Enquanto nosso ministro da fazenda acusa o mundo desenvolvido de promover guerra cambial, os países ricos enchem os mercados de liquidez para tentar levantar suas economias da grave crise financeira instalada desde 2007/8. O excesso de liquidez destes países tem criado dificuldades para os países emergentes (Brasil entre eles), pois provoca forte entrada de capital, apreciando a moeda local, barateando os produtos importados e tornando mais caros nossos produtos no exterior. Ou seja, a forte entrada de capitais cria dificuldades para os produtores e exportadores nacionais, provocando queda na indústria e piorando o nosso balanço de pagamentos.
Eu tenho dito que não existe guerra cambial. Se algum país manipula diretamente sua taxa de câmbio este país é a China. O aumento de sua produtividade, o forte superávit em seu balanço comercial com o resto do mundo e seu crescimento exacerbado deveria ser acompanhado de apreciação cambial em relação ao dólar. Ao manter sua moeda fixa, toda vez que o dólar cai no mercado internacional, sua moeda cai junto e estimula suas exportações e sua indústria. A China sim, com sua política de cambio fixo está agindo como guerreiro comercial. Em compensação está vendo seus preços domésticos subindo, é natural.
Os EUA e a Europa estão tentando soerguer suas economias utilizando medidas de política monetária e fiscal de alguma forma consensual, embora não unanime.
Junte-se a este excesso de liquidez externa e a política cambial chinesa a política de expansão de gastos públicos adotada pelo governo brasileiro nos últimos dois anos de aumentar os gastos correntes em detrimento de infra-estrutura e encontra-se uma economia aquecida, com preços e juros em alta, o que só estimula a uma maior entrada de capitais no país.
Crescimento e apreciação câmbio é um pacote, não andam separadamente no longo prazo. O que precisamos é criar mecanismos e incentivos para as empresas nacionais reduzirem seus custos, aumentar a produtividade dos fatores de produção e investirem em pesquisa e desenvolvimento. Assim poderemos, apesar da apreciação cambial, continuar a ser competitivos no comércio internacional e manter os preços domésticos mais baixos.
O governo tem que fazer sua parte, investindo em infra-estrutura para reduzir custos de transporte das mercadorias, reduzir impostos, especialmente aqueles que ainda incidem sobre produtos exportáveis, reduzir burocracia para facilitar iniciativas criativas por parte dos brasileiros, facilitando os empreendimentos e criando possibilidade de maior ganhos por parte de pessoas que ainda não utilizam seu potencial.
Educação, não reprodução de conhecimento, mais que isto, educação criativa, que pensa e desenvolve é uma das prioridades nacionais.
Se governo e iniciativa privada (a sociedade civil) fizerem sua parte, o bônus demográfico (ver artigo mais abaixo neste blog sobre envelhecimento populacional) poderá nos levar ao primeiro mundo mais rápido que esperávamos. Mas se não fizermos nada, deixaremos de ser emergentes e voltaremos a ser BelÍndia.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário