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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Poesia - Falácias de amor?

Hoje o Blog do Zé Ricardo publica linda poesia de nossa poetiza Rosa Maria. Desejamos que ela sempre honre este endereço com a doçura de seus poemas. Zé Ricardo


Rosa Maria

A ardencia dos meus olhos
incendiou o morno do teu olhar.
Divinizou o humano
do que acreditei ser
o mais sublime de todos os amores...

A roupagem brilhante
dos sonhos ilusórios,
revestiu de belezas,
o seguir do romance.
Gerou as rosas rubras,
olorosas,
ofertas,
na extinção dos espinhos.
Alcatifou veredas
para que, em tuas andanças,
teus pés, sentissem, apenas,
um aconchego de sedas...

Um mundo de respostas,
foi a paixão decodificando,
nos embalos da seleção das frases...

Fiz baixarem as estrelas
e brilharem nos teus olhos,
quando o beijo fez nascer a luz
e a música imortal
explodiu em acordes
que silenciaram outras vozes
e desterraram a razão...

Fez-se leito macio, a relva verde
no perfume das manhãs,
ainda sonolentas,
prolongando a noite de um amor,
que supunha sem fim...

Fez-se esperança,
na união da posse.
Fez-se certeza,
nos corpos verdes da ilusão

de um destino,
acenando faceiro,
na eterna miragem dos devaneios.

Tua voz, fez-se promessa.
Tua boca, aurora de desejos.
Tuas mãos, escultoras de formas sensuais...
O instante transcendentalizou-se,
afastando o efêmero,
nos proclamas do perene...

O conceito do sempre,
reafirmou-se, potente,
na duração do momento
sentido em plenitude,
no agora, sem depois...

Entretanto...

Que importa se as estrelas
desertaram teus olhos
e voltaram a constelar os céus?

Se na relva desbotada,
permanece tão somente,
a marca leve de nossos corpos?

Se se calaram as vozes
e retombaram as mãos
sem outras criações esculturais?

Se as vestes multicores,
desfizeram-se, na abertura do olhar
e desnudo ficou o corpo
indeciso, desataviado,
marionete, sem controles?

Se as palavras ficaram prenhes
de sentidos cruéis?
De mensagens vazias?

Se de fato,
as rosas tem os espinhos
que compõem sua essência?

Se nos caminhos,
as pedras permanecem
e o trilhar exige, ás vezes,
esforço de titãs?

Nada importa!...

Se a realidade desvestiu a ilusão,
subsiste a força do vivido,
grandiloquente,
intenso,
imorredouro...

O retorno da razão anistiada,
redimensionou as emoções.
Resgatou a consequencia
nos parâmetros reais
das possibilidades.

Com esse mágico voltar
das memórias,
reconstruo o instante da ventura.
Reedifico o castelo das quimeras...

O belo, em múltiplas facetas,
adorna meu sonhar.
Na prismática visão do espelho,
refletindo ao infinito,
imagens desdobradas
reproduzindo sorrisos
musicais...

Então...

Idealizo, outra vez, o meu amor...
E assim sou feliz,
feliz,
feliz,
recriando no coração sem mágoas,
reinventando no tempo companheiro,
a minha branca estória...

Rosa Maria
Brasília, 17, Dezembro, 2009

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