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segunda-feira, 1 de março de 2010

Geraldoinho Vieira: Quem não comunica...

Geraldinho Vieria Retirado do Blog do Noblat

O uso estratégico dos recursos digitais em organizações e empresas parece viver aquele curioso (e às vezes tenso) momento de transição onde o discurso das gerências enfatiza o quanto é essencial entrar no século 21, mas na prática elas próprias e outras estruturas apegam-se a velhos modelos.

Talvez você (sua empresa/organização) se identifique com este cenário:

- os empreendedores/lideranças sabem que mergulhar nas novas ferramentas de comunicação, informação e relacionamentos implica abertura para uma transformação organizacional que tende a ser profunda, radical... e têm medo;

- por não saber como fazer (uma questão geracional, muitas vezes), consciente ou inconscientemente lideranças e gerências resistem a investir em passos ousados;

- a organização fica então à meia boca: cria um departamento de tecnologia da informação, mas não formaliza políticas, não educa os demais setores, não define visão, não estabelece metas e muito menos investimentos;

- sem saber aonde a empresa quer chegar ninguém dentro dela jamais está satisfeito com o web site e outros fóruns digitais e então fica todo mundo dando palpite a partir do que vê acontecendo por aí;

- e, por fim, aquela sensação de que há dinheiro escoando pelo ralo em eternas atualizações e redesenhos de portais e intranets que caducam antes da estréia.

Para as duas centenas de pessoas que chegaram a Brasília de várias partes do mundo (além das milhares que acompanharam ao vivo pela internet - transmissão da TV Cultura), o seminário Web4Dev realizado pela Unesco na quinta e sexta passadas enfatizou a certeza de culturas organizacionais vão se modificando, comportamentos pessoais idem...mas tudo é de certa forma ainda lento.

Percebe-se que a maior parte das organizações anda com o pé no freio no que se refere a explorar as rotas abertas pelas novas tecnologias.

Assume-se que são (somos), todos, marinheiros de primeira viagem. Que “navegar” é obviamente um processo de aprendizado entre erros e acertos e por isso ninguém fala como expert, mas compartilha-se o que se vai observando mundo afora em empresas e organizações, o que se vai experimentando, descobrindo.

Mais uma vez veja se isso se parece com o que você (sua empresa ou organização) está vivendo:
- relutância de departamentos em dedicar tempo e atenção para prover informação para plataformas públicas, abertas;

- geração de conteúdo em linguagem inadequada (o pessoal do departamento de TI que se vire para editar);
- necessidade de redefinição sobre como realizar controle de qualidade sem centralizar a produção de informação;

- medo de dialogar com a audiência, com a clientela, e o risco duplo que isso implica: (I) não saber como a organização é percebida; (II) perda de oportunidades de negócios e de criação de novos serviços a partir da construção coletiva com o próprio cliente;

- ausência da empresa/organização nas redes sociais...

Por tudo isso, os participantes do seminário que vem rodando o mundo e que podemos traduzir como Web Para o Desenvolvimento (web4dev) apontaram para a necessidade de que as lideranças deixem o pudor em casa e busquem maior qualificação. Com um alerta: que não aprendam simplesmente a usar ferramentas com as quais nunca sonharam, mas que aprendam a pensar estrategicamente a partir delas.
Notas do mundo digital:

• Se você quiser ver as palestras e debates, o site da Unesco (www.unesco.org.br) certamente informará como fazer.

• Para quem quer conhecer centenas de experiências de todo o mundo em estratégias de comunicação para o desenvolvimento social, vale acessar www.comminit.com. Excelente portal!

• Se você anda preocupado com o que suas crianças andam vendo na internet, ou com
quem andam conversando, recomendo www.internetsegura.br.

• O Congresso Nacional está debatendo o que poderá ser nossa lei geral do acesso à informação pública (a regulamentação do inciso XXXIII, do artigo 5, da Constituição Federal). Olho neles!

• Em 2008, a Unesco criou uma série de indicadores que ajudam as nações a ampliar seu grau de democracia no que se refere ao direito à comunicação. Se você quiser conhecer os indicadores e tirar suas próprias conclusões sobre como anda o Brasil:http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001631/163102S.pdf

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