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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Somos Um e Política: Sakineh libertada: a experança não se confirmou

Ontem Miriam Leitão divulgou uma nota que falava sobre a libertação da mulher iraniana condenada a pedradas: A nota segue abaixo. Mas a notícia hoje é de que não se confirma a sua liberação. Olho com tristeza esta informação e estou certo que o fato de o Brasil do presidente Lula ter se calado na hora em que a ONU votava uma moção contra o apedrejamento nos faz, todos os brasileiros, um pouco culpados deste crime pré-anunciado contra esta mulher no Irã.

A nota de Miriam Leitão dizia o seguinte:

A notícia de libertação da iraniana é maravilhosa. Às vezes, a luta por uma pessoa se transforma na luta por um princípio. Isso foi o que tanta gente boa no mundo entendeu e no Brasil também. Houve mobilização pela internet, abaixo assinado, campanhas.

Aqui, houve uma campanha no twitter do #ligaLula, pedindo que o presidente brasileiro usasse sua influência e amizade com o lider iraniano pedindo por ela. Ele relutou e disse que era assunto interno e depois, por força do palanque, mas em boa hora, começou a usar os canais diplomáticos e as declarações em favor da iraniana.

A primeira vitória foi o cancelamento do apedrejamento. A segunda e definitiva é a libertação, coisa que todos os que assinaram o abaixo-assinado queriam. A entrevista da presidente eleita do Brasil, Dilma Rosseff, foi claríssima em dizer que seria ainda mais intransigente nessa questão.

O apedrejamento é uma forma bárbara de morte que tem que ser abolida. Mas o caso da Sakineh tinha também outros elementos: ela "confessou" o adultério depois de levar 99 chibatadas. O processo no meio foi transformado de adultério em acusação de suposta participação no assassinato. O advogado perseguido teve que se exilar. O filho que lutava pela mãe também foi perseguido e preso. Enfim, toda a face autoritária do governo de Mahmoud Ahmadinejad apareceu nesse caso.

A causa de Sakineh é a causa da mulher vítima de difererentes formas de violência no mundo inteiro. No Paquistão, Mukhtar Mai representou isso. Quem não se lembra, um refresco da memória: Mukhtar Mai foi condenada a estupro coletivo porque seu irmão de 12 anos teria supostamente namorado uma moça de 19 anos de uma casta superior. Os donos da localidade onde ela mora condenaram a irmã pelo que o pobre do garoto estava sendo acusado.

Pela Sharia, o ritual é macabro. Ela foi currada em praça pública e depois tinha que ir andando nua até em casa. Seu pai quebrou a regra e a cobriu com um manto. A familia se uniu e a protegeu. Normalmente, mulheres que passam por isso se matam de vergonha. Ela lutou na Justiça comum pelo julgamento dos culpados. Foi vitoriosa. Ganhou prêmios internacionais e usou o dinheiro para construir uma escola onde meninos e meninas estudam. É uma história inspiradora que está no livro "A Desonrada".

Existem outras Sakinehs por aí, outras Mukhtar Mai. Mas hoje a luta da mulher caminha assim. De vez em quando, uma representa todas. Sakineh é hoje a soma das mulheres que querem um mundo de direitos iguais. No futuro, isso será possível. A libertação dela é um passo em direção ao futuro. Tomara que a notícia se confirme.

Para mim, Zé, a vitória contra o desrespeito humano é nosso ideal e um caminho sem voltas, embora eu saiba que existem paradas e desvios que temos que vencer. A luta pelo direito das mulheres é uma luta e uma conquista de toda a humanidade. Mas há ainda muito a ser feito. A nova presidente do Brasil disse a alguns dias em Nova Iorque que será contra tal apedrejamento. Desejo que ela transforme esta opinião em ação e reverta o estrago causado pelo presidente Lula nesta temática

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