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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Coluna do Ary Ribeiro

19/04/2010


MUDOU A CAPITAL, MUDOU O BRASIL

Ary Ribeiro*


Não, o Brasil não começou com Lula. Nem as bases do atual desenvolvimento começaram há 25 anos, com a redemocratização, como disse José Serra. Mais acertado seria dizer que o novo Brasil começou com a mudança da Capital, que depois de amanhã estará completando 50 anos.

Até a construção de Brasília, o Brasil era um país essencialmente rural. A cidade de São Paulo, um tanto provinciana, estava longe de ser a grande metrópole de hoje, a rivalizar com algumas das mais importantes capitais do mundo.

A decisão de Juscelino Kubitschek de concretizar antiga aspiração, defendida por José Bonifácio e inscrita em sucessivas Constituições – a de instalar a Capital no centro do País – começou a mudar o Brasil.

A construção da nova Capital impulsionou o parque industrial, ocupou e transformou em altamente produtivas extensas áreas vazias do Planalto Central, levou à abertura e pavimentação de estradas e à criação da indústria automobilística.

Maílson da Nóbrega acha que, independentemente de Brasília, as estradas seriam abertas e a área do Planalto Central seria ocupada a explorada. Pode ser. Mas por que algum governo iria abrir estradas de mil, dois mil quilômetros, ligando o Planalto Central ao Norte, ao Sul e ao Leste, se não havia produção que justificasse esse vultoso investimento?

Dizem que Brasília custou muito dinheiro e acelerou a inflação. Custou muito mesmo, inclusive dinheiro tirado dos antigos Institutos de Aposentadorias e Pensões, mas tudo isso foi mais do que compensado pelo desenvolvimento que a mudança da Capital proporcionou ao País, para o parque industrial paulista e para o Planalto Central, transformado em berço do agronegócio.

Brasília teve ainda outro efeito colateral, não menos relevante. Mostrou que os brasileiros são capazes de construir, em tempo recorde, nova e moderníssima cidade, que causa admiração a todos que a visitam, pelo seu arrojado conceito urbanístico e pela beleza dos edifícios monumentais. Isso elevou o moral do País. O Brasil demonstrara não ser apenas o País do samba e do futebol.

A mudança da Capital mudou também o Brasil. Há o Brasil antes de Brasília e o Brasil pós Brasília. Foi a partir daí que o País começou a se modernizar e a caminhar no sentido de ocupar lugar de relevo entre os principais países. O tão almejado futuro estava finalmente à vista.

A partir da mudança da Capital o Brasil entra em processo contínuo de desenvolvimento, para o que cada governo vem dando a sua contribuição, inclusive os do período militar e até o mal-visto governo de Fernando Collor. Foi ele que abriu a economia do País, forçou a indústria brasileira a modernizar-se e a tornar-se competitiva, quebrou reservas de mercado e iniciou o processo de privatização. E, é bom lembrar: acabou com aquela coisa ridícula imposta pela burocracia fiscal, que era a de limitar em US$ 1,000 a quantia que se podia adquirir para viajar para o exterior e de vedar o uso de cartões de crédito internacionais.

Até também o governo Sarney. Sem falar na sua contribuição para a redemocratização do País, foram suas malogradas tentativas de conter a inflação que permitiram à equipe montada por Fernando Henrique – então ministro da Fazenda de Itamar Franco – fazer as devidas correções e criar o vitorioso Plano Real. Fernando Henrique, depois, como presidente, consolidou-o e tomou outras medidas para sanear as finanças públicas, o sistema bancário e inserir o País numa economia de mercado.

Finalmente, a contribuição do governo Lula, que foi a de não desarrumar a casa que recebera arrumada. Se não caminhou para a frente, ao menos não caminhou para trás.

Há muita coisa ainda por fazer, razão pela qual se espera que o Brasil, nas eleições deste ano, seja entregue a mãos de comprovada competência.

Por tudo que Brasília representou nesse processo, é justo que se renda homenagem a quem teve a visão e a ousadia de concretizar o sonho histórico – Juscelino Kubitschek –, aos que tiveram, nisso, papel mais destacado: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro. E aos empresários, engenheiros e candangos que ajudaram a erguer a cidade.

NOVO GOVERNADOR

Brasília está com novo governador, Rogério Rosso, eleito sábado pela Câmara Distrital, para cumprir mandato até o fim do ano. A grande maioria da população não o conhece bem. Sabe-se que administrou a Ceilândia sob o governo Roriz e foi candidato a deputado federal, ficando na primeira suplência, e é casado com a filha de pioneiro e próspero empresário da cidade. Bem, é torcer para que administre a Capital com correção e conclua as obras em andamento, não fazendo concessões aos suspeitos de envolvimento nos graves escândalos que macularam a imagem da cidade.


SERIAL KILLER

O serial killer de Luziânia, Adimar da Silva, foi encontrado morto em sua cela. Teria sido morto ou suicidou-se, enforcando-se com corda feita de tiras de camisa ou lençol. É caso a se apurar, porque a policiais cabe zelar pela integridade física de um preso. A morte, em si, porém, não é de se lamentar. Era assassino perigoso e irrecuperável. E, com o passar dos anos, poderia, quem sabe, ganhar a liberdade de novo e cometer mais uma série de crimes.


“ABRIL VERMELHO”

Está aí o MST novamente invadindo propriedades rurais e ocupando prédios públicos. Hoje integrantes do movimento ocuparam a sede do Incra, em Brasília. Apesar de terem avisado que o fariam, o governo não tomou nenhuma providência para impedir que chegassem ao prédio.

* O autor é jornalista.

Um comentário:

Jose Ricardo da Costa e Silva disse...

É isso ai Ary. O Brasil não começou com Lula, nem com FHC, o Brasil, enquanto economia e infraestrutura foi reinventado com o Presidente Jucelino, um homem impreendedor. Igual não tivemos mais. A partir dai estamos ajustando, aperfeiçoando, reformando. Enquanto democracia o Brasil foi reinventado pela Constituição de 1988, por sua legitimidade e pelo processo de mobilização popular em torno de uma Carta Magna representativaq. Agora precisamos reduzir a corrupção deste país.