Seguidores

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Meio Ambiente - Gerar valor do lixo: nosso grande desafio

Retirado da Folha de São Paulo, 26/10/2010

Nosso grande desafio é sermos responsáveis pelo que produzimos. É vermos o planeta Terra como perene e viva, que necessita nosso cuidado para nos acolher como humanidade. Buscar identificar criação de valor na reciclagem e na sustentabilidade é o caminho para incentivar as sociedades a investirem na reciclagem. Parabéns Lula pela nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, que ela não seja do PT, nem do PSDB, mas que gere frutos para todos os brasileiros e sirva de exemplo para as outras nações do mundo.
Zé Ricardo


Coleta seletiva e reciclagem podem minimizar despesas de governo e de empresas privadas e gerar receita

ANDRÉ PALHANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enxergar o valor econômico do lixo pode ser a senha para a solução de um dos maiores problemas ambientais do século: a destinação adequada para os mais de 2,1 trilhões de toneladas de lixo gerados ao ano pelo homem.
É um mercado e tanto. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no país mais de R$ 8 bilhões em materiais recicláveis foram parar em aterros sanitários e lixões em 2009.
O que explica tamanha fortuna sendo, literalmente, jogada no lixo? De acordo com especialistas, há várias respostas. "O lixo, por sua própria natureza, nunca foi prioridade nas políticas públicas", explica o técnico do Ipea, Jorge Hargrave.
Uma realidade que se reflete nos contratos de concessão do municípios para a gestão do lixo. Focados no transporte e aterro, acabam estimulando as empresas a enterrar lixo sem preocupação com coleta seletiva.
"Muitos prefeitos falam que não há recursos para a coleta seletiva, e eles deveriam ver isso como oportunidade de reduzir gastos", diz o professor Sabetai Calderoni, do Instituto Ambiente Brasil.
Somente no município de São Paulo, segundo ele, mais de R$ 1 bilhão dos R$ 1,2 bilhão gastos ao ano com gestão do lixo poderiam ser economizados com coleta seletiva e reciclagem -menos gasto com transporte e aterros.
Já a atual distribuição dos ganhos com a reciclagem pode desestimular. "As prefeituras têm a maior parte dos custos da coleta, e os benefícios são difusos, incluem catadores e empresas transformadoras", relata Hargrave.

PARCERIAS
Como os contratos de concessão de limpeza urbana não refletem a perspectiva de aproveitamento econômico, algumas prefeituras usam as Parcerias Público-Privadas (PPPs) para a coleta seletiva.
"O uso das PPPs explica em boa parte o crescimento dos municípios que fazem coleta seletiva", diz Calderoni.
Dados do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre) mostram que 443 cidades, 8% do total, hoje fazem coleta seletiva (em 26% a coleta é feita por empresas privadas). Em 2002 eram 192. Na outra ponta, há maior demanda por reciclados, que são insumos mais baratos.
Prova de que há um descompasso entre oferta e demanda, entre 2008 e 2009 as indústrias importaram quase R$ 500 milhões de "lixo limpo" (papelão, alumínio etc).
Nenhum estímulo promete ser mais forte para o avanço da economia do lixo no Brasil, no entanto, que a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto pelo presidente Lula.
Com base no princípio de que resíduos geram valor e renda, a lei cria obrigações para governos e empresas que prometem mudar o modo como o lixo é tratado, estimulando a reciclagem e a exploração comercial do setor.

Nenhum comentário: