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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Coluna do Ary: JABUTI NA ÁRVORE

Ary Ribeiro em 22/02/2010

Um antigo e muito esperto político maranhense, Vitorino Freire, costumava dizer que se alguém visse um jabuti no galho de uma árvore podia estar certo de que ele fora parar lá por enchente ou mão de gente.

Na verdade, esse é um ditado popular e que me ocorre a propósito do que vem acontecendo com o DEM. Primeiro sofreu um tiro de canhão quando estourou o escândalo de Brasília. Arruda, o único governador que conseguira eleger, está preso e o vice, Paulo Otávio, está enredado nos mesmos problemas. E agora, para completar, um juiz de primeira instância, em São Paulo, determinou a cassação do mandato do prefeito da Capital, Gilberto Kassab. Cabe recurso. Mas o DEM corre o risco de ficar sem os dois principais postos que conquistara no País.

Sem entrar no mérito dos acontecimentos, fico a perguntar-me: será mão de gente? O DEM é o principal parceiro do PSDB. Era dele o vice (senador Marco Maciel) de Fernando Henrique e poderia, em tese, indicar o vice na chapa de Serra. O prefeito Kassab foi uma “revelação” do governador José Serra, que garantiu sua reeleição contra até a candidatura tucana de Alckmin. De forma que esses tiros que atingiram em cheio a cidadela do DEM, não deixam de causar estragos na área do partido aliado e do seu candidato. Não se pode imaginar que juízes estejam fazendo qualquer tipo de jogo político. Naturalmente havia elementos suficientes, nos autos, para justificar as decisões. No caso de Brasília, há até filmes, inclusive daquele esquisito pagamento de suposto suborno de testemunha – fato determinante para a prisão de Arruda. Mas no caso do “mensalão” havia também provas indiciais abundantes e até confissão de recebimento de dinheiro no exterior e, no entanto, ninguém foi preso. Há processos em curso no Supremo Tribunal Federal, mas alguns dos mais proeminentes acusados estão por aí, fagueiros, e voltando a ocupar postos de direção partidária.

Terão sido apenas coincidência, fruto do acaso, esses raios que desabaram sobre os dois principais cargos detidos pelo DEM, justamente no início – ainda que não oficial – de uma campanha eleitoral que promete ser dura, em que se pode esperar chutes na canela, carrinhos por trás, gols com a mão? Ou terá sido uma ação de bastidores visando a minar a candidatura tucana? Tudo é possível, pois, como disse Arnaldo Jabor em seu comentário de hoje, na CBN: “essa gente não vai querer largar o osso”.

* O autor é jornalista.

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