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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

10/05/2010 Ary Ribeiro é Jornalista



NENHUM DISPARATE?


Em sua edição de ontem, domingo, o importante jornal espanhol El País publicou entrevista do presidente Lula, na qual fez esta observação: “Ganhe quem ganhar, ninguém fará nenhum disparate. O povo quer seguir em frente e não voltar atrás.”

Será? Quanto a Serra, não há nenhuma dúvida. Ele já foi ministro de duas pastas no governo Fernando Henrique, foi prefeito da capital paulista e governador de São Paulo.

Ao tempo do governo Fernando Henrique, sabe-se que ele fazia algumas restrições à condução da política econômica. Nada, porém, que pudesse comprometer seus fundamentos. Ele, por exemplo, critica a taxa básica de juros, a mais alta do mundo. Acha que em certos momentos o Banco Central poderia ter reduzido mais a taxa Selic, o que não significa que, no governo, ele vá fazer pressão nesse sentido se houver risco de aumento dos índices de inflação. Então, Lula tem razão: Serra não fará nenhum disparate.

Quanto a Marina Silva, suas chances, como se sabe, são remotíssimas. Mas ela é uma mulher que sempre se mostrou muito sensata. Dela também não seria de se esperar medidas absurdas.

E Dilma? Pode-se dizer a mesma coisa dela? Sem falar no seu passado mais distante, de jovem que pegou em armas contra o regime militar e acabou presa e condenada – afinal, pode-se dizer que aquilo foi coisa da juventude e que as pessoas mudam – sua experiência política (quase nenhuma) e administrativa não autorizam previsões mais seguras.

Mesmo admitindo-se que está mudada, que deseja sinceramente manter o curso da política macroeconômica e ser fiel aos princípios democráticos do País, não se pode esquecer que ela não desfruta de efetiva liderança política, não tem força própria. Estará muito sujeita ao PT, onde há fortes correntes mais afinadas, por exemplo, com o chávismo do que com a verdadeira Democracia. Desse setor surgiu o III Plano Nacional de Direitos Humanos, de forte conteúdo autoritário. Um documento, é bom lembrar, que passou pela Casa Civil então chefiada pela pré-candidata. É um setor que gostaria de pôr sob controle a educação, a cultura e a liberdade de imprensa. Teria a candidata, se eleita, condições de resistir a pressões nesse sentido?

Lula disse também, na entrevista, não ver possibilidade de o PT perder a disputa presidencial. Declaração óbvia. Não iria admitir derrota, possibilidade que se vai delineando com as alianças pró Serra que se formam em importantes colégios eleitorais.

Ele fez críticas ao governo Fernando Henrique, as quais o próprio jornal se encarregou a refutar, ao achá-las “provavelmente injustas” e lembrando que “o milagre brasileiro começou com Cardoso, professor respeitado e um democrata exemplar, que controlou as contas públicas e venceu a inflação”.

E voltou a defender sua política em relação ao Irã. Criticou a ONU pelas sanções que poderão ser impostas àquele país e disse que esgotará até o último minuto a possibilidade de acordo com o presidente do Irã, “para que ele possa continuar enriquecendo urânio, dando-nos a tranquilidade de que só vai utilizá-los para fins pacíficos”.
Para ficar em El País, o jornal publica também artigo de Moisés Naim, sob o título: “Lula: lo bueno, lo malo y lo feo”. Diz que ele fez coisas boas , mas também más e feias. Lista algumas e acrescenta: “A última foi obrigar a que fosse excluído da Reunião Presidencial da União Europeia e América Latina o novo presidente de Honduras, Porfirio Lobo. Segundo o Brasil, Lobo – que ganhou as eleições sem fraudes, comuns na região, de Hugo Chávez e Daniel Ortega – não tem as suficientes credenciais democráticas para estar na Reunião. Isso vem do mesmo presidente que explicou ao mundo que Mahmud Ahmadinejad ganhou as eleições em seu país limpamente e que os milhares de iranianos que protestaram nas ruas estavam se portando como os torcedores de futebol depois da derrota de seu time. Ao mesmo tempo em que Lula dizia isso, Ahmadinejad ordenava a pena de morte para alguns dos manifestantes. Feio, não?”

VITÓRIA DE BRASILIENSE

Quando da condenação (merecida) do casal Nardoni, em São Paulo, revelei aqui que o promotor que fez tão brilhante trabalho, Francisco Cembranelli, é casado com uma brasiliense, a defensora pública Daniela Sollberger. Agora, a notícia é sobre ela. Sexta-feira, dia 14, ela assumirá o cargo de Defensora Geral de São Paulo, para o qual foi eleita por 296 votos, contra 86 do segundo colocado e 71 do terceiro. Daniela, 42 anos, é filha do falecido subprocurador-geral da República Paulo Sollberger e de Deize Sollberger, foi aluna do Rosário e da Universidade de Brasília (UnB).

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