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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Poesia de Rosa Maria

Rosa Rio

Rosa Maria Soares Bugarin

Os dias de minha vida,
desfilam,
deslizam,
resistem,
desgastam-se,
emudecem,
navegam,
boiam,
rebelam-se,
aceitam,
calam,
como contas de um rosário,
escorregando entre dedos,
praticando orações
ou segurando alheamentos.
Alternando sorrisos,
inundando-se de prantos
que escapam de olhares cansados.
Renascendo em luzes
no fulgor das esperanças
que reavivam as brasas
dos desencantos,
desenganos,
marcando o desfazer das quimeras...

Contas de minha vida,
contas de rosário,
contas redondas,
coloridas,
opacas,
pedaços de momentos,
vividos na intensidade das emoções,
na inteireza de ser,
humanamente imperfeito...
Momentos plenos,
saltitantes,
pesados,
rápidos,
vagarosos,
reflexivos
intempestivos,

indiscutivelmente,
absolutamente,
absurdamente,
vivos...


Contas, contas,
rosas, boiando em rio,
rio, enfeitado de rosas...

Contas gastas, pelo perpassar nervoso,
atento ou distante
de dedos que repetem o mesmo gesto,
na monotonia da rotina dos atos,
ditos iguais,
mas, quebrados, às vezes,
pela coragem da mudança,
pela força de afirmar-se, homem,
na posse suprema de seus desejos,
na liberdade de prender-se a um ideal...
Apanágio dos valentes ou inconformados
que ousam dizer não à mesmice incolor
das aceitações passivas
de uma vida igual,
no planejamento da mediocridade,
sem riscos,
sem precipícios tentadores,
escaladas inebriantes,
vertigens de abismo,
mergulho no desconhecido...


Os dias de minha vida,
desfilam,
deslizam,
acontecem,
tal força de inexorável sequencia,
como contas de um rosário,
multicolorido,
passando por mãos hábeis
do Senhor de todos os destinos,
Criador de todas as certezas,
conclusão de todas as questões,
acalmia de toda inquietude...


Contas que seguem , obedientes, presas,
ou pulam, rebeldes.
Dias perdidos,
vitórias vividas,
conquistas e lutas,
nevoeiros que surgem
e apagam lembranças.
Faróis que se acendem
e orientam caminhos,
em retomada de rumos...


Dias de vida, contas
matizadas,sem cor,
renovadas, usadas, unidas.
Harmonia de uma canção
com notas repetidas,
mas, de repente, nunca ouvida.
Colorido arranjo
de flores perfumadas
na eterna mensagem da beleza imortal.
Dias de rio, contas, rosas, vida.
Repouso do coração,
a bater em cadencia,
no assombro de estar vivo,
no encanto de amar
e saber ser feliz...


Contas que prendem o sol
em seus lampejos.
Vida que segue brilhando,
multifacetada,
como o rosário, no infinito de seu aro,
perpassando pensamentos,
aprisionando ternuras,
princípio e causa final,
sintonia de energia
que faz pensar e querer
e crescer cada vez mais.
Rosário de minha vida,
que me eleva até os céus!...

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