Há tempo que não vou ao cinema. A vida corre, a noite depois de vários expedientes, sucessos e frustrações, falta ânimo para sair de casa, a vida cotidiana nos mata mais que a morte, como diz Miguel de Ortyz.
Ontem vi Lixo Extraordinário. EXTRAORDINÁRIO.
http://www.lixoextraordinario.net/
Passa-se no aterro onde se coloca lixo do Rio de Janeiro e onde uma série de seres humanos passa dias e noites catando itens reciclados. No Jardim Gramacho.
O filme retrata o outro lado do luxo, o outro lado da mesma moeda, o lixo. Consumimos muito - criamos muitos dejetos. Neste universo, onde o luxo vira lixo, onde são piores as condições de saúde e higiene, trabalham seres humanos em busca do sustento digno de suas famílias. Homens, mulheres, velhos e crianças, todos a postos, dia e noite, para catar garrafas pets, latinhas de alumínios e outros itens recicláveis, no meio de todo tipo de sujeira e restos. No meio de tudo isto aparece e resplandece a força humana, a dignidade, a vontade de viver, a coragem de enfrentar a descriminação, a perfeição: 99 não é 100, a alegria e a solidariedade. No meio de tudo isto aparece a união dos catadores, sua associação e sua luta por melhores condições de vida.
É um filme real, filmado como documentário, cujos artistas são os protagonistas da vida real dos catadores, de carne e osso. Expondo com coração aberto suas mazelas, suas misérias, seus medos, seus amores, suas paixões, seus motivos, seus desejos e suas vontades de mudar. Nele não há vivos mortos, embora haja mortos cuja dignidade e esperança marca a vida de todos.
O filme mostra o que nenhum doutorado pode nos ensinar: a arte de viver e crescer.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
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Um comentário:
Não vi o filme ainda, tive oportunidade de apreciar a obra de vic muniz o seu idealizador. É um exemplo importante do tanto que somos um. Unidos somos mesmo uma expressa da mais bela arte. Um grande abraço. Egídio
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