Domingo fui a um show idealizado por Pecê Souza, com vários cantores famosos de Brasília: Célia Rabelo, Janette Dornellas, Nilson Lima, Salomão Di Pádua, Sandra Duailibi e participação especial de Antenor Borgea. O show foi com as canções que fizeram a história dos grandes festivais da TV entre 1965 e 1972.
Tempos negros de liberdade, onde a música era o caminho do sonhar coletivo. Músicas do Chico, Vandré, Edu Lobo, Nara, Gil, Tom Jobim, Caetano, Elis, entre outros, que marcaram a vontade de se expressar em um ambiente de repressão política. Neste período a música nos trouxe uma identidade nacional. Talvez mais que o futebol, a música criou uma identidade nacional.
"Caminhando contra o tempo sem lenço e sem documento, num sol de quase dezembro, eu vou...
Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor, a minha gente sofrida, despediu-se da dor....
Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos, construções,....
Prepare o seu coração, para as coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão...
O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo (tomara que volte a ser, que seja resgatado em sua doçura), o Rio de janeiro, fevereiro e março, alô, alô realengo, aquele abraço...
Eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer..."
Sonhar com o futuro é importante e, como dizia o poeta, sonhar só é só um sonho, sonhar coletivamente é transformar a realidade. A música nos deu o elo do sonho coletivo nos anos de autoritarismo.
Agora vivemos um período de liberdades democráticas. Já não há o inimigo comum dos militares armados que nos silenciava por contra eles nos levantavar. Agora o inimigo é dentro de nós, da própria sociedade, de nossos valores. Vivemos em liberdade, mas não acreditamos no sistema que garante estas liberdades. Vivemos em liberdade, mas não acreditamos que os que nos representam possam atuar com lisura. Vivemos em liberdade, mas já não nos revoltamos com políticos corruptos. Vivemos em liberdade, mas já não participamos dos movimentos que garantem esta liberdade. Vivemos em liberdade, mas estamos presos olhando para nossos próprios umbigos, enquanto os que não gostam de liberdade agem livremente para reduzi-la.
Será que ainda somos capazes de sonhar? Será que a música poderá nos resgatar de nós mesmos? Em Brasília, Célia, Janette, Nilson, Salomão, PC, Sandra, Antenor, Cássia Portugal, estão trabalhando para isto.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
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