Ser pai, é possuir
o dom da mutação.
Ser grande em sentimentos
e pequeno, delicado,
no lidar, com a vida que desponta...
Ser pai, é esquecer
idéias chavões que são impostas
ao menino de calças:
--homem não chora—
--homem é forte—
--homem não retrocede—
--homem não mostra fraqueza—
Ser homem é ser viril!
Mas, ser pai, é ser assombro,
espanto, receio,
frágeis certezas,
grandes fortes mãos,
do tamanho do bebê que amparam,
cuidam, protegem, amam.
Olhos molhados, do pranto que enaltece,
amolece o coração
e fertiliza o amor...
Ser pai, é buscar semelhanças,
encantar-se na perfeição que criou.
Abandonar velhos conceitos,
vestir-se do novo,
no renovar dos sonhos indormidos.
Ser pai, é ter a magia
da força na suavidade,
no trilhar caminhos-aberturas,
no dividir o ímpeto e a fraqueza,
no moldar em retidão,
o homem de amanhã...
Ser pai, é mergulhar nas questões dolorosas
que turvam a limpidez de céu
de alguns olhares.
É não fugir dos impasses do crescer
e sofrer, crescendo, as perdas da inocência...
Ser pai, é ombrear com nosso Deus,
divinizando nossa humanidade,
na perfeição da criação divina,
humanizada em nossa eternidade
É andar alerta, suportando os revezes,
na dupla dor de ver sofrer o filho,
na escalada da vida,ás vezes,
vezes tantas, tão árdua...
É erguer o olhar para um céu sem nuvens
e sentir-se etéreo, como o vento leve
que transporta sementes
e acalma calores,
germinando a vida que espera...
Ver-se azul, como a amplidão do espaço
e transformar-se em cantar de passaredo.
Ser sol e lua, estrelas, melodias,
em sonhos de beleza e inquietude
e esperanças infindas...
Ser pai,é viver o peso,
doce jugo,
de orientar a vida que começa,
de amar com o amor que só pais amam
e descobrir, um dia com assombro,
espanto, encanto,
que outro homem, caminha ao lado seu,
que fortes mãos, amparam as suas,
ora trêmulas.
Que passos jovens, regulam o caminhar
das pernas, ágeis, agora reticentes.
Que a voz de outrora, apenas balbucio,
fez-se forte e decidida, vencedora,
e faz-se doce, para seus ouvidos,
ora cansados, do muito que escutou...
Que aquele amor, imenso, delicado,
envolve o velho o velho pai,
em seda de doçura,
em arrimo de ternura
e atenção constantes...
Que a menina de ontem, faceira e carinhosa,
pela magia do bem, que tudo pode,
tem gestos de mãe, que acaricia
cabelos brancos que falam de um tempo
que passou , de repente, sem doer,
tão de mansinho.
E foi marcando os momentos de amor, de partilha,
de perdas e ganhos,
de presenças e saudades,
de vida bem vivida,
sem lamentos,
na gratidão do dom que nos foi dado...
Ser pai, é ser o hoje e o amanhã,
sendo sempre a luz que ilumina,
aclara e dá sentido,
farol e segurança...
Maestro de caminhos,
humilde e dedicado
que deu o tom,
o som,
o ritmo,
a harmonia,
a beleza,
a condução,
a força que perdura,
escrevendo a história, na mmúsica da vida!...
Rosa Maria
Brasília, Agosto, dia dos Pais
domingo, 14 de agosto de 2011
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