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domingo, 23 de maio de 2010

Estonteado, confuso, envergonhado, enjoado

É assim que me sinto diante das noticias de que o Senado Federal alterou a essência da Lei de Ficha Limpa na calada da noite.
Tonto, confuso, por não saber quais as conseqüências exatas desta manobra vil, aparentemente inocente, mas que parece macular toda a movimentação popular sobre o assunto.
Envergonhado de ser brasileiro, de ser representado por este senado federal (depois do que passou não posso escrever esta palavra em letra maiúscula. Dad que me perdoe, entre tantos erros de português que cometo este é o mais apropriado). Com uma mudança no tempo verbal o senado alterou a validade e a essência do texto da Lei de iniciativa popular. Fez a sociedade brasileira de tola, boba. Agora os senadores devem estar rindo-se de nós e se vangloriando de sua esperteza. O ficha limpa vale apenas para os crimes que forem cometidos daqui para frente, ou pelo menos para os julgados depois de sua aprovação.
O que queriam 1,7 milhões de pessoas que assinaram o projeto de lei de iniciativa popular? O que queriam os seis milhões de internautas brasileiros? Que os bandidos fossem afastados da representação popular. Que embora ricos de dinheiro público e poderosos de articulação, que os ladrões julgados não pudessem concorrer ao pleito, limpando o quadro político. De que adiantou tanta mobilização? Queremos um Estado limpo, representando o interesse coletivo e não uma casa onde os bandidos poderosos buscam proteção.
De que adiantou tanta pressão sobre nossos parlamentares. De que adiantou tantos anos de luta? Aprovamos o texto, mas os crimes e condenações passadas não terão nenhuma importância? Será que é isto? O texto aprovado parece dizer isso. O presidente do TSE confirmou isto no Correio de sexta (22 de maio). Pior que os inimigos abertos do projeto ficha limpa, como o dep. do PT José Genoíno que acredita que o ficha limpa é coisa da ditadura militar (deve ter muita coisa para limpar) e o líder do governo no senado, senador Romero Jucá que dizia que ficha limpa não é prioridade do governo são os parlamentares que sorriem para o projeto e introduzem e aprovam uma mudança tão inocente, quanto prejudicial.
Náuseas e enjôo são o que eu sinto diante de tanta esperteza.

2 comentários:

Pedro Lage disse...

Zé Ricardo,
eu escutei na Voz do Brasil, na parte do Poder Judiciário, que esse negócio de interpretar a lei gramaticalmente não é utilizado. Que o Judiciário interpreta visando ao interesse público. Quando estava estudando pra concurso, lembro de muitos artigos de lei e da própria Constituição que pareciam dizer uma coisa, mas que o Judiciário interpretava de outra maneira. Enfim, espero que seja assim no caso da Ficha Limpa. Li você falando que alguém o esclareceu isso. Pode esclarecer-nos, num momento oportuno? Outra coisa, Educação é realmente um ótimo tópico a se discutir.

Jose Ricardo da Costa e Silva disse...

Oi Pedro,
Também estou contando com o julgamento favorável do judiciário. Por rigor e medo de cometer injustiças o Poder Judiciário tende a valorizar o formalismo e o rito, mas acredito que hoje em dia eles estão mais afeitos a questão do interesse público e interpretarão a questão da lei aprovada de acordo com a vontade popular exposta nas assinaturas e na participação pela internet.
Educação, não tem outro caminho para nossa emancipação como país, sociedade e indivíduos.