O Banco Central do Brasil promoveu na última semana o II Fórum de Inclusão Financeira. Além do Presidente da República e Ministros, o Fórum reuniu participantes das comunidades carentes, dos bancos comunitários, da academia, do sistema financeiro e técnicos do próprio Banco Central, envolvidos nesta tarefa de permitir a expansão do crédito e das atividades financeiras para emancipação e autonomia econômica de parcela significativa da população brasileira.
Este blogueiro ficou encarregado de falar sobre os desafios da Inclusão Financeira para o desenvolvimento territorial. O tema é muito importante, pois o acesso a atividades financeiras, que permite a transferência de poupança de poupadores para empreendedores explicando o sucesso do desenvolvimento econômico, enquanto o não acesso ao crédito explica parte importante dos bolsões de pobreza, miséria e desolação social. Um melhor funcionamento da intermediação financeira aumenta a produção, reduz pobreza e permite o aproveitamento do potencial de cada ser humano.
Embora ninguém seja dono completo de sua vida, a pobreza limita muito a capacidade do ser humano se libertar e influir na sua história. O acesso ao crédito ajuda a cada ser humano realizar seus sonhos, se inserir na sociedade de forma autônoma e criativa, ser dono de sua própria história e gestor de seu próprio destino
O problema maior é que o poupador é prudente, pensa no futuro, mas não empreende, e o empreendedor é arriscado, viabiliza o futuro, mas não conta com a confiança do poupador. Porém, sem emprestar não há inovações, nem novas atividades e assim não adianta poupar. Então soluções que melhorem a confiança do poupador nos investimentos ajudam ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social.
Em uma sociedade rica, os empreendedores podem dar garantias para tomar emprestado, mas em comunidades carentes estas garantias não existem, pois nestas não há emprego formal, endereço certo, garantias matérias. E isto dificulta a transferência de poupança para empreendimento em comunidades carentes. O não financiamento de idéias e projetos dificulta geração de renda pelos membros da comunidade, dificultando a melhora na qualidade de vida das comunidades carentes e a criação de garantias necessárias para o poupador externo ficar seguro do retorno de sua poupança. Acaba virando um circulo vicioso de pobreza.
Para sair deste círculo, a solução é criar garantias dentro da própria comunidade, para assegurar o retorno do dinheiro emprestado ao poupador. Para isto é preciso a redução das incertezas do poupador em emprestar para a comunidade e o uso auto-sustentável dos instrumentos financeiros, para que estes possam dar suporte de longo prazo a estas comunidades.
Como não tem garantias materiais, o crédito precisa ser garantido de outras formas, baseado nos laços de solidariedade, na proximidade física, na identificação de valores comuns, no aval e compromisso coletivo e solidário tanto para selecionar projetos e empreendimentos de interesse da comunidade, como para monitorar aplicação, usando a pressão social intra-comunitária para forçar os tomadores de crédito a aplicarem-no nos projetos que se comprometeram e a pagar o empréstimo para que o recurso possa voltar a ser emprestado a outros projetos. Quanto mais forte for laço solidário e de autogestão menor será taxa de default e assim menores os riscos da ação de empréstimo com conseqüente redução de juros. Quanto mais bem sucedidos forem estas operações financeiras e empreendimentos mais livre estará a comunidade do círculo vicioso da pobreza e mais apta estará ela de conceder a seus membros o direito de realizar seus sonhos e gerir suas histórias de forma autônoma.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
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