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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Carta de uma avó a um neto que parte para a vida

De Rosa Bugarin, em 25/07/2010

Para Matheus, meu neto e meu amor, a voz do meu coração.

Matheus querido, relembro, com a nitidez das coisas preciosas, guardadas como joias de memórias, o telefonema de tua mãe, minha filha, Raquel, para avisar-me de que um outro bebê estava a caminho.O tempo, que afasta tudo, também respeita a força dos sentimentos fortes e conserva o momento vivido na intensidade das emoções verdadeiras. Falo de preservação. Falo da emoção de 18 anos atrás, revividas agora que te escrevo, meu afilhado querido. O dia amanhece sobre uma Brasília ainda sonolenta e o azul que cobre o céu, iluminado pelos primeiros raios de um ainda tímido sol, faz-me experimentar um profundo sentimento de paz embora na presença de uma saudade que se afirma companheira. Ontem, como hoje, tinha, como tenho agora, a convicção de que vinhas com a missão que distingue os grandes. Sabia que alem de uma certa fragilidade que marca o meu “príncipe de todas as raças que o formam” há a força que marca aqueles que aceitam desafios. Ser feliz, responder a seu destino, é trilhar o caminho que se abre e embora temendo as pedras que dificultarão o avanço e que sempre estarão lá, há igualmente, a coragem de seguir avante. Aí reside a diferença entre o comodismo e a aceitação das mudanças, sem desistir de seus sonhos, se porventura eventuais quedas possam acontecer. Levantar e continuar, segredo de bravos. A busca de um objetivo é já a perfeita definição da felicidade. A estrada com seus encantos, lazeres, tropeços, obstáculos, reinícios, dará o real sabor à caminhada. Dificuldades existem para serem vencidas. Com a garra que tens, na determinação que te motivou a enfrentar o desconhecido, sob a proteção do Deus que me soprou aos ouvidos há 18 anos , que estaria sempre contigo, traçando um destino de eleitos, amparando Sua criação em momentos mais difíceis, sinto que entenderás o verdadeiro sentido da felicidade.

Lágrimas nossas não devem te fazer fraquejar, ou sentir-se culpado por nos tornar tristes. O amor é às vezes um tantinet egoísta embora seja em sua essência, generoso. A tristeza é mesclada com o orgulho de te ver deixar o conforto preestabelecido, para buscar tua justa realização. Com coragem. Sem desânimo. Olhando para frente, cabeça erguida, meu lindo guerreiro de olhar profundo, coração gigante, alma de escol. Que nossas bênçãos sejam teu escudo e nossas preces te revistam com a armadura e proteção que nosso amor te deseja.


Que sejas feliz, meu menino querido, que a saudade não te impeça de continuar , mas, ao contrário dê a companhia de nossa ternura ao lado teu
.

Que a França, amor de meu pai sem tê-la jamais conhecido a não ser pela literatura e pela apaixonante história, torne-se jovem e sedutora, para encantar meu neto amado, abra seus alvos braços em eterno gesto de boas vindas e que na sonoridade romântica de seu lindo idioma, possa te ensinar mistérios de sucessos , de perseverança, de como se escreve a sua própria estória.

Aqui ficamos nós, aqui fico eu, tua avó, tua madrinha, torcendo por ti e embora sem poder esconder suas lágrimas, orgulhosa da decisão que tomaste e pedindo ao Deus que te prometeu especial, único, amigo e lutador, que mande seus anjos caminharem contigo, e te cubra com sua incansável proteção.
Aqui sempre estaremos nós, na força de nosso amor, compreensão, entendimento, orgulho, na suprema união que nos faz ainda no silencio oportuno, fazer chegar mensagens ao teu jovem e valente coração.

Para ti , meu amor de neto, o imenso amor de tua vovó

2 comentários:

Raul Luis Dusi disse...

Tive o privilégio de ouvir a autora lendo esta carta dedicada ao neto degustando um delicioso café com amêndoas.
Esta demonstração de carinho e amor Tia Rosa (permissão para chama-la assim) é que faz diferença para a gente enfrentar o mundo.

Unknown disse...

Queridos sobrinhos, Rico e Raul,obrigado pela partilha e vivencia da emoção que ditou as palavras da carta escrita a meu neto.Audiencia como a que tive, na simplicidade e aconchego de uma mesa, no saboreio de alimemtos sem pretensões, revigorou minha crença na sensibilidade inteira, atenta, redimensionando valores que esse mundo quase robótico tenta tornar sem cor. Voces me deram a certeza consoladora de que ainda há espaço para que a voz do coração seja ouvida..Obrigado...Sorrisos e sonhos realizados... Carinhos de tia Rosa Maria