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domingo, 17 de outubro de 2010

Poesia - Dualismo - Rosa Maria Soares Bugarin

Tia Rosa me deu de presente de aniversário (19 de setembro). em uma bonita moldura de pássaros. Disse-me que havia escrito antes, mas que, como poeta, sua obra era atemporal e que naquele dia sentia que tinha escrito para mim.
Muitos tem o privilégio de ganhar bens materiais. ^
Tia Rosa como sempre foi mais além.

Dualismo
Rosa Maria, Urbana, 14 de Novembro de 1996.

Não ser comum
e sofrer na diferença.
Sentir demais
e magoar-se na dureza.
Caminhar com os olhos para o alto
e tropeçar nas pedras do caminho.
Ensaiar um canto de vitória
e ser calado pela massa amorfa,
Tentar tocar estrelas luminosas
e mergulhar na terra dura e fria.
Querer subir, possuir o espaço pleno
e estar parado na limitação.
Ter o dom de falar e bem dizer
e estar só, sem ser ouvido por ninguém.
Possuir toda a luz dos dias lindos
e enegrecer na solidão das horas mortas.
É o dualismo de quem sendo brilho tem que andar, curvado, pelo chão.
É a angústia de quem possui o sol, Semente divina de esperança.
De quem viaja em cauda de cometa e passeia no esplendor do céu azul.
Mas, que o mundo atrai para mais baixo e a vida vai minando a resistência.
Abafando as palavras de delírio, Sufocando as benesses de infinito.
No dia-a-dia comum do ser mortal.

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