos em unidades médicas, prefere monumentos como o Museu da República em Brasília, que pagar melhores salários para os profissionais de saúde.
A saúde está falida porque o foco é em medicina curativa, cada vez mais cara e sofisticada que em medicina preventiva, mais barata, mas humana e mais fácil de implementar. Uma medicina que olha o cidadão como um todo e não só como estatística.
Outro dia um cidadão me disse que procurou um posto médico com uma filha que tinha dor de cabeça há um mês. Em vez de atendê-la, examiná-la e ouvir do paciente o que poderia estar causando tal incômodo, o profissional de saúde encaminhou-a ao Hospital Regional da Asa Norte – HRAN para fazer um exame sofisticado. Lá o profissional que atendeu marcou o exame para dali a 2 meses. Na data marcada o cidadão e sua filha, agora com uma dor de cabeça que durava 3 meses foram informados que não seria possível atender a criança, que teriam que voltar dali a um mês. Um mês depois um médico se digna a examinar a criança, não faz o exame sofisticado porque a máquina estava quebrada e receita alguns medicamentos. A menina ficou boa. A minha pergunta é: quantos recursos foram desperdiçados nesta ineficiência? A menina teve que passar quatro meses com dor de cabeça até que um médico pudesse ouvi-la e medicá-la. Que país é esse?
Entendo que a saúde pública necessite ser repensada. A medicina preventiva precisa ser priorizada. O bem estar do cidadão e do ser humano aumenta sensivelmente se ele não precisar procurar hospitais e o dinheiro dos impostos poderão ser melhor utilizados. Mas a solução não é só a saúde preventiva. Mesmo a saúde curativa pode se tornar mais barata e pode-se implementar , o médico de família no setor público.
O profissional de saúde deve ser reciclado e encarar sua profissão de forma distinta, para atender e servir ao ser humano que o procura, para reduzir o sofrimento das pessoas. O profissional de saúde deve ver o ser humano como um todo e não só como uma estatística. Os centros de saúde devem ter uma equipe completa, com psicólogos, clínicos e alguns médicos para doenças mais comuns. É fato que parte significativa das doenças é psicossomática e pode ser solucionada com um bom ouvido do médico, com um atencioso atendimento do profissional de saúde, ou com a aplicação de alguma medicina alternativa no primeiro atendimento. Isto aumentará o bem estar das pessoas que procuram o atendimento dos postos de saúde e reduzindo o custo do sistema de saúde pública.

A medicina preventiva, a utilização de terapias alternativas e uma melhor qualificação do profissional de saúde, fazendo-o mais atencioso no atendimento e melhor remunerado significará uma revolução na saúde. Mas isto depende de prioridades. Qual é a sua prioridade? Avenidas largas, ou um bom sistema de saúde pública?

Um comentário:

Raul Dusi disse...

É impressionante a falta de respeito com o servidor. Neste momento, o da URNA, é que devemos lutar pelo interesse comum. Um sistema de saúde PREVENTIVO, com condições adequadas de trabalho com assistência integral ao cidadão. Prefiro um Sistema de saúde eficiente!